Sustentabilidade
Crescimento do trigo no Brasil é tema de seminário – MAIS SOJA

Um seminário promovido pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura – IICA Brasil e Embrapa vai apresentar a evolução da triticultura brasileira, discutindo aspectos sobre ambiente, genética, qualidade e mercados. O evento “Triticultura: ciência e cooperação a serviço da agricultura” será no dia 10 de junho, a partir 14h, em formato híbrido.
Na década de 1970, a produtividade de trigo no Brasil era de 600 quilos por hectare (kg/ha). Hoje, a média nacional de produtividade ultrapassa 3 mil kg/ha, superando os 10 mil kg/ha no trigo irrigado. A busca da pesquisa pela máxima eficiência nas lavouras, com sustentabilidade econômica e ambiental, acompanha o crescimento da cultura. No período de 2017 a 2021, a produção de trigo no Brasil cresceu 80%, enquanto a área cresceu 43%. Novas áreas aptas ao cultivo estão sendo rapidamente incorporadas ao sistema produtivo, com segurança quanto aos conhecimentos necessários para embasar a produção.
A evolução da cultura do trigo se deve ao trabalho de pesquisa com o resultado do desenvolvimento de cultivares com ampla adaptação, estabilidade no rendimento de grãos e resistência a doenças. Atualmente, estão disponíveis 121 cultivares de trigo, de diversos obtentores, indicadas para uso nas diferentes regiões.
No quesito qualidade, o trigo brasileiro passou por muitas transformações no campo para acompanhar as novas demandas do mercado consumidor. No passado, grãos com baixa força de glúten eram rotulados como “trigos de baixa qualidade”, já que o principal mercado brasileiro era a panificação industrial, que exigia alta força de glúten. Nos anos 1990, mudanças no direcionamento dos programas de melhoramento genético rapidamente passaram a entregar trigos capazes de atender os padrões exigidos pelas moageiras e padarias artesanais que começavam a crescer no Brasil. Novos mercados começaram a surgir, orientando o desenvolvimento de trigos para abastecer a indústria de proteína animal, de bioenergia, confeitaria, massas e pizzas. Oportunidades no mercado internacional também têm destinado o trigo brasileiro para países da África, Ásia e Oriente Médio.
“A evolução da genética da triticultura brasileira nos últimos 30 anos” será tema de um dos painéis do Seminário. A programação também vai contar com outros três painéis: “Do Sul à Savana: expansão e adaptação da triticultura brasileira”; “Desafios e conquistas na visão da indústria moageira”; e “Possibilidades comerciais do trigo brasileiro no mundo”. Os palestrantes e debatedores representam os principais segmentos do complexo agroindustrial do trigo no Brasil, com a participação do IICA, Embrapa, CNA, MAPA, Bioceres, Abitrigo e Abimapi.
O seminário “Triticultura: ciência e cooperação a serviço da agricultura” é gratuito, mas com inscrições limitadas para participação presencial na sede do IICA, em Brasília/DF (inscreva-se através do e-mail [email protected]). A participação como ouvinte é possível pela plataforma Zoom acessando o link https://bit.ly/triticultura. A programação completa está disponível no site da Embrapa Trigo em https://www.embrapa.br/trigo/cursos-e-eventos.
Foto de capa: Marcelo Klein
Fonte: Joseani M. Antunes/Embrapa Trigo
Autor:Joseani M. Antunes/Embrapa Trigo
Site: Embrapa
Sustentabilidade
Destaques da semana Mais Soja
Sustentabilidade
Cafezais de Rondônia sequestram 2,3 vezes mais carbono do que emitem

Estudo inédito realizado pela Embrapa Territorial na região das Matas de Rondônia revela que a cafeicultura familiar neste território da Amazônia sequestra, em média, 2,3 vezes mais carbono por ano do que emite ao longo do processo agrícola.
A pesquisa é centrada nas plantações de café robusta amazônico – uma variedade local do canéfora (coffea canephora).
Em números, os dados demonstram que o balanço anual de carbono da região registra um saldo favorável de 3.883,3 kg, cerca de 4 toneladas por hectare. Dessa forma, a média vem da diferença entre o carbono estocado na biomassa das plantas (6.874,8 kg) e a emissão de gases de efeito estufa (GEE) durante a fase de produção do café (2.991,5 kg).
De acordo com os pesquisadores envolvidos, esse tipo de balanço é inédito e pode servir de referência para outros estudos do gênero e, até mesmo, para abertura de linhas de créditos de carbono.
Ainda mais, a iniciativa resultou também na criação de uma planilha de cálculos da emissão de carbono para uso dos agricultores locais. A intenção é mostrar o status atual de emissão do cafeicultor do estado, considerando critérios como irrigação, uso de fertilizantes, entre outros.
“O estudo comprova a sustentabilidade da cafeicultura praticada no bioma Amazônia. Para nós, é importantíssimo mostrar ao mundo, por meio da ciência, que a produção de café na Amazônia é sustentável”, comemora o presidente da Cafeicultores Associados da Região das Matas de Rondônia (Caferon), Juan Travian.
Monetização do carbono
O presidente do Conselho de Administração do Sicoob Credip, Oberdan Pandolfi Ermita, ressalta que a monetização do carbono é um mercado novo que vem estimulando uma corrida de metodologias para calcular esse balanço.
Nesse sentido, ele afirma que o estudo da Embrapa consegue capturar a especificidade do café robusta amazônico, considerando as condições fitoclimáticas da região.
“São dados muito relevantes. Nosso objetivo é que seja trabalhada a monetização desse carbono, de modo a beneficiar o cafeicultor das Matas de Rondônia diretamente, ou por meio da redução da taxa de juros”, diz.
Sequestro de carbono pelas plantas

O pesquisador da Embrapa Territorial Carlos Cesar Ronquim, líder do estudo, acredita que o cafeeiro pode atuar como uma ferramenta de remoção de carbono. Por ser uma planta lenhosa, ela possui capacidade de armazenar grandes quantidades de carbono por mais tempo.
No entanto, ele ressalta que o carbono sequestrado temporariamente na biomassa da planta do café retorna à atmosfera quando se renova ou se desativa a lavoura.
Sobre essas plantas o pesquisador observa que, se utilizadas como substitutas de combustíveis fósseis, podem contribuir efetivamente para um balanço de carbono mais positivo na produção.
Quantificação de carbono na planta
Os envolvidos no estudo coletaram os dados usados na pesquisa em campo. O estoque de carbono armazenado nas plantas foi gerado a partir das análises laboratoriais de amostras de cafeeiros adultos obtidas nas lavouras.
Assim, levantaram os dados das emissões por meio da aplicação de questionários e em reuniões com produtores locais.
Dessa forma, para quantificar o carbono estocado na planta, avaliaram-se 150 cafeeiros adultos em dez propriedades rurais de cinco municípios da região das Matas de Rondônia. As análises mostraram que a maior parte do carbono está concentrada nas seguintes áreas da planta:
- Tronco (36,4%);
- Raízes (24,3%);
- Folhas (23,8%);
- Galhos (10,1%); e
- Frutos (5,4%)
Fertilizantes orgânicos
O pesquisador Enrique Alves, da Embrapa Rondônia (RO), ressalta, ainda, que muitos cafeicultores das Matas de Rondônia substituem parcialmente o uso de fertilizantes químicos. No lugar utilizam fontes orgânicas – como cama de frango e palha de café.
“Essa prática favorece o pleno desenvolvimento vegetal das plantas, o acúmulo de carbono no solo ao longo do tempo, e a menor emissão de GEE, quando comparada aos fertilizantes nitrogenados sintéticos”, observa.
“As plantas da variedade botânica robusta são de grande porte e com alta capacidade produtiva. Isso, aliado a boas práticas agronômicas e novos arranjos espaciais mais adensados, fazem da cultura uma ferramenta de proteção do solo e sequestro de carbono”, ressalta o pesquisador.
O cálculo da pesquisa ainda não considera o carbono estocado no solo, o que poderá tornar o balanço ainda mais favorável em análises futuras. O projeto já direciona esforços para essa finalidade, comparando áreas de café, pastagens e florestas nativas. Por fim, a expectativa é que o cultivo bem manejado do café robusta amazônico resulte em aumento líquido de carbono no sistema, principalmente em pastagens degradadas.
“As coletas estão em andamento, com várias incursões de campo já realizadas. Acreditamos que as atividades de campo serão concluídas ainda neste semestre”, adianta o pesquisador Ronquim.
*Sob supervisão de Victor Faverin
Sustentabilidade
Margem bruta da soja deve recuar na safra 2025/26 – MAIS SOJA

Produtores brasileiros estão finalizando a colheita de grãos da safra 2024/25 e já estão planejando a próxima temporada. Para avaliar os primeiros números da nova safra 2025/26, pesquisadores do Cepea, em parceria com a CNA, por meio do Projeto Campo Futuro – Sistema Senar/CNA, projetaram os custos de produção e as margens para a cultura da soja.
Para esta simulação, foram considerados os mesmos coeficientes técnicos para os insumos agrícolas e as operações mecânicas da safra 2023/24, mas os preços médios de tais insumos foram atualizados com dados coletados entre dezembro de 2024 e março de 2025. Já para o preço médio de venda da soja, foi considerado o valor do contrato futuro Março/26, de US$ 10,5 por bushel (ajustes de 2 a 15 de maio da Bolsa de Chicago/CME Group), o prêmio médio de exportação do grão, de 4,79 centavos de dólar por bushel (com base também nos ajustes de 2 a 15 de maio para o contrato futuro Março/25) e taxa de câmbio de R$ 5,5. Além disso, foi considerada a produtividade média das últimas cinco safras (de 2019/20 a 2023/24). As regiões avaliadas foram: Sorriso (MT), Campo Novo do Parecisb (MT), Maracaju (MS), Rio Verde (GO), Cascavel (PR), Londrina (PR), Guarapuava (PR), Carazinho (RS), Triângulo Mineiro, Luís Eduardo Magalhães (BA) e Balsas (MA).
De maneira geral, o Custo Operacional Efetivo (COE) médio de todas as regiões analisadas ficou praticamente estável para safra 2025/26 frente à anterior. No entanto, a margem bruta estimada para o produtor com terra própria deve recuar 47,6%, passando de R$ 2.325,50/ha em 2024/25 para R$ 1.219,60/ha em 2025/26, o que equivale a uma perda de aproximadamente 10,3 sacas por hectare. O cenário é ainda mais desafiador para quem trabalha com áreas arrendadas, onde a margem bruta projetada se torna negativa, em -R$ 229,50/ha, representando uma retração de R$ 752,40/ha em relação à safra anterior.
Grafico 1. Estimativa de produtividade de nivelamento para saldar o COE e CT para safra 25/26 ante a produtividade média das últimas 5 safras (19/20 a 23/24) para regiões selecionadas.
Fonte: Projeto Campo Futuro (Sistema CNA/Senar), em parceria com Cepea.
O fator de maior peso na compressão da margem foi a queda projetada de 13,3% no preço médio da soja para março de 2026, quando comparado ao preço médio entre outubro de 2024 e abril de 2025. Pelo lado dos custos, o principal fator de pressão foi o aumento de 17,7% nos gastos com fertilizantes no período. Esse impacto, no entanto, foi parcialmente compensado pela queda nos custos de operação mecânica (-0,3%), defensivos agrícolas
(-6,1%) e sementes (-9,3%). Com esses movimentos, o orçamento total de custos registra uma leve alta de 0,4% para a safra 2025/26.
Diante disso, as quantidades de sacas de soja necessárias para saldar o custo operacional efetivo (COE) e o custo total (CT) para Sorriso estão estimadas em 57/ha e em 77 /ha, respectivamente, sendo que a produtividade média das últimas cinco safras foi de 59 sacas/ha. Em Rio Verde, a produtividade de nivelamento para cobrir o COE foi calculada em 53 sc/ha e, para saldar o CT, em 76 sc/ha, contra uma produtividade média de 66 sc/ha nas últimas cinco temporadas; em Maracaju, seriam necessárias 42 sc/ha para o COE e 63 sc/ha para o CT, e a produtividade média de 2019/20 a 2023/24 foi de 60 sc/ha. Para regiões de Cascavel e de Carazinho, serão necessárias 45 sc/ha para as duas localidades para saldar o COE e, respectivamente, 80 sc/ ha e 76 sc/ha para cobrir o CT, contra produtividade média de 55 sc/ha.
O cenário projetado sinaliza preocupação para a rentabilidade dos produtores brasileiros, sobretudo aos de regiões que acumularam prejuízos nas safras passadas e que estão atualmente com a capacidade de investimento em infraestrutura e inovação tecnológica reduzida. A nova temporada se torna ainda mais desafiadora quando considerados o atual patamar da taxa de juros básica do Brasil, a escassez de crédito e o aumento de garantias para a realização de financiamentos.
É importante destacar que os valores das margens brutas estimados devem ser ajustados conforme as safras 2025/26 norte-americana, argentina e brasileira avançarem. A semeadura da soja nos Estados Unidos está em andamento e ainda tem todo o seu desenvolvimento pela frente exposto às variações climáticas, tais como alta temperatura e veranico em junho e julho. No Brasil, agentes do setor estão atentos ao conflito comercial entre os Estados Unidos e a China – em maio, a trégua no conflito gerou expectativa de que os embarques brasileiros fossem limitados no curto prazo. De um modo geral, muitos temem que um agravamento do conflito possa resultar em recessão global, que, por sua vez, poderia levar a uma desvalorização das commodities e enfraquecimento do dólar.
Autor/Fonte: CNA
Autor:CNA
Site: CNA
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