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Controle químico da vassourinha-de-botão em milho – MAIS SOJA


A vassourinha-de-botão, é considerada uma das principais e mais complexas plantas daninhas da atualidade em sistemas de produção agrícola. As principais espécies de vassourinha-de-botão de expressão econômica são as espécies Borreria verticillata (L.) G.Mey. (sinonímia Spermacoce verticillata), Borreria spinosa Cham. & Schltdl. (sinonímia Spermacoce spinosa) e Mitracarpus hirtus (L.) DC. Embora até então não haja casos de resistência dessas espécies a herbicidas no Brasil, o controle eficiente dessa planta daninha é cada vez mais desafiador (Heap, 2025).

Dentre as espécies supracitadas, Borreria verticillata e Borreria spinosa  são as que apresentam maior predominância em lavouras agrícolas. Embora diferentes estratégias de manejo contemplando o controle mecânico e cultural possam ser adotadas para reduzir as infestações de vassourinha-de-botão, o controle químico prevalece como medida de controle em escala comercial.

De acordo com Ikeda et al. (2025), em pós-emergência, os melhores resultados de controle da vassourinha-de-botão são observados quando as aplicações dos herbicidas ocorrem no estádios iniciais do desenvolvimento da planta daninha, preferencialmente entre 2 a 4 folhas. A partir de 4 a 8 folhas, a eficiência de controle reduz drasticamente, podendo diminuir em até 25% a eficácia de controle.

Além disso, embora ainda não existam casos de resistência confirmada de Borreria verticillata e a herbicidas no Brasil, sabe-se que essa espécie apresenta tolerância ao herbicida 2,4-D, o que limita as opções de produtos para o controle dessa espécie, uma vez que esse herbicida é amplamente utilizado para o controle pós-emergente de plantas daninhas de folha larga.

Controle químico da vassourinha-de-botão em milho

Com opções limitadas, o posicionamento de herbicidas para o controle da vassourinha-de-botão em milho deve preconizar a eficiência de controle e seletividade dos herbicidas, em especial no milho safrinha, em que populações remanescentes da vassourinha-de-botão infestam a cultura. Com o intuito de aumentar a assertividade no manejo da vassourinha-de-botão, um ensaio realizado pelo projeto “Manejo de vassourinha-de-botão em sistemas agrícolas solteiro e integrado”, avaliou alternativas de controle de plantas adultas de Borreria spinosa em pós-emergência na cultura do milho, configurando uma situação sem a dessecação pré-semeadura.

De acordo com os resultados obtidos no presente ensaio, observou-se que os maiores níveis de controle foram obtidos com o uso de misturas de atrazine + mesotrione (2.000 + 96 g ha-1), resultando em 95,3% de controle, e com o emprego de misturas de atrazine + mesotrione (2.000 + 96 g ha-1) (Ikeda et al., 2025).

Contudo, conforme destacado por Ikeda et al. (2025) os tratamentos com os herbicidas atrazine (2.500 g ha-1), atrazine + nicosulfuron (2.000 + 30 g ha-1), atrazine + tembotrione (2.000 + 50,4 g ha-1), terbutilazina (1.000 g ha-1), terbutilazina + nicosulfuron (750 + 30 g ha-1) e terbutilazina+tembotrione (750 + 50,4 g ha-1) também desempenham controle satisfatório, variando entre 78% e 88%. (Figura 1).


Veja Mais: Uso de herbicidas pré-emergentes auxilia no manejo da vassourinha-de-botão


Figura 1. Controle de plantas adultas de vassourinha-de-botão (Borreria spinosa) com a aplicação de atrazine (2.500 g ha-1) (A), atrazine + mesotrione (750+96 g ha-1) (B), atrazine + nicosulfuron (2.000+30 g ha-1) (C), atrazine + tembotrione (2.000+50,4 g ha-1) (D), glyphosate (E), terbutilazina (1.000 g ha-1) (F), terbutilazina + mesotrione (750+96 g ha-1) (G), terbutilazina + nicosulfuron (750+30 g ha-1) (H), terbutilazina + tembotrione (750+50,4 g ha-1) (I) e testemunha (J) no milho aos 28 dias após a aplicação. Sinop, MT, 2024.
Fonte: Ikeda et al. (2025)

Com base nos resultados observados, principalmente em relação às misturas de mesotrione com atrazine ou terbutilazina, acredita-se que esse manejo para o controle de plantas adultas em pós-emergência da cultura, possa ser também uma alternativa para o controle em bordas de talhões infestados com B. spinosa na cultura do milho, reduzindo a disseminação das sementes das plantas daninhas (Ikeda et al., 2025).

Vale destacar que assim como os herbicidas pós-emergentes, o posicionamento de herbicidas pré-emergentes também contribui para a redução populacional da vassourinha-de-botão, possibilitando o melhor desenvolvimento inicial da cultura no campo. Não menos importante, medidas complementares de manejo devem ser utilizadas de forma integrada para o controle da vassourinha-de-botão, especialmente se tratando do controle cultural.

Embora a vassourinha-de-botão seja considerada uma espécie fotoblásticas neutra (a germinação da espécie não depende de luz), a germinação das sementes tende a ser favorecida pela presença de luz, portanto, a boa cobertura do solo com palhada residual é uma das principais estratégias para reduzir os fluxos de emergência dessa planta daninha.

Confira o ensaio completo realizado pelo projeto “Manejo de vassourinha-de-botão em sistemas agrícolas solteiro e integrado” e apresentado por Ikeda e colaboradores (2025) clicando aqui!

Referências:

HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTENT WEED DATABASE, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 02/07/2025.

IKEDA, F. S. et al. MANEJO DA VASSOURINHA-DE-BOTÃO (Borreria spinosa) NA SUCESSÃO SOJA-MILHO. Embrapa Agrossilvipastoril, Documentos, n. 11, 2025. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1174732/1/2025-cpamt-doc-11-fsi-manejo-vassourinha-de-botao-sucessao-soja-milho.pdf >, acesso em: 02/07/2025.

agro.mt

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