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. . . . . . . . . . . . . . . 30 de May de 2025

Sustentabilidade

BOLETIM AGRO30. USDA confirma alta na produção de soja e milho em 2025/26. Por Marcos Fava Neves – MAIS SOJA

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o Índice de Preços dos Alimentos calculado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) atingiu média de 128,3 pontos em abril, representando um aumento de 1% em relação a março – Foto: Professor Marcos Fava Neves Arquivo pessoal

 Reflexões dos fatos e números do agro em abril/maio e o que acompanhar em junho

Na economia mundial e brasileira,o Banco Central divulgou novas projeções econômicas para o país em mais um relatório do Boletim Focus publicado em 26/05. Para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), a expectativa é de 5,5% em 2025 (queda mensal) e 4,5% em 2026 (manutenção). Em relação ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), a estimativa é de que chegue a 2,14% no final (alta) deste ano e 1,70% no próximo (estável). No câmbio, a projeção caiu para R$ 5,80 em 2025 e para R$ 5,90 em 2026. Para finalizar, a taxa Selic foi para 14,75% neste ano (queda) e 12,50% no ano subsequente (manutenção).

No agro mundial e brasileiro

O Índice de Preços dos Alimentos calculado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) atingiu média de 128,3 pontos em abril, representando um aumento de 1% em relação a março. A elevação nos preços de cereais, laticínios e carnes superou as quedas registradas nos óleos vegetais e no açúcar. A valorização dos cereais (+1,2%) foi impulsionada pelo trigo, sustentado pela limitação na oferta da Rússia. O milho também teve alta, com estoques internos mais apertados nos Estados Unidos e ajustes nas medidas tarifárias norte-americanas que incluíram isenções ao México e a outros parceiros.

O aumento das carnes (+3,2%) foi liderado pela suína, graças a retomada do status sanitário da Alemanha como livre de febre aftosa e consequente recuperação das exportações da União Europeia. Nos bovinos, Austrália e Brasil foram destaques, refletindo oferta global limitada e demanda estável. A carne de aves teve alta moderada, com destaque para o Brasil, onde a demanda externa aquecida e a desaceleração no processamento ligada às festividades elevaram os preços, resta ver mês que vem com o evento de gripe aviária. Nos laticínios (+2,4%), a manteiga atingiu recorde histórico, puxada por estoques reduzidos e forte demanda por gordura do leite, principalmente na Europa.

Por outro lado, os óleos vegetais recuaram (-2,3%), puxados pela forte queda do óleo de palma, relacionado à recuperação da oferta nos países produtores do Sudeste Asiático. Já os óleos de soja e canola foram impulsionados, respectivamente, por demanda global persistente e aperto na oferta com o fim do ciclo produtivo 2024/25. Por fim, o açúcar caiu (-3,5%) por influência de preocupações com a economia global e o impacto sobre a demanda dos setores de bebidas e alimentos processados.

No Brasil, o 8º relatório da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) elevou a previsão para a colheita de grãos de 2024/25 de 330,4 milhões de t em abril para 332,9 milhões de t em maio, uma produção que deve ser 11,9% superior à do ciclo anterior. O aumento na área foi discreto na projeção de maio: de 81,6 para 81,7 milhões de ha, permanecendo 2,2% superior à safra anterior, ou 1,8 milhão de ha adicionais.

No milho

No primeiro relatório do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), a produção de milho foi estimada em 1.265 mi de t em maio. Se concretizada, a oferta será a maior já registrada, superando o recorde de 2023/24 (quando foram produzidas 1.230 mi de t) e superando em 3,6% a safra de 2024/25 (estimada em 1.221 mi de t); ou 43,70 mi de t a mais. O USDA elevou os números para todos os principais produtores: China, 295 mi de t (+0,03%); Estados Unidos, 401,8 mi de t (+6,4%); Brasil, 131 mi de t (+0,8%); União Europeia, 60 mi de t (+1,1%); e Argentina com 53 mi de t (+6,0%). Em 2025/26, espera-se que os estoques finais de milho sejam de 277,8 milhões de t, uma redução de 3,2% em relação ao ciclo anterior, ou seja, 9,4 milhões de t a menos.

Até o dia 18 de maio, 78% das áreas de milho já haviam sido plantadas nos Estados Unidos, em comparação com 67% no mesmo período do ano passado; e 73% na média dos últimos cinco anos, ritmo bem acelerado.

No Brasil, a Conab elevou a previsão para a produção de milho em 2024/25, com produtividades acima do ciclo anterior e das estimadas de início de safra, para 126,9 milhões de t. Se confirmada, a oferta do cereal será 9,9% superior à do ciclo passado. A produção entre as safras de milho está distribuída da seguinte forma: 24,7 mi de t na 1ª safra (+7,5%); 99,8 mi de t na 2ª safra (+10,8%); e 2,4 mi de t na 3ª safra (- 3,8%). A produtividade do milho está estimada em 5.933 kg/ha, alta de 8,1%.

Até o dia 17 de maio, a colheita do milho 1ª safra atingiu 82,3% de progresso, versus 78,4% no mesmo período de 2024; e 79,2% na média dos últimos 5 anos. A redução das precipitações tem favorecido o bom desempenho na colheita (operações) da safra atual. Os estados do Paraná e São Paulo já finalizaram a colheita, enquanto Santa Catarina (99,6%), Bahia, Minas Gerais (ambos com 96,0%) e Rio Grande do Sul (95,0%) encaminham-se para o fechamento. No milho 2ª safra, o plantio já está finalizado e as áreas apresentam o seguinte estágio fenológico: 4,1% estão em desenvolvimento vegetativo; 21,6% em floração; 67,3% em enchimento de grãos; e 7,0% em maturação.

Em Chicago, os contratos de milho para vencimento em jul/25 estavam cotados em US$ 4,590/bushel em 26/05, 5,0% menor do que o preço registrado há um mês (US$ 4,834/bushel).

Na soja

A primeira previsão do USDA para a safra 2025/26 de soja é de 426,8 mi de t. Se confirmada, a produção da oleaginosa deve ser 1,4% superior à safra atual, entregando 5,3 mi de t adicionais. Dos três principais produtores, apenas o Brasil deve produzir mais do que na safra anterior: com 175 mi de t (+3,5%). Os Estados Unidos devem produzir 118,1 mi de t (-0,6%); e Argentina 48,5 mi de t (-1,0%). Os estoques finais devem contabilizar 124,3 mi de t, 0,9% maiores ou 1,1 mi de t adicional.

Nos Estados Unidos, até o dia 18 de maio, 66% das lavouras de soja haviam sido semeadas, 16 pontos percentuais acima dos 50% registrados no mesmo dia de 2024; e 13 pontos percentuais acima dos 53%, que representa a média dos últimos 5 ciclos.

A Conab elevou as estatísticas da produção de soja no Brasil em 2024/25 de 167,9 (abril) para 168,3 mi de t (maio). Esses resultados indicam que a produção de soja será 14% maior do que a safra anterior, totalizando 20,6 milhões de t adicionais. A produtividade média nacional deve atingir 3.536 kg/ha, crescimento de 10,5%. Em diversos estados, as produtividades alcançadas bateram recordes históricos da Conab, com o clima e o bom manejo contribuindo.

Até o dia 17 de maio, 99% das áreas nacionais de soja já haviam sido colhidas, um pouco acima dos 97% registrados um ano antes; e 98,5% na média dos últimos cinco anos. Estados que já concluíram a colheita: TO, MT, MS, GO, MG, SP e PR; a finalizar: PI e BA (ambos com 99,0%), RS (97,0%), SC (96,9%) e MA (85,0%).

No mercado futuro (Chicago), o contrato jul/25 da soja foi cotado a US$ 10,60/bushel no dia 26/05, apenas 0,4% superior ao preço dos últimos 30 dias (era de US$ 10,56/bushel).

No algodão

A primeira estimativa do USDA para a safra de 2025/26 trouxe uma redução na produção global da pluma: 25,65 mi de t versus 26,36 da safra 2024/25. A China, maior produtora, deve ofertar 6,3 mi de t (-9,4%), seguida pela Índia com 5,3 mi de t (-2,0%), Brasil com 4,0 mi de t (+6,9%) e Estados Unidos com 3,2 mi de t (+0,6%). Os estoques finais de pluma devem atingir 17,1 milhões de t, o mesmo que em 2023/24.

Até 18 de maio, o plantio de algodão nos Estados Unidos tinha avançado 40%, 2 pontos percentuais a menos do que no mesmo período de 2024; e 3 pontos percentuais a menos do que a média dos últimos 5 ciclos.

A Conab manteve a estimativa da produção no Brasil em 3,9 mi de t da pluma no mês de maio, com boas condições das lavouras de forma geral. Assim, a produção neste ciclo será 5,5% superior ao passado. A área permaneceu em 2,08 mi de ha (+7,2%), enquanto a produtividade média nacional está em 2.638 kg/ha de algodão em caroço (-1,6%).

Com o plantio concluído, as lavouras têm mostrado um bom progresso, beneficiadas pelo clima favorável, com 70% das áreas em fase de formação de maçãs, 29% em maturação, 1% em floração e apenas 0,2% em desenvolvimento vegetativo.

Em Nova Iorque, o contrato futuro com vencimento em jul/25 estava cotado em 66,11 centavos de dólar por libra-peso em 26/05, queda de 3,9% no comparativo mensal (em 23/04, estava em 68,79 cents/lbp).

Nas demais culturas

A Conab estimou nova baixa na produção da categoria de culturas de inverno: de 10,40 mi de t (abril) para 10,20 mi de t (maio), em vista da redução na área de trigo em alguns estados que já iniciaram a safra (PR, MG, SP, GO e BA); e de outros estados (RS e SC) que ainda seguem em planejamento e podem reduzir suas áreas. A produção por cultura deve ser dividida da seguinte forma: trigo com 8,25 mi de t (+4,6%); 1,11 mi de t de aveia (+6,6%); 510,2 mil t de cevada (+16,4%); e 295,1 mil t de canola (+50,9%). A área destinada às culturas de inverno deve atingir 3,53 mi de ha, uma queda de 7,9% em relação ao ciclo 2023/24.

Em abril, as exportações brasileiras de produtos do agronegócio atingiram um montante financeiro de US$ 15,03 bilhões, o que representa um aumento de 0,4% se comparado ao mesmo mês de 2024, refletindo a combinação entre preços internacionais mais elevados (+3,9%) e ligeira queda no volume embarcado (-3,4%). A valorização foi puxada por produtos como café e celulose, uma vez que o principal item de exportação – a soja em grãos – sentiu pressão com a queda de 9,7% no preço médio da t (totalizando US$ 5,9 bilhões), mesmo embarcando um volume de 15,3 milhões de t. Enquanto isso, o café verde atingiu US$ 1,2 bilhão em faturamento, o maior valor já registrado para o mês, devido valorização do grão no mercado externo. Os dados são da Secretaria de Comércio e Relações Internacionais (SCRI/Mapa).

Principais produtos exportados em abril

Soja em grãos (US$ 5,9 bilhões | -6,1%); café verde (US$ 1,2 bilhão | +36,3%); carne bovina in natura (US$ 1,2 bilhões | +29,1%); farelo de soja (US$ 788,0 milhões | -10,6%) e carne de frango in natura (US$ 777,0 milhões | -6,7%). Os 6 setores do topo do ranking de exportação entre janeiro e abril de 2025 foram: complexo soja (US$ 17,7 bilhões | participação de 33,6%); carnes (US$ 9,2 bilhões | 17,5%); produtos florestais (US$ 5,7 bilhões | 10,8%); café (US$ 5,4 bilhões | 10,3%); complexo sucroalcooleiro (US$ 3,8 bilhões | 7,1%) e fibras e produtos têxteis (US$ 2,1 bilhões | 4,0%). Juntos, representaram 83,3% das exportações do agro brasileiro. Já as importações foram de US$ 1,69 bilhão, queda de 2,4% em relação ao mesmo período de 2024.

O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) atualizou o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP) em abril para R$ 1,439 trilhão, 11,4% maior do que o registrado há um ano. Desse montante, as lavouras responderam por R$ 956,1 bilhões (+11,3%), enquanto a pecuária foi responsável por R$ 483,57 (+11,5%). Os destaques de maior crescimento no primeiro segmento foram o café (+59,2%); mamona (+36,7%); milho (+27,0%); amendoim (+22,8%) e cacau (+21,4%). No entanto, os produtos que mais contribuíram para o vamor foram, em ordem: soja (R$ 324,6 | 22,5% de participação); milho (R$ 162,0 | 11,3%); café (R$ 127,9 | 8,9%) e cana-de-açúcar (R$ 124,3 | 8,6%). Na pecuária, todos os produtos registraram crescimento, mas os destaques foram para bovinos (+19,5%) e ovos (+16,0%). Enquanto isso, os que mais participaram do resultado foram os bovinos (R$ 205,3 | 14,3%) e frango (R$ 115,9 | 8,1%).

No dia 15/05 foi confirmado o primeiro caso de gripe aviária em uma granja comercial no Brasil, em Montenegro, no Rio Grande do Sul. Desde então, ações de contenção e erradicação previstas no plano nacional de contingência foram iniciadas. Enquanto isso, diversos países suspenderam importações de carne de frango do país, e outros, apenas da região foco. Demais casos que estavam sob investigação testaram negativo e, com ausência de novos focos, o Brasil aguarda a reabertura para embarques, o que pode ocorrer após 28 dias da completa desinfecção da área afetada. O Mapa ressalta que a doença não é transmitida pelo consumo de carne de frango ou ovos, ou seja, os produtos devidamente inspecionados seguem seguros para a alimentação, sem necessidade de restrições. O risco de infecção em humanos é baixo e, quando ocorre, está geralmente ligado ao contato direto com aves contaminadas, principalmente em situações de manejo.

O Fundecitrus, Fundo de Defesa da Citricultura, divulgou a 1ª estimativa para a safra 2025/26 de laranja do cinturão citrícola de São Paulo e Triângulo/Sudoeste Mineiro. A perspectiva projetou a temporada em 314,6 milhões de caixas (40,8 kg), o que representa um crescimento de 36,3% em relação à safra anterior, estimada em 230, 9 milhões de caixas. A projeção retorna à produção dentro da faixa média dos últimos 10 anos, ainda com um ligeiro aumento de 4,8%. A expectativa de uma safra mais abundante se deve principalmente ao aumento do número de frutos por árvore, resultante das condições climáticas favoráveis à segunda florada e da melhoria no manejo dos pomares, além do maior do número de árvores em produção no parque citrícola pela entrada de 12,7 milhões de árvores de plantios recentes em produção.

Concluindo nossa seção de análise do agro, apresentamos os principais preços de produtos do setor na ocasião do fechamento da nossa coluna. No milho, considerando dados de cooperativa do estado de São Paulo, o preço físico era de R$ 62,00/sc; já o contrato para mar/2026 (B3) estava em R$ 72,97. Na soja, o preço Spot estava em R$ 128,00/sc e a entrega para mar/26 em R$ 130,00/sc. O algodão (Base Esalq) era cotado a R$ 146,10/@. O trigo, estava em R$ 1.500,00/t (FOB). Demais preços, considerando dados do Cepea, seguem na sequência: café arábica em R$ 2.418,36/sc, queda de 7,6%; laranja para indústria em R$ 45,47/cx (40,8kg) a prazo, queda mensal de 2,7%; e o boi gordo em R$ 301,00/@, redução de 5,6% no mês.

Os cinco fatos do agro para acompanhar em junho são:

  1. Monitorar os impactos do clima. O início da safra 2025/26 no Centro-Sul foi lentopor conta das chuvas em algumas regiões, mas o ritmo de colheita deve ganhar tração, bem como a provável quedra na produtividade e produção.
  2. Observar as estratégias das usinas quanto ao mix de produção, tendo em vista as mínimas do açúcar bruto (abaixo de 17 cents/lbp),e a competitividade do etanol nas bombas.Há sinalização de que podem reavaliar o mix, com possível aumento para o biocombustível. Observar os preços do petróleo.
  3. Recuperação da produção de açúcar da Índia e Tailândia, onde as condições climáticas ainda são incertas. Apesar de um superávit global estimado entre 0,4 e 3,7 milhões de t para 2025/26, as entregas brasileiras acima do esperado entre março e maio – e menor aquisição chinesa – tem pressionado preços.
  4. Ganho de relevância para o etanol de milho. É importante acompanhar investimentos em novas usinas, volume de milho disponível e eventuais discussões regulatórias. Além disso, o avanço de culturas alternativas como o sorgo deve entrar no radar, pois pode impactar a estrutura produtiva futura.
  5. Acompanhar as negociações e acordos no mercado internacional, com atenção aos movimentos dos Estados Unidos e China (grandes parceiros comerciais do Brasil). A recente redução tarifária entre Estados Unidos e China não representa um cenário internacional mais desordenado e imprevisível.

Autores: 

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdade de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). Sócio da Markestrat Group. É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio e Diretor Técnico da SNA. Confira textos e outros materiais em DoutorAgro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves).
Vinícius Cambaúva é associado na Markestrat Group e professor na Harven Agribusiness School, em Ribeirão Preto – SP. Engenheiro Agrônomo pela FCAV/UNESP, mestre e doutorando em Administração pela FEA-RP/USP. É especialista em comunicação estratégica no agro.
Beatriz Papa Casagrande é associada na Markestrat Group, engenheira agrônoma pela ESALQ/USP e mestra em Administração na FEA-RP/USP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.
Rafael Barros Rosalino é consultor na Markestrat Group, médico veterinário pela FCAV/UNESP. É especialista em inteligência de mercado para o agronegócio.

 

Fonte: SNA 

FONTE

Autor:SNA 

Site: SNA 

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Padrão climático Neutro segue atuando no Oceano Pacífico Equatorial – MAIS SOJA

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Condições meteorológicas ocorridas em abril de 2025 no estado do Rio Grande do Sul (RS)

Durante o mês de abril, acumulados superiores aos 120 mm ocorreram em parte do Oeste, do Norte e do Nordeste e na Zona Sul. Na maior parte das demais regiões, os acumulados variaram entre 80 e 120 mm (Figura 1A). As anomalias de precipitação foram negativas na maioria das regiões. As exceções foram a Zona Sul e o Nordeste do Estado (Figura 1B).

Figura 1. Mapa da precipitação pluvial acumulada (A) e da anomalia da precipitação (B), em mm, no estado do Rio Grande do Sul, durante o mês de abril de 2025, em relação aos valores da Normal Climatológica,relativa ao período 1991-2020. Fonte de dados: INMET.

Em abril, as chuvas concentraram-se na primeira quinzena. Inclusive, em Quaraí e Santa Vitória do Palmar foram registrados 100 mm em apenas um dia. Já as temperaturas tiveram maiores oscilações em relação à Normal Climatológica (NC), com leve tendência de decréscimo nas temperaturas mínimas (Figura 2). A anomalia mensal da temperatura média do ar ficou negativa no Oeste e no Nordeste do Estado. Nas demais regiões, manteve-se dentro dos valores da NC.

Figura 2. Temperaturas do ar máxima e mínima diária (°C) e suas respectivas Normais Climatológicas (°C) relativas ao período 1991-2020 (nas linhas pontilhadas em vermelho e azul) e precipitação pluvial diária (mm) referentes ao mês de abril de 2025, em seis municípios da Metade Sul do RS, representativos das seis regiões arrozeiras. Fonte de dados: INMET.

Situação atual do fenômeno ENOS (El Niño – Oscilação Sul) e perspectivas

Na atualização de 08 de maio de 2025, a NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration) manteve as condições Neutras do ENOS (El Niño-Oscilação Sul), para o sistema acoplado oceano-atmosfera. A anomalia mensal da temperatura da superfície do mar, na região Niño3.4, foi de -0,2°C em abril, dentro da faixa da Neutralidade. Na região do Niño1+2, reduziu para +0,6 °C (Figura 3). A anomalia trimestral, referente a Fev-Mar-Abr/2025, foi de -0,2°C também dentro da faixa de Neutralidade.

Chama-se a atenção para a grande extensão de áreas com anomalias positivas da temperatura da superfície do mar na maioria dos oceanos globais. Este padrão vem se mantendo desde 2023, influenciando o clima global e, inclusive, dificultando os prognósticos de El Niño e La Niña.

Figura 3. Anomalia da temperatura (°C) da água da Superfície do Mar no mês de abril de 2025. O retângulo central na imagem mostra a região do Niño3.4, a qual os centros internacionais utilizam para calcular o Índice Niño (que define a ocorrência de eventos de El Niño e La Niña). Já o retângulo menor mostra a região Niño 1+2, que modula a qualidade de distribuição das chuvas, ou seja, sua regularidade de ocorrência no estado do RS. Fonte: Adaptado de CPTEC.

Segundo a previsão da NOAA, a Neutralidade deverá atuar no trimestre Jun-Jul-Ago/2025, com 73% de probabilidade. Na atualização deste mês, a probabilidade de Neutralidade até diminui, nos trimestres Out-Nov-Dez/2025, para 43%, mas volta a subir nos trimestres seguintes, chegando a 53% no trimestre Jan-Fev-Mar/2026. Ainda se está na barreira da previsibilidade e, diante destas incertezas, é importante esperar os prognósticos de junho e julho, para ver se haverá alguma definição para a próxima safra e, assim, tomar as melhores decisões. De qualquer forma, ao menos até o início da primavera de 2025, a atmosfera deverá se manter em Neutralidade no Oceano Pacífico Equatorial.

O bolsão de águas subsuperficiais com anomalias negativas de temperatura sumiu de abril em diante, seguindo um padrão de Neutralidade (Figura 4), que se estende também pelo Oceano Pacífico Equatorial. Assim, o padrão Neutro do ENOS se manterá por mais alguns meses.

Figura 4. Anomalia da temperatura (°C) subsuperficial das águas na região Equatorial do Oceano Pacífico em relação à profundidade (de 0 a 300 m), entre os meses de fevereiro a maio de 2025. Pêntadas significam média de cinco dias consecutivos. Fonte: Adaptado de CPC/NCEP/NOAA.

Previsão de precipitação no trimestre junho, julho e agosto de 2025 no RS

Para esse trimestre, a previsão de consenso do IRI (International Research Institute for Climate Society) prevê chuvas dentro do padrão normal no RS. Já o modelo CFSv2 (Climate Forecast System), da NOAA, prevê precipitações abaixo da NC em junho, julho e agosto. Por sua vez, a previsão do modelo do INMET (Instituto Nacional de Meteorologia) é de que as precipitações fiquem acima da NC em boa parte do RS e, dentro da NC, na Campanha, na Zona Sul e na faixa Leste, em junho. Em julho, a previsão é de que as chuvas fiquem acima da NC na Fronteira Oeste, na Campanha e na Zona Sul, e tendência de ficar abaixo da NC na região metropolitana e litoral Norte. Já em agosto, a previsão é de que as chuvas voltem a ficar acima da média em boa parte do Estado, com exceção da Zona Sul, onde devem ficar dentro da NC (Figura 5).

Figura 5. Precipitação pluvial total (mm) e anomalia de precipitação (mm) previstas para junho, julho e agosto de 2025 no estado do RS. Fonte: adaptado de INMET.

A verdade é que, diante do padrão climático Neutro, fica mais difícil dos modelos serem assertivos quanto a precipitação, e é comum haver diferenças nos prognósticos, como descrito acima. Na Neutralidade pode acontecer de haver ‘misturas’ de padrões, do El Niño e da La Niña, tanto em relação às temperaturas, quantos às precipitações.

Diferentemente de abril, o mês de maio tem sido chuvoso, inclusive com episódios de chuva intensa e, se o prognóstico do INMET se confirmar, as próprias pastagens/coberturas de outono/inverno poderão ter problemas de desenvolvimento, assim como a preparação das áreas para as culturas de primavera-verão na safra 2025/26.

Para melhores tomadas de decisão de manejo de suas lavouras, é importante que se faça o acompanhamento da previsão do tempo de sete a 15 dias, visando maior eficiência na execução das atividades programadas.

Fonte: IRGA



 

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Dados preliminares revelam tendências no uso de máquinas agrícolas – MAIS SOJA

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Em fase de coleta de dados, a pesquisa “Decifrando o cenário de máquinas agrícolas no Brasil”, conduzida pela consultoria [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado, já aponta importantes tendências sobre o uso e a renovação de máquinas agrícolas no país. Com lançamento oficial previsto para setembro de 2025, o estudo trará uma radiografia inédita da frota nacional de tratores, colheitadeiras e pulverizadores autopropelidos, com foco em comportamento de compra, perfil do produtor, idade dos equipamentos e adoção de tecnologia.

Dados preliminares da região Sudeste, uma das mais relevantes para o agronegócio brasileiro, já evidenciam aspectos significativos do mercado, abrindo espaço para ajustes estratégicos por parte dos diversos players desse ecossistema.

Perfil do produtor: nova geração assume o comando

De acordo com os dados parciais, a faixa etária predominante entre os entrevistados, em sua maioria sócios-proprietários, está entre 29 e 44 anos. Além disso, cerca de 20% desses líderes têm entre 18 de 28 anos, revelando um novo perfil de liderança no campo.

O rejuvenescimento da gestão rural indica uma mudança geracional em curso, com impactos diretos na forma como decisões são tomadas, tecnologias são adotadas e relacionamentos comerciais são estabelecidos.

A presença crescente de jovens líderes, mais conectados e com maior familiaridade com ferramentas digitais, tende a acelerar a transformação digital no agronegócio, impulsionando a demanda por soluções mais integradas, como agricultura de precisão, plataformas de gestão e maquinário inteligente.

Esse movimento reforça a importância do planejamento sucessório, um tema cada vez mais estratégico no setor agrícola. Apesar de sua relevância, o campo ainda enfrenta desafios quando o assunto é sucessão estruturada. Segundo o Censo Agropecuário do IBGE de 2017, mais de 70% das propriedades rurais brasileiras não possuíam um plano formal de sucessão. A entrada de lideranças mais jovens, como evidenciam os dados da pesquisa da [BIM]³, representa uma janela de oportunidade para modernizar a gestão e promover uma transição planejada entre gerações.

Esse novo perfil de liderança, mais jovem, tende a ser mais conectado e tecnicamente preparado, costuma demandar novas abordagens por parte de fabricantes, concessionárias, instituições financeiras e agentes públicos. Estratégias de marketing e relacionamento, por exemplo, precisam considerar outros fatores além da tradição no campo. O discurso tradicional pode já não ser, por si só, suficiente para engajar esse novo tomador de decisão.

Marcas mais presentes e critérios decisivos na compra de maquinário

John Deere, Massey Ferguson e Case surgem, segundo dados preliminares, como as três marcas com maior penetração e satisfação dos clientes na frota de tratores do Sudeste, consolidando a força das marcas tradicionais no setor agrícola.

No entanto, a decisão de compra vai além da reputação da marca. Os produtores destacaram critérios práticos e operacionais como os mais influentes na escolha de máquinas:

– Assistência técnica;

– Custo operacional;

– Condições de financiamento.

Esses fatores refletem um comportamento mais racional e orientado ao desempenho no campo, indicando que as marcas precisam oferecer soluções completas, não apenas bons produtos, mas também condições e serviços eficientes.

Embora as 3 marcas com maior penetração sejam as mesmas que carregam os melhores níveis de satisfação, outras como Agrale e New Holland também entregam competitividade, mostrando-se opções muito atraentes para o agricultor.

Dados confiáveis importam para todo o ecossistema do Agro

O agronegócio brasileiro está se tornando cada vez mais técnico, internacionalizado, regulado e competitivo. Nesse cenário, informações confiáveis são um ativo estratégico, com impactos diretos em diversas frentes:

– Fabricantes: podem calibrar o mix de produtos, prever demanda por peças

– Concessionárias e locadoras: podem ajustar estoques, definem pacotes de serviços e tornar a experiência do cliente ainda melhor.

– Instituições financeiras: passam a estruturar linhas de crédito mais adequadas ao perfil do produtor e ao ciclo real de renovação da frota, podendo segmentar produtos financeiros por tipo de cultura/commodity e região.

– Associações e governo: devem desenvolver políticas públicas baseadas em evidências, promovem práticas sustentáveis e direcionam corretamente incentivos e subsídios para as regiões que mais necessitam, tornando a agricultura nacional mais eficiente e mecanizada.

Em um setor cada vez mais técnico, regulado e competitivo, dados confiáveis são ativos estratégicos. Eles orientam decisões mais precisas e sustentáveis em toda a cadeia do agronegócio, da indústria ao governo.

(*) Luís Vinha é advogado, consultor empresarial e sócio-diretor da [BIM]3 – Boschi Inteligência de Mercado.

Sobre a [BIM]³ – Boschi Inteligência de Mercado é uma empresa especializada em fornecer soluções customizadas para conectar estratégia e execução de negócios em crescimento. Com mais de 20 anos de experiência dos seus sócios em setores industriais e B2B, a empresa destaca-se por sua expertise em Inteligência Competitiva, Market Insight, S&OP e Product Planning. Entre os serviços oferecidos estão Consultoria AD HOC (planejamento, estratégia, inteligência e regulações), produtos de assinatura (BI e Relatórios) e Panoramas Setoriais. A empresa atua em nichos específicos, como caminhões, ônibus, máquinas agrícolas e de construção, agronegócio, além de temas correlatos, como mobilidade e transição energética, distribuição de peças e acessórios, garantindo alta especialização. Acesse: http://bim3.tech

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Soja/RS: Colheita encontra-se em fase final, estima-se que produtividade média seja de 1.957 kg/ha – MAIS SOJA

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A colheita encontra-se em fase final. Há apenas algumas áreas remanescentes, correspondentes a segundo cultivo ou implantação tardia, que superaram o período crítico da estiagem, mas representam fração menor que meio ponto percentual da área cultivada e não devem impactar a produtividade média estadual. As chuvas ocorridas a partir de 24/05 dificultaram a conclusão da colheita, que dependerá da melhoria das condições climáticas para ser retomada.

Diante das perdas significativas na safra, os produtores buscam alternativas para equacionar dívidas, com destaque para a demanda por securitização. Sem medidas de renegociação, há perspectiva de redução expressiva na área destinada à soja na próxima safra.

A área plantada no Estado está estimada pela Emater/RS Ascar em 6.770.405 hectares, e a produtividade média em 1.957 kg/ha, representando redução de 38,43% nos 3.179 kg/ha projetados antes do início do plantio.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a colheita foi praticamente encerrada, restando pequenas áreas em Itacurubi, Itaqui, São Borja e Santana do Livramento. As chuvas, a partir de 24/05, interromperam os trabalhos finais, mas a maioria dos produtores já havia acelerado a colheita. As perdas foram significativas: em Itacurubi, 55%, decorrentes de baixos rendimentos em cultivares precoces; em Manoel Viana e Maçambará, de 60% e 70% respectivamente. Em Quaraí, a produtividade foi de 1.531 kg/ha, com perdas adicionais por debulha natural. Em São Borja, as lavouras tardias e de replantio apresentaram produtividade média de 900 kg/ha.

Na Região da Campanha, a colheita foi finalizada em praticamente toda a região, restando áreas pontuais em Hulha Negra. Em termos de produtividade, a melhor foi registrada em Aceguá (2.400 kg/ha), semelhante à projetada. As maiores quebras foram registradas em Lavras do Sul (55%) e Caçapava do Sul (40%).

A colheita foi concluída nas regiões administrativas de Caxias do Sul, Erechim, Frederico Westphalen, de Passo Fundo e de Soledade.

Na de Ijuí, a colheita não pôde ser concluída, e restam 0,75% das lavouras, em sua maioria semeadas após a colheita do milho. As produtividades nas áreas de segundo cultivo variaram significativamente, conforme a localidade e o regime hídrico ao longo do ciclo. Nas lavouras irrigadas, a média alcançou aproximadamente 2.400 kg/ha.

Na de Santa Maria, a colheita está em finalização. As maiores perdas de produtividade foram registradas no Vale do Jaguari, no Planalto, e nas porções Centro e Sul da região. As produtividades reduziram menos na Quarta Colônia, onde as condições climáticas foram relativamente mais favoráveis ao longo do ciclo da cultura.

Na de Pelotas, ainda há pequenas áreas a serem colhidas em Santa Vitória do Palmar, Rio Grande, Jaguarão e Herval, majoritariamente de lavouras de segundo cultivo.

Na de Santa Rosa, a colheita atingiu 99%, e restam lavouras semeadas em março. A expectativa de produtividade nessas áreas está superior a 2.400 kg/ha.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 2,10%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 119,70 para R$ 122,21.

Confira o Informativo Conjuntural n° 1669 completo, clicando aqui!

Fonte: Emater RS



 

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