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. . . . . . . . . . . . . . . 23 de May de 2025

Sustentabilidade

Embrapa inaugura biofábrica para produção de insumos e defensivos contra as principais pragas agrícolas – MAIS SOJA

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A Embrapa Milho e Sorgo inaugurou no início de maio uma unidade-piloto para a produção de bioinsumos e de produtos biológicos à base de vírus e bactérias, para o controle de insetos-praga que afetam culturas agrícolas. De acordo com o pesquisador Fernando Valicente, os benefícios principais desse controle é a substituição do uso de inseticidas químicos por biodefensivos naturais. “Dessa forma, teremos um produto mais puro quando ele for para a gôndola dos supermercados”, destaca.

Biofábrica Embrapa, que tem foco na produção e no aprimoramento de bioinseticidas, bioinoculantes e outros microrganismos de interesse agrícola, está equipada com um biorreator de bancada que permite a condução de fermentações microbiológicas simultâneas. A estrutura também apoiará ações de capacitação técnica de empresas associadas e validação de tecnologias. A unidade foi implantada na Embrapa Milho e Sorgo por meio de parcerias com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e com o Grupo Innovar.

A Embrapa Milho e Sorgo detém domínio tecnológico de uma Coleção de Microrganismos Multifuncionais e Fitopatogênicos com cerca de 11 mil acessos preservados. A ampla biodiversidade da coleção permite o desenvolvimento de conhecimento, práticas e processos, bem como de ativos biológicos, a exemplo de bioinsumos, biotecnologias e biomoléculas, de alto valor agregado, com foco em controle de pragas, doenças, estresse hídrico e controle de crescimento. “A partir desses acessos, tentamos identificar uma bactéria ou um vírus que controle determinada praga específica”, explica Fernando Valicente.

“Após essa etapa, fazemos testes exaustivos e passamos para a escala piloto de fermentação ou de cultivo no próprio inseto e depois para a escala comercial”, complementa o pesquisador. “Em média, tentamos desenvolver dois produtos biológicos por ano, a partir de estudos prévios com isolados e pragas específicas”, complementa. No total, segundo Valicente, já são 14 produtos registrados pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, lançados pela Embrapa, disponíveis no mercado.

Abaixo, leia os depoimentos de representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária e dirigentes da Embrapa Milho e Sorgo sobre a importância estratégica da inauguração da Biofábrica Embrapa.

Alessandro Cruvinel – Diretor do Departamento de Apoio à Inovação para Agropecuária, do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa)

Em 2020, o Ministério da Agricultura e Pecuária lançou o Programa Nacional de Bioinsumos, iniciativa construída em parceria com instituições como Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, Ibama, Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, Confederação Nacional da Indústria, Embrapa, Asbraer e organizações da sociedade civil. Esse programa tem como missão definir diretrizes e estratégias para o avanço dos bioinsumos no Brasil. Entre seus objetivos estratégicos, destacam-se:

•          o aperfeiçoamento regulatório;

•          o fomento à ciência, tecnologia e inovação;

•          o acesso ao crédito;

•          a geração de conhecimento e capacitação de pessoas;

•          o incentivo à implantação de biofábricas;

•          o estímulo a programas estaduais;

•          o fortalecimento do uso de bioinsumos também na agricultura familiar.

Durante a coordenação do Programa, tornou-se evidente a necessidade de criar elos entre a pesquisa científica — realizada por instituições como a Embrapa — e o mercado, os produtores e as startups. Tecnologias ainda em fase de desenvolvimento exigem infraestrutura adequada, como plantas-piloto, biofábricas experimentais, espaços para testes de produto, ambientes para capacitação de técnicos e produtores que desejam operar biofábricas nas propriedades rurais, com a qualidade e a segurança necessárias.

O mercado brasileiro de bioinsumos já movimenta cerca de R$ 5 bilhões e cresce a taxas próximas de 20% ao ano. Isso reforça o papel estratégico de estruturas como essa biofábrica, com o conceito de SmartLab ou BioFabLab que é exclusivo do Brasil, não tendo nenhuma iniciativa similar para bioinsumos em outros países. Nosso próximo desafio é conectá-la às demais unidades que integram a Rede de Inovação em Bioinsumos, composta atualmente por cerca de 10 biofábricas em operação. Essa rede permitirá, por exemplo, que uma pesquisa iniciada aqui continue na Embrapa Cerrados, na Universidade Federal de Santa Maria ou na Embrapa Arroz e Feijão, otimizando tempo, recursos e resultados.

Temos, portanto, uma expectativa muito positiva de que a concretização deste projeto represente mais do que a inauguração de um espaço físico. Representa o avanço de um movimento de inovação aberta, colaborativa e descentralizada, que promove a capacitação técnica, fortalece o setor e torna os bioinsumos não apenas uma alternativa, mas a base de uma agricultura biológica, sustentável, inclusiva, tecnológica e preparada para os desafios das mudanças climáticas, contribuindo, inclusive, para a redução das emissões de gases de efeito estufa.

Sara Rios – Chefe-adjunta de Transferência de Tecnologia da Embrapa Milho e Sorgo

Com a instituição do Programa Nacional de Bioinsumos, em 2020, e mais recentemente do novo marco legal para bioinsumos (Lei nº 15.070, de 23 de dezembro de 2024), o tema bioinsumos ganha cada vez mais visibilidade no mercado, pelos impactos positivos que eles exercem na sociedade, contribuindo com sustentabilidade, resiliência e aumento da produção e da qualidade de alimentos, fibras, energia e demais matérias, sem causar danos à saúde humana, aos animais, nem prejuízos ao meio ambiente. Além disso, esses produtos são compatíveis com as tecnologias químicas para o manejo integrado, por exemplo, de pragas e de doenças dos sistemas de cultivo.

A Embrapa Milho e Sorgo é referência internacional em pesquisadores, ciência e soluções tecnológicas disruptivas de alto impacto no mercado, envolvendo bioinsumos e bioprodutos. Um exemplo disso foi o desenvolvimento do produto comercial BiomaPhos, a partir de cepas de Bacillus spp. da coleção da Embrapa, de alto valor agregado. Elas foram embarcadas nesse que foi o primeiro inoculante comercial brasileiro solubilizador de fosfatos, codesenvolvido com a empresa Bioma. O BiomaPhos gerou benefícios estimados em R$ 4,2 bilhões ao Brasil desde 2019 até a safra 2022/2023. Leia aqui.

A Biofábrica Embrapa, inaugurada dentro das instalações da Embrapa Milho e Sorgo, tem foco na inovação aberta (SmartLab) e fundamentos claros para a sua contribuição na consolidação de novos protocolos de produção, capacitações técnicas, redes de conexões para inovação, incubação e contribuição para novos negócios. Além disso, busca tecnologias e bioprodutos disruptivos e de alto impacto para a agricultura brasileira e também internacional. Nosso compromisso técnico é continuar produzindo ciência aplicada destacada, com a reputação e a confiabilidade da Embrapa. Deve-se destacar também a importante contribuição das parcerias estabelecidas com o Mapa e o grupo privado Innovar, que apoiaram a implementação da Biofábrica Embrapa.

Frederico Durães – Chefe-geral da Embrapa Milho e Sorgo

Os bioinsumos representam uma tendência e uma realidade em crescimento no Brasil. O desenvolvimento de um produto biológico é regulado por um conjunto de leis e demais tipos de instrumentos normativos nas esferas da agricultura, do meio ambiente e da saúde, as quais incluem também aspectos relativos ao acesso ao patrimônio genético.

As etapas para a regulação dos produtos biológicos incluem a coleta do material biológico a ser pesquisado, a identificação, a experimentação no laboratório, o desenvolvimento de formulação (quando for o caso), a experimentação no campo do produto final ou do agente biológico, a produção em escala-piloto e o registro do produto comercial.

A Embrapa tem, há décadas, de forma contínua e cooperativamente, estruturado uma rede temática de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) para bioinsumos, focando em soluções para agricultura, alimentação, nutrição e saúde, com busca e avanços de conhecimento da variabilidade biológica, de processos e protocolos, produtos e parcerias, aportando expertises e meios, funcionalidades e estruturas.

Coleções de microrganismos funcionais prospectados em locais estratégicos naturais, identificação e caracterização experimental em laboratórios, desenvolvimento de formulação e definição de processos laboratoriais, de campo e de produção qualificada de produto final ou do agente biológico, bem como o registro de produto comercial. Essas todas são estratégias do Brasil e de instituições para a implementação de domínio tecnológico (próprio, em cocriação e codesenvolvimento e de terceiros), com especificidades e escala focada em qualidade, que interessam ao mercado de bioinsumos, produtores rurais, empresas comerciais, empresas de PD&I, agências e agentes reguladores, além de outros players de afinidade.

Assim, está em franca implementação, baseando-se em um conceito moderno e dinâmico, a Biofábrica Embrapa (SmartLab) para microativos (especialmente focados em microrganismos) e para macroativos (especialmente focados em macroinsetos), sejam pragas ou benéficos, para manejo integrado de pragas e controle biológico.

Com a inauguração da Biofábrica Embrapa, demonstra-se também um exercício de Joint Lab, na parceria público-privada, e que a Embrapa tem as associações institucionais com a empresa do Grupo Innovar.

Esta agenda positiva de ciência, tecnologia e mercado para bioinsumos tem progredido no Brasil e levado a novos arranjos (técnico-científicos, institucionais e produtivos), nas alianças e parcerias públicas e privadas, que fortalecem a construção de redes de biofábricas, a exemplo da Biofábrica Embrapa que, em rede de competências, se associa à rede de inovação em bioinsumos BioFabLabs, que está sendo estruturada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária.

Com visão, alianças e parcerias, e neste estágio de desenvolvimento, a Biofábrica Embrapa implementa e amplia os exercícios técnico-científicos, de transferência de tecnologia, capacitação e negociais, para os mercados (competitivos, de nichos e de diversidade), incorporando estratégias de ação para bioinsumos atuais e de futuro.

O conhecimento e sua aplicação na construção e nos usos de gerações avançadas de bioinsumos têm evoluído e buscado eliminar ou reduzir as vulnerabilidades dos acordos negociais, para ampliar as oportunidades de uma “ciência com propósito”, os usos de boas práticas gerenciais e de produção, e permitir os adequados usos negociados para o “scale up industrial” e para usos próprios de qualidade. Todas essas alianças e parcerias têm implementado ações em aderência ao Programa Nacional de Bioinsumos.

Foto de capa: Guilherme Viana

Fonte: Guilherme Viana/Embrapa Milho e Sorgo



 

FONTE

Autor:Guilherme Viana/Embrapa Milho e Sorgo

Site: EMBRAPA


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Sustentabilidade

Dólar e Chicago em alta movimentam mercado brasileiro de soja e preços domésticos melhoram – MAIS SOJA

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A semana foi marcada pela melhora nos preços domésticos e no ritmo dos negócios. O desempenho positivo do dólar e dos contratos futuros em Chicago fez com que os negociadores retornassem ao mercado.

Segundo o consultor de Safras & Mercado, Rafael Silveira, houve momentos positivos que permitiram o fechamento de diversos negócios. “O produtor tem se mostrado mais ativo, aproveitando para abrir espaço nos armazéns visando o milho que vem pela frente. As negociações ocorreram tanto no porto quanto com a indústria, que segue com boa demanda por soja”, comenta.

Em várias regiões, avalia Silveira, os preços superam a paridade de exportação, sinal claro de compradores mais agressivos. “No oeste do Paraná, por exemplo, os valores praticados estão acima do esperado para o nível de paridade”, completa.

Em Passo Fundo (RS), a saca de 60 quilos subiu de R$ 129,50 para R$ 130,00 na semana. No mesmo período, a cotação avançou de R$ 129,00 para R$ 130,00. Em Rondonópolis (MT), o preço passou de R$ 114,50 para R$ 115,00. No Porto de Paranaguá, a saca aumentou de R$ 134,00 para R$ 134,50.

Na Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT), os contratos com vencimento em julho tiveram valorização semanal de 0,9%, sendo cotados na manhã da sexta, 23, a US$ 10,59 1/2 por bushel. Preocupações com o clima na Argentina, incertezas sobre o mandato do biodiesel nos Estados Unidos e sinais de atraso no plantio norte-americano sustentaram os contratos.

O dólar comercial teve alta semanal de 0,79%, atingindo a casa de R$ 5,7132 na manhã da sexta. Dúvidas sobre a questão fiscal no Brasil e a ameaça de novas tarifas- dessa vez para a União Europeia – por parte de Donald Trump ajudaram a sustentar a moeda americana na relação com o dólar, dando competitividade ao produto brasileiro.

Fonte: Dylan Della Pasqua e Lessandro Carvalho / Safras News



 

FONTE

Autor:Dylan Della Pasqua e Lessandro Carvalho / Safras News

Site: Safras & Mercado


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Sustentabilidade

Após revolução na soja, gramíneas são novo foco estratégico para os inoculantes biológicos – MAIS SOJA

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Depois de transformar a cultura da soja no Brasil, os bioinsumos, em especial os inoculantes, voltam-se agora para um novo horizonte: as gramíneas, como milho, cana-de-açúcar, arroz, trigo e pastagens. Segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA), o país já conta com 37 inoculantes voltados a essas culturas, com eficiência média entre 25% e 30%, além de 40 patentes em desenvolvimento. A adoção desses bioinsumos nas gramíneas pode representar uma economia de até 5,1 bilhões de dólares ao país, além de evitar a emissão de cerca de 18,5 milhões de toneladas de CO₂ equivalente por ano — reforçando o papel estratégico da agricultura biológica na construção de um agronegócio mais sustentável.

Entre os destaques está o uso de microrganismos como o Azospirillum, amplamente reconhecido por sua contribuição à fixação biológica de nitrogênio (FBN). Além desse microrganismo, outras soluções biológicas envolvem bactérias promotoras de crescimento e solubilizadoras de nutrientes, como as dos gêneros Bacillus e Pseudomonas. Já o fungo Trichoderma spp., embora tradicionalmente utilizado no controle biológico de pragas e doenças, também integra esse conjunto de tecnologias inovadoras voltadas ao aumento da eficiência agronômica de gramíneas.

Segundo o Plano Nacional de Fertilizantes 2050, diversificar o uso de bioinsumos em diferentes culturas é uma estratégia essencial em um cenário global de transição para práticas agrícolas mais sustentáveis, além de ser uma das maiores oportunidades para ampliar a FBN além da soja, reduzindo a dependência externa do Brasil em fertilizantes nitrogenados. Essas constatações estão reunidas no estudo “Bioinsumos como alternativa a fertilizantes químicos em gramíneas: uma análise sobre os aspectos de inovação do setor”, realizado pelo MAPA em parceria com entidades, como o Instituto Senai de Inovação em Biossintéticos e Fibras (ISI) e o Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA).

De acordo com a ANPII Bio (Associação Nacional de Promoção e Inovação da Indústria de Biológicos), que representa empresas com forte atuação no mercado de inoculantes, inclusive no desenvolvimento de soluções voltadas para gramíneas, o setor vem demonstrando crescimento expressivo. Ao ano, as empresas associadas comercializam mais de 40 milhões de doses de produtos baseados em microrganismos como o Azospirillum. Levantamento também mostra que, embora a soja ainda lidere o consumo de inoculantes, com 75% da participação, o milho já representa 16% do mercado, seguido pela cana com 4%. Ao considerar o uso de inoculantes em todas as culturas, as empresas associadas entregaram ao mercado, na última safra, 205,6 milhões de doses, com vendas que somaram R$ 527,5 milhões e expectativa de crescimento de 12,4% em 2025. A trajetória é sólida, com crescimento médio anual superior a 16% nos últimos anos. As tecnologias também vêm evoluindo rapidamente: em 2024, os produtos à base de Bradyrhizobium responderam por 57% das vendas (ou 77% em número de doses), mantendo a liderança. Já os inoculantes com Azospirillum Pseudomonas representaram, respectivamente, 29% e 4% das vendas, refletindo o avanço na diversificação do uso de microrganismos no campo.

Diante desse cenário, o tema esteve no centro das discussões do evento Executive Dinner, promovido pela ANPII Bio no último mês, em Brasília. Na ocasião, estiveram reunidas autoridades do Executivo, parlamentares, representantes do MAPA e da ANVISA, entidades representativas do setor produtivo, como a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), ABRAPA e APROSOJA, além de membros de embaixadas estrangeiras e lideranças da cadeia de bioinsumos. Durante seu discurso, Alessandro Cruvinel, diretor do Departamento de Apoio à Inovação Agropecuária do Ministério da Agricultura e ex-presidente do Conselho Estratégico do Programa Nacional de Bioinsumos, destacou a importância de expandir o uso de bioinsumos para culturas além da soja, com foco nas gramíneas. “Conseguimos zerar o uso de nitrogênio na soja com inoculantes. A pergunta agora é: isso pode acontecer com outras culturas?”, questionou.   

Para Guilherme de Figueiredo, presidente da ANPII Bio, “zerar a adubação nitrogenada” significa substituir completamente o uso de fertilizantes químicos nitrogenados pelo uso de inoculantes biológicos, que promovem a fixação biológica do nitrogênio, nutrindo a planta de forma natural e eficiente. “Esse modelo, consolidado na soja, é um grande desafio tecnicamente falando para outras culturas. A meta agora é acelerar o desenvolvimento e a adoção dessas tecnologias”, afirmou.

Alinhada a esse objetivo, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) também tem contribuído ativamente para o avanço dos bioinsumos. Clênio Pilon, diretor de Pesquisa e Desenvolvimento da instituição, destacou, durante o evento, que a Embrapa desenvolveu ativos baseados em bactérias solubilizadoras de fósforo, além de microrganismos capazes de favorecer o desenvolvimento das plantas mesmo sob estresse hídrico. “Estamos comprometidos com a revolução biológica, que é a terceira grande onda da agricultura”, reforçou.

A chamada “Revolução dos Biológicos”, como apontada por Clênio, tem ganhado força em um momento em que o agronegócio busca soluções mais sustentáveis e eficientes. Nesse contexto, os impactos ambientais e econômicos da adoção de inoculantes vêm sendo cada vez mais evidenciados por especialistas. Segundo levantamento realizado pela ANPII Bio em parceria com a pesquisadora da Embrapa, Mariangela Hungria da Cunha, a fixação biológica do nitrogênio (FBN) na soja evita a emissão de cerca de 5,4 toneladas de CO₂ por hectare. Considerando os 44 milhões de hectares cultivados no país, isso representa 236 milhões de toneladas de CO₂ não emitidas. Com o avanço da tecnologia no milho, o Brasil pode alcançar a marca de 240 milhões de toneladas de emissões evitadas.

Além dos ganhos ambientais, os dados revelam também benefícios econômicos expressivos. A redução no uso de fertilizantes químicos por meio da FBN gera uma economia de 27,4 bilhões de dólares — sendo que, no caso do milho, a substituição de apenas 25% da adubação nitrogenada por inoculação pode reduzir o custo de produção em até R$ 119,19 por hectare, o que representa uma economia nacional superior a 0,5 bilhão de dólares.

Marco legal acelera o avanço dos bioinsumos — Aprovada em dezembro de 2024, a Lei dos Bioinsumos (Lei nº 15.070/2024), que regulamenta a produção e uso desses produtos no país, é essencial para que o Brasil acelere cada vez mais o desenvolvimento e registro dessas tecnologias, que englobam, além dos inoculantes, produtos como biofertilizantes, biodefensivos, reguladores biológicos de crescimento e outros produtos à base metabólitos de microrganismos — essenciais para uma agricultura mais sustentável e menos dependente de insumos químicos.

“O marco regulatório recém-aprovado é um divisor de águas. Com mais segurança jurídica, o setor pode atrair investimentos, fomentar a pesquisa e levar tecnologias sustentáveis a mais produtores”, continuou o presidente da ANPII Bio. A partir disso, a expectativa é de que o Brasil se destaque ainda mais no cenário mundial: atualmente, o país já representa 11,3% do consumo global de bioinsumos, movimentando R$ 5,7 bilhões por ano. A estimativa é que o setor cresça 60% até 2030, alcançando R$ 9 bilhões em vendas.

No entanto, para que a nova lei seja plenamente regulamentada, é preciso que todos os diferentes elos da cadeia de bioinsumos — governo, indústrias, pesquisadores e agricultores — discutam de forma colaborativa para alcançar um equilíbrio entre inovação, segurança e a efetiva implementação das melhores práticas no setor. Observando essa necessidade, a ANPII Bio, que nasceu como representante dos produtores e importadores de inoculantes, mas hoje é uma das principais entidades do setor de bioinsumos no país, busca sempre dialogar com todas as partes envolvidas, promovendo eventos periódicos, como é o caso do Executive Dinner, onde estavam reunidos os principais protagonistas dessa transformação. “Estamos trabalhando em políticas públicas, regulamentações modernas e ampliação de mercados, inclusive para a pecuária e a produção animal”, continuou o presidente da entidade durante o seu discurso.

Júlia Emanuela de Souza, diretora de relações institucionais da ANPII Bio, reiterou que esse avanço só foi possível graças à união de todos que integram o setor de bioinsumos. “Se não fosse isso, o Brasil jamais estaria na vanguarda. Esse momento não é uma conquista do setor, mas de toda a agricultura brasileira”, afirmou durante o evento.

Ela ainda destacou que esses produtos são uma resposta à pergunta central da agricultura moderna: como aumentar a produção de alimentos sem esgotar os recursos naturais? “Estamos falando de produtos naturais, com alta eficiência, baixo impacto ambiental e grande compatibilidade com outras tecnologias. Os bioinsumos não são uma alternativa, mas sim uma solução de futuro, que gera empregos, estimula a inovação e preserva o nosso maior patrimônio, a Terra. Não estamos construindo um setor, estamos construindo um legado”.

Sobre a ANPII Bio:

Fundada em 1990, a ANPII Bio sempre teve como missão promover a fixação biológica de nitrogênio e promoção de crescimento vegetal como tecnologias estratégicas para uma agricultura sustentável. Com o tempo, a entidade evoluiu e, em 2024, se alinhando à dinâmica natural do mercado, ampliou o seu escopo e passou a atender também outras categorias de bioinsumos, em meio a um cenário de crescimento no uso, produção e exportação desses produtos, solidificando o Brasil como um dos principais mercados globais de insumos biológicos.

A ANPII Bio, primeira associação representativa de insumos biológicos no Brasil, vem desempenhando um papel crucial na construção de uma legislação moderna e segura junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e outros órgãos reguladores. Isso permite que o setor produtivo ofereça produtos eficientes e inovadores, com biotecnologia de ponta aplicada à agricultura sustentável.

Em parceria com a Embrapa e outras instituições de pesquisa, a ANPII Bio viabilizou estudos que diversificaram e expandiram o setor, com mais de 150 empresas desenvolvendo e comercializando bioinsumos que beneficiam agricultores, o meio ambiente e a sociedade. A presença da ANPII Bio em eventos científicos, feiras agrícolas e espaços de discussão, juntamente com seu programa gratuito de EAD, tem promovido maior entendimento e conhecimento sobre a tecnologia dos biológicos e seus benefícios para a agronomia, agricultura e economia do Brasil.

Atualmente, a ANPII Bio conta com 43 empresas associadas. A entidade também integra diversos fóruns relevantes de impacto ao desenvolvimento do setor no Brasil. Muito já foi feito e há muito o que se fazer para que os insumos biológicos estejam ainda mais presentes na agricultura brasileira e mundial e contribuam para a sustentabilidade da produção agrícola.

Para mais informações, acesse: www.anpiibio.org.br

Fonte: Assessoria de Imprensa ANPII Bio



 


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Sustentabilidade

Danos dos tripes na floração de soja – MAIS SOJA

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Considerada uma das principais pragas da soja, o tripes, possui a capacidade de causar perdas de produtividade de até 25% na cultura. As principais espécies de expressão econômica são a espécie Frankliniella occidentalis, a Frankliniella schultzei e a Caliothrips sp. (Zanattan; Nunes; Madaloz, 2023).

A praga apresenta curto ciclo de vida, podendo acometer a soja ainda nos estádios iniciais do desenvolvimento das plantas. Condições de estiagem favorecem o desenvolvimento dos tripes, tornando necessário realizar o controle químico da praga para reduzir as perdas de produtividade.

O curto ciclo de vida é em média de 15 dias, fato que contribui para a elevada proliferação da praga. No caso de F. schultzei, os adultos se reproduzem por partenogênese e cada fêmea coloca em média 75 ovos (Sosa-Gómez et al., 2014).

As folhas atacadas pelos tripes apresentam pontuações prateadas, um sintoma típico da alimentação dessa praga. Além dos danos diretos causados pela raspagem do tecido foliar, os tripes podem provocar prejuízos ainda maiores ao atuarem como vetores de doenças, especialmente do vírus associado à “queima-do-broto”, que pode comprometer seriamente o desenvolvimento da soja e reduzir o potencial produtivo da lavoura  (Sosa-Gómez et al., 2014).

Figura 1. Danos característicos de tripes em soja.

Além dos danos ao dossel da cultura, um estudo conduzido por Neves e colaboradores (2022) demonstrou que os tripes também são capazes de reduzir estruturas fisiológicas da planta importantes para a formação dos grãos, mais especificamente, as flores. Analisando os níveis de dano econômico para tripes em soja, com aplicações de inseticidas por aeronaves e tratores, os autores observaram haver uma relação entre a densidade de tripes e a redução do número de flores de soja. A unidade de amostra utilizada no estudo consistia em uma bandeja de 40x25x3cm, totalizando 0,1 m². As amostragens foram realizadas no dossel da cultura (figura 2).

Figura 2. A) Estádios fenológicos das plantas de soja, (B) amostragem da densidade de tripes usando uma bandeja plástica, (C) avaliação das perdas devido ao abortamento de flores.
Fonte: Neves et al. (2022)

Os resultados obtidos por Neves et al. (2022) demonstram que, para cada 2,44 tripes por amostra, perde-se 1% de flores de soja por abortamento. Os danos observados durante o período reprodutivo da soja indicam que esse é o período fenológico em que os danos realmente ocorrem. Assim, Frankliniella schultzei e Caliothrips phaseoli, mesmo em densidades observadas de até oito indivíduos por amostra, causaram perdas por meio da queda de flores.

Além disso, observou-se que, em plantas atacadas por tripes, os grãos de pólen tendem a se aglutinar, o que também contribui para o aborto floral (Neves et al., 2022). A redução do número de flores impacta diretamente a formação do número de legumes por planta, reduzindo consequentemente a produtividade da cultura.

Figura 3. Regressão linear das perdas de rendimento (%) em função da densidade de tripes em plantas de soja na fase reprodutiva. Cada círculo representa os dados de uma das 80 repetições.
Adaptado: Neves et al. (2022)

Com relação ao nível de dano econômico (NDE) para Frankliniella schultzei e Caliothrips phaseoli, embora esse valor possa variar de acordo com os custos de controle, para as condições do presente estudo, Neves et al. (2022) concluem que, o  NDE para o controle via aplicação trataorizada é de 3,43 tripes por amostra, enquanto que o NDE para o controle via aplicação aérea é de 4,53 tripes por amostra.

De acordo com as recomendações de manejo para a cultura da soja, orienta-se o que o controle químico dos tripes seja realizado quando atingir o nível de infestação de aproximadamente 20 tripes por folíolo.

Confira o trabalho completo de Neves e colaboradores (2022) clicando aqui!


Veja mais: Controle químico de tripes em soja


Referências:

NEVES, D. V. C. et al. ECONOMIC INJURY LEVELS FOR CONTROL DECISION-MAKING OF THRIPS IN SOYBEAN CROPS (Glycine max (L.) Merrill). Research, Society and Development, 2022. Disponível em: < https://rsdjournal.org/index.php/rsd/article/view/32114 >, acesso em: 23/05/2025.

SOSA-GÓMEZ, D. R. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE INSETOS E OUTROS INVERTEBRADOS DA CULTURA DA SOJA. Embrapa, Documentos, n. 269, 2014. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/991685/1/Doc269OL.pdf >, acesso em: 23/05/2025.

ZANATTA, F.; NUNES, M.; MADALOZ, J. OCORRENCIA DE TRIPES NAS CULTURAS DE SOJA E MILHO. PIONNER AGRONOMIA, CROP FOCUS, 2023. Disponível em: < https://www.pioneer.com/content/dam/dpagco/pioneer/la/br/pt/files/Crop_focus_ocorrncia_de_tripes_em_soja_e_milho.pdf >, acesso em: 23/05/2025.


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