Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário
Demanda global aquecida e oferta limitada explicam preços maiores
O Portal SNA aborda com frequência a dependência do agronegócio brasileiro de fertilizantes importados, o que eleva os custos de produção e torna o país vulnerável em cenários de sobressalto geopolítico ou econômico. Atualmente, a guerra tarifária agrava o panorama, pois os Estados Unidos, além do tarifaço, já ameaçou e impôs sanções formais a quem mantiver negócios com a Rússia, numa tentativa de pressionar pelo fim do conflito com a Ucrânia. Ocorre que o Brasil tem sólida relação comercial com o país de Vladimir Putin, incluindo importantes itens da cadeia produtiva agropecuária, como os fertilizantes.
A isso se soma a tendência de alta nos preços desses produtos, em virtude da restrição na oferta, especialmente no mercado de fosfatados, afetado pela redução nas exportações da China, o que diminuiu em mais de 5% a oferta global. Em declaração ao jornal Valor, a Associação Brasileira de Difusão de Adubos (ANDA) disse que não há previsão de outros países suprirem essa lacuna deixada pelos chineses, pelo menos em curto prazo.
No mercado de potássio, inicialmente havia expectativa de oferta ampla em 2025, mas cortes inesperados na produção da China e a necessidade de manutenções na Rússia e Bielorússia, após as sanções dos últimos anos, restringiram a oferta. Ainda assim, o mercado se mostra mais equilibrado em comparação ao de fosfatados, segundo a ANDA, e não deve haver grandes variações de preço.
A guerra tarifária também contribui para um rearranjo no fluxo de fertilizantes, mantendo a cotação alta. No caso do fosfato, essas tarifas elevaram os custos para os agricultores americanos, que estão pagando o preço mais alto do mundo pelo fosfato, resultado direto das tarifas de importação. Já os brasileiros precisam lidar com juros elevados e crédito limitado para adquirir esses produtos. Com o avanço do plantio de soja, alguns agricultores podem enfrentar dificuldades logísticas para receber os insumos a tempo, o que pode levar a atrasos ou à aquisição parcial dos volumes planejados.
Uma dependência antiga e que afeta a competitividade
Com o avanço da produção agrícola nacional pelo Cerrado, na segunda metade do século passado, foi necessário preparar o solo originalmente ácido e pouco fértil do bioma para as plantações que hoje alavancam o setor. De acordo com o Governo Federal, os fertilizantes mais aplicados no país são os macronutrientes primários: fertilizantes nitrogenados (N), fosfatados (P) e potássicos (K) que podem ser aplicados separadamente ou em Complexo NPK.
O Brasil não possui jazidas consideráveis desses componentes. Ademais, a extração e preparo industrial desses elementos, caso do nitrogênio, é cara e depende de uma logística de distribuição que o país não possui, além de ensejar elevada carga tributária sobre sua cadeia produtiva. Assim, o mercado nacional importa em média 85% dos fertilizantes provenientes de outros mercados, com destaque para os já citados China e Rússia, além do Canadá.
Esse dispêndio financeiro pesa no bolso dos produtores, que destinam praticamente um terço do custo de produção com adubos e fertilizantes, proporção que chega a ser maior quando se fala em soja e milho. Por isso, mesmo com a continuidade das importações, é necessário estipular metas concretas e factíveis de setor próprio de fertilizantes e adubos. Ademais, é necessário prospectar novos mercados que possam servir como fonte alternativa em momentos como o atual, em que os fornecedores habituais encontram-se envolvidos em atribulações geopolíticas, econômicas e tarifárias.
Cabe lembrar que em 2022 foi lançado o Plano Nacional de Fertilizantes (PNF), que visa reduzir a dependência do Brasil em relação às importações de fertilizantes, promovendo a autossuficiência e a sustentabilidade na produção agrícola até 2050.
Com informações complementares do Insper, Ministérios da Agricultura, do Desenvolvimento e Embrapa.
Fonte: SNA
Autor:Marcelo Sá – Sociedade Nacional de Agricultura
Site: SNA
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