Sustentabilidade
Produção e conservação podem caminhar juntas na propriedade rural? – MAIS SOJA

José Felipe Ribeiro, Marina Vilela, Fabiana Aquino e Luiz Adriano Maia Pesquisadores da Embrapa
Nos últimos 50 anos, a Embrapa Cerrados tem desempenhado um papel essencial na construção de uma agricultura produtiva e ambientalmente sustentável no bioma Cerrado. Essa trajetória de sucesso foi alicerçada em parcerias estratégicas com instituições públicas e privadas, bem como na integração multidisciplinar entre as áreas de produção vegetal, animal e conservação dos recursos naturais.
Em 2025, celebramos cinco décadas de contribuições relevantes para a agricultura brasileira e para o conhecimento sobre os recursos naturais. Com apoio de parcerias nacionais e internacionais, nossa unidade consolidou um amplo repertório técnico sobre o uso direto e indireto desses recursos, sempre alinhado à adoção de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) que garantem não apenas a qualidade da produção agrícola, mas também a sustentabilidade ambiental.
Neste 5 de junho, Dia Mundial do Meio Ambiente, instituído pela ONU durante a histórica Conferência de Estocolmo em 1972, reforçamos a importância dos recursos naturais (solo, água, biodiversidade, clima) como base dos serviços ecossistêmicos que sustentam o bem-estar da humanidade. Os serviços ecossistêmicos são os benefícios oferecidos pelos ecossistemas à sociedade. Entre eles, destacam-se os serviços de provisão (como alimentos, fibras e madeira), de regulação (como o controle do clima, das enchentes e a polinização), de suporte (como a formação do solo e habitats para a fauna) e os serviços culturais (como o turismo ecológico, a contemplação da paisagem e valores educacionais e espirituais).
Nas propriedades rurais, esses serviços podem ser mantidos e até potencializados por meio da adoção das BPAs. Definidas pela Portaria MAPA nº 337/2021, essas práticas compreendem um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas que orientam a produção agropecuária de forma sustentável, considerando três pilares fundamentais: preservação ambiental, saúde e segurança do trabalhador rural e oferta de alimentos seguros ao consumidor.
Entre as práticas recomendadas, destacam-se a rotação de culturas, que favorece a fertilidade do solo e reduz pragas; a proteção de nascentes e mananciais, garantindo água de qualidade; e a cobertura vegetal permanente, que previne a erosão e conserva a biodiversidade. A manutenção de áreas nativas em Reservas Legais (RLs) e Áreas de Preservação Permanente (APPs) também é fundamental para a conectividade ecológica e a regulação climática.
Nesse contexto, a recomposição da vegetação nativa é uma estratégia-chave para restaurar a funcionalidade ecológica das propriedades e ampliar a oferta de serviços ecossistêmicos. Essa prática contribui diretamente para a recuperação de APPs e RLs, promovendo a proteção de nascentes, a conectividade de habitats e o controle da erosão.
Para apoiar os produtores nesse processo, ferramentas como o WebAmbiente, plataforma desenvolvida pela Embrapa e parceiros, oferecem orientações sobre métodos de recomposição e uso de espécies nativas adaptadas às condições locais. A plataforma traz benefício para diversos públicos (Tabela 1). Ela reúne quase 11 mil usuários e disponibiliza descrições de cerca de 800 espécies nativas dos biomas brasileiros, além de estratégias de recomposição e uma biblioteca digital com mais de 400 experiências práticas, inclusive a formação de Sistemas Agroflorestais.
A nova versão da plataforma, prevista para o segundo semestre de 2025, trará recursos ainda mais interativos. O usuário poderá gerar um projeto de intervenção personalizado, com seleção de espécies nativas (incluindo informações sobre porte, usos, dispersão etc.), sugestões de arranjos espaciais, espaçamentos e orientações de manejo pós-plantio, como controle de espécies exóticas e manutenção da área restaurada.
Já projetos como o Paisagens Rurais, fruto da parceria entre SFB, MAPA, Senar, Embrapa e Inpe, mostram como a interface entre ciência e campo pode transformar a realidade rural. Com foco no planejamento de longo prazo, esses projetos ajudam a criar cenários sustentáveis, com aumento da biodiversidade funcional, resiliência climática e valorização ambiental das propriedades. Assim, a adoção das BPAs, aliada à tecnologia e ao conhecimento técnico, se consolida como catalisadora de uma agricultura que produz, conserva e inova.
Neste Dia Mundial do Meio Ambiente, compartilhamos com o leitor a visão da pesquisa científica de que a propriedade rural deve ser vista como um sistema integrado, onde cada componente interage e se complementa. A adoção de boas práticas traz resultados concretos: aumento de produtividade, redução de custos, valorização da terra, resiliência climática e acesso a mercados que valorizam a sustentabilidade.
É importante atentar para o fato de que as boas práticas agrícolas vão além de normas técnicas: são um investimento estratégico que une produção eficiente, conservação da natureza e responsabilidade social, posicionando o agronegócio brasileiro como referência em sustentabilidade no cenário global.
Já a transição para sistemas mais integrados exige diagnóstico preciso da propriedade, planejamento, tecnologias sustentáveis e monitoramento contínuo. A adoção de sistemas integrados como a Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF), aliada ao manejo conservacionista e à recuperação de áreas degradadas, fortalece essa transição, promovendo simultaneamente produtividade e conservação ambiental. No bioma Cerrado, essas práticas demonstram como é possível harmonizar produção agrícola e conservação ambiental.
O compromisso com métodos responsáveis garante um legado duradouro, onde a produtividade anda lado a lado com a preservação dos recursos naturais, beneficiando tanto a geração atual quanto as futuras. Dessa forma, o produtor rural que segue esse caminho sustentável não apenas melhora seus resultados econômicos, mas também se torna um guardião do patrimônio natural brasileiro. Um Cerrado que produz e conserva com boas práticas agropecuárias garante serviços ecossitêmicos para o meio ambiente hoje e para as futuras gerações.
Fonte: Embrapa Cerrados
Autor:Embrapa Cerrados
Site: Embrapa
Sustentabilidade
Margem bruta da soja deve recuar na safra 2025/26 – MAIS SOJA

Produtores brasileiros estão finalizando a colheita de grãos da safra 2024/25 e já estão planejando a próxima temporada. Para avaliar os primeiros números da nova safra 2025/26, pesquisadores do Cepea, em parceria com a CNA, por meio do Projeto Campo Futuro – Sistema Senar/CNA, projetaram os custos de produção e as margens para a cultura da soja.
Para esta simulação, foram considerados os mesmos coeficientes técnicos para os insumos agrícolas e as operações mecânicas da safra 2023/24, mas os preços médios de tais insumos foram atualizados com dados coletados entre dezembro de 2024 e março de 2025. Já para o preço médio de venda da soja, foi considerado o valor do contrato futuro Março/26, de US$ 10,5 por bushel (ajustes de 2 a 15 de maio da Bolsa de Chicago/CME Group), o prêmio médio de exportação do grão, de 4,79 centavos de dólar por bushel (com base também nos ajustes de 2 a 15 de maio para o contrato futuro Março/25) e taxa de câmbio de R$ 5,5. Além disso, foi considerada a produtividade média das últimas cinco safras (de 2019/20 a 2023/24). As regiões avaliadas foram: Sorriso (MT), Campo Novo do Parecisb (MT), Maracaju (MS), Rio Verde (GO), Cascavel (PR), Londrina (PR), Guarapuava (PR), Carazinho (RS), Triângulo Mineiro, Luís Eduardo Magalhães (BA) e Balsas (MA).
De maneira geral, o Custo Operacional Efetivo (COE) médio de todas as regiões analisadas ficou praticamente estável para safra 2025/26 frente à anterior. No entanto, a margem bruta estimada para o produtor com terra própria deve recuar 47,6%, passando de R$ 2.325,50/ha em 2024/25 para R$ 1.219,60/ha em 2025/26, o que equivale a uma perda de aproximadamente 10,3 sacas por hectare. O cenário é ainda mais desafiador para quem trabalha com áreas arrendadas, onde a margem bruta projetada se torna negativa, em -R$ 229,50/ha, representando uma retração de R$ 752,40/ha em relação à safra anterior.
Grafico 1. Estimativa de produtividade de nivelamento para saldar o COE e CT para safra 25/26 ante a produtividade média das últimas 5 safras (19/20 a 23/24) para regiões selecionadas.
Fonte: Projeto Campo Futuro (Sistema CNA/Senar), em parceria com Cepea.
O fator de maior peso na compressão da margem foi a queda projetada de 13,3% no preço médio da soja para março de 2026, quando comparado ao preço médio entre outubro de 2024 e abril de 2025. Pelo lado dos custos, o principal fator de pressão foi o aumento de 17,7% nos gastos com fertilizantes no período. Esse impacto, no entanto, foi parcialmente compensado pela queda nos custos de operação mecânica (-0,3%), defensivos agrícolas
(-6,1%) e sementes (-9,3%). Com esses movimentos, o orçamento total de custos registra uma leve alta de 0,4% para a safra 2025/26.
Diante disso, as quantidades de sacas de soja necessárias para saldar o custo operacional efetivo (COE) e o custo total (CT) para Sorriso estão estimadas em 57/ha e em 77 /ha, respectivamente, sendo que a produtividade média das últimas cinco safras foi de 59 sacas/ha. Em Rio Verde, a produtividade de nivelamento para cobrir o COE foi calculada em 53 sc/ha e, para saldar o CT, em 76 sc/ha, contra uma produtividade média de 66 sc/ha nas últimas cinco temporadas; em Maracaju, seriam necessárias 42 sc/ha para o COE e 63 sc/ha para o CT, e a produtividade média de 2019/20 a 2023/24 foi de 60 sc/ha. Para regiões de Cascavel e de Carazinho, serão necessárias 45 sc/ha para as duas localidades para saldar o COE e, respectivamente, 80 sc/ ha e 76 sc/ha para cobrir o CT, contra produtividade média de 55 sc/ha.
O cenário projetado sinaliza preocupação para a rentabilidade dos produtores brasileiros, sobretudo aos de regiões que acumularam prejuízos nas safras passadas e que estão atualmente com a capacidade de investimento em infraestrutura e inovação tecnológica reduzida. A nova temporada se torna ainda mais desafiadora quando considerados o atual patamar da taxa de juros básica do Brasil, a escassez de crédito e o aumento de garantias para a realização de financiamentos.
É importante destacar que os valores das margens brutas estimados devem ser ajustados conforme as safras 2025/26 norte-americana, argentina e brasileira avançarem. A semeadura da soja nos Estados Unidos está em andamento e ainda tem todo o seu desenvolvimento pela frente exposto às variações climáticas, tais como alta temperatura e veranico em junho e julho. No Brasil, agentes do setor estão atentos ao conflito comercial entre os Estados Unidos e a China – em maio, a trégua no conflito gerou expectativa de que os embarques brasileiros fossem limitados no curto prazo. De um modo geral, muitos temem que um agravamento do conflito possa resultar em recessão global, que, por sua vez, poderia levar a uma desvalorização das commodities e enfraquecimento do dólar.
Autor/Fonte: CNA
Autor:CNA
Site: CNA
Sustentabilidade
Níveis de paridade de importação seguem pressionando mercado interno de trigo – MAIS SOJA

Os negócios com trigo seguem pontuais no Brasil. No Rio Grande do Sul, as ofertas giram em torno de R$ 1.300 por tonelada, valor pelo qual o produtor reluta em vender. No Paraná, os preços estão próximos de R$ 1.450 por tonelada (indicação nominal para retirada imediata). Para julho/agosto, as indicações dos moinhos permanecem em torno de R$ 1.500 por tonelada no CIF.
“Com pouco trigo remanescente da safra passada, a maioria dos vendedores prefere segurar as ofertas, apostando em melhores preços, diante da menor área plantada e de possíveis mudanças no mercado”, explica o analista e consultor de Safras & Mercado, Élcio Bento.
Do lado comprador, segue Bento, os moinhos observam os níveis de paridade de importação, que vêm recuando em função da queda dos preços internacionais e da recente valorização do real frente ao dólar.
A paridade do trigo argentino FOB Ponta Grossa (PR) fechou nesta quinta-feira (5) em R$ 1.463 por tonelada, enquanto no FOB de Carazinho (RS) ficou em R$ 1.414 por tonelada.
Na Argentina, a safra velha com base de compra – com embarque em julho – para trigo com 11,5% de proteína é de US$ 229/tonelada e de venda vale US$ 235/tonelada. Para a safra nova, cereal com 11,5% proteína, embarque em dezembro/25, é indicado a US$ 220/tonelada na compra e a US$ 230/tonelada na venda.
Nos Estados Unidos, a semana foi positiva para a Bolsa de Mercadorias de Chicago. O mercado buscou suporte na tensão na região do Mar Negro, com o recrudescimento do conflito entre Rússia e Ucrânia, e pelo clima adverso às lavouras de trigo da China.
A Rússia afirma que responderá aos recentes ataques da Ucrânia quando suas Forças Armadas considerarem adequado, aumentando assim a preocupação sobre o fluxo de grãos na região do Mar Negro. Ao mesmo tempo, as lavouras na China enfrentam clima quente e seco, o que tem causado sérios danos, com agricultores relatando perdas.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News
Sustentabilidade
Cenário de crise se agrava com produtores de arroz no vermelho e indústria no limite – MAIS SOJA

Em meio à estagnação nas decisões comerciais, à queda persistente dos preços e ao colapso da rentabilidade, o mercado brasileiro de arroz mergulha em uma fase de tensão crescente e incerteza generalizada que atinge todos os elos da cadeia produtiva. A constatação é do analista e consultor de Safras & Mercado, Evandro Oliveira.
A colheita já foi tecnicamente encerrada no Rio Grande do Sul — principal estado produtor. “Mas, ao contrário de anos anteriores, o setor permanece paralisado, à espera de sinais que possam redefinir o rumo da temporada”, pondera o analista.
Do lado do produtor, os preços atuais são insuficientes para cobrir os elevados custos de produção, que vêm crescendo continuamente. “Isso está gerando um cenário crítico de descasamento entre receita e despesa, pressionando margens e ampliando o endividamento”, explica.
O resultado imediato é o desestímulo ao cultivo na próxima temporada, com potencial retração de área e aumento da dependência de arroz importado — movimento que já preocupa agentes da cadeia.
“A indústria, por sua vez, também opera no limite”, lembra o consultor. Com margens comprimidas pela dificuldade de repassar preços ao varejo e despesas crescentes com logística, embalagem e operação, há pressão generalizada em manter competitividade e abastecimento. “Isso gera um ambiente de risco estrutural para as empresas que, mesmo sem fôlego financeiro, são obrigadas a garantir o produto nas gôndolas — muitas vezes a custos não sustentáveis”, completa.
No varejo, o arroz perde espaço: ocupa grande área de prateleira com retorno financeiro baixo, além de ser um item com pouco giro e alta competição de preço. “O resultado é a redução do interesse das redes, menor presença do produto, pulverização de marcas e substituição por categorias de maior rentabilidade”, lamenta.
A média da saca de 50 quilos de arroz no Rio Grande do Sul (58/62% de grãos inteiros, pagamento à vista) encerrou o dia 5 em R$ 70,83, queda de 3,24% em relação à semana anterior. Na comparação com o mesmo período do mês passado, o recuo era de 7,71%. Em relação a 2024, a desvalorização atingia 41,50%.
Fonte: Rodrigo Ramos/ Agência Safras News
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