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. . . . . . . . . . . . . . . 22 de May de 2025

Sustentabilidade

Eficiência de fungicidas para manchas foliares do trigo na Rede de Ensaios Cooperativos, safra 2024 – MAIS SOJA

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Resumo 

A cultura do trigo (Triticum aestivum) é afetada por um grupo de fungos causadores de manchas foliares, entre os quais se destacam Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Parastagonospora nodorum (mancha da gluma). Esses patógenos podem ocorrer de forma isolada ou conjunta, causando perdas de produtividade. O objetivo desse trabalho foi avaliar a eficiência de diferentes fungicidas para o controle de manchas foliares do trigo no Brasil, através de uma rede multilocal de ensaios cooperativos. Na safra de 2024, foram conduzidos 14 ensaios (sete no Rio Grande do Sul, cinco no Paraná, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal), sob infecção natural em campo. Nos ensaios, foram usadas cultivares com diferentes reações de resistência/suscetibilidade às manchas foliares e adaptadas às regiões do ensaio. Os tratamentos fungicidas englobaram diferentes princípios ativos, associados num mesmo produto e/ou em combinação de mais de um produto comercial. Todos os fungicidas testados, nas condições dos ensaios, com três aplicações sequenciais, demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para o produto contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem.

Introdução

As manchas foliares do trigo causadas por um grupo de fungos, entre os quais se destacam Pyrenophora tritici-repentis (mancha-amarela), Cochliobolus sativus (mancha-marrom) e Parastagonospora nodorum (syn. Stagonospora nodorum, mancha da gluma), afetam a cultura, levando a perdas significativas de produtividade e de qualidade dos grãos. Esses patógenos podem ocorrer de forma isolada ou compondo o complexo de manchas foliares, quando incidem de forma conjunta na mesma planta e/ou na mesma folha. Sintomas com lesões necróticas são observados no tecido foliar, geralmente com halo clorótico. Em cultivares suscetíveis, ocorre expansão das lesões, que reduzem a área fotossintética ativa da folha afetada, intensificando os danos e as perdas. Comumente, são as primeiras doenças observadas nas lavouras devido à alta habilidade saprofítica, com capacidade de sobrevivência em sementes, em restos culturais (entre uma safra e outra) e em outros hospedeiros, como centeio e triticale (Lau et al., 2020; Maciel et al., 2020).

A mancha-amarela do trigo é, preponderante no complexo de manchas foliares, mais frequente e intensa nas lavouras na Região Sul do Brasil. A mancha-marrom, de ocorrência predominante no norte do Paraná ao Centro-Oeste brasileiro, destaca-se por seu agente patogênico ser mais frequentemente associado às sementes de trigo, enquanto que a mancha da gluma é de menor incidência no Brasil e com maior importância nos Estados Unidos e Austrália (Bertagnolli, 2018; Lau et al., 2020; Maciel et al., 2020).

Anos com precipitações pluviais após semeadura e volumes de chuvas frequentes nas primeiras fases de desenvolvimento do trigo favorecem o aparecimento de manchas foliares. Essa situação pode se agravar se for associada à ausência de tratamento de sementes e ao uso de áreas de monocultura de trigo. No caso de uso de cultivares com suscetibilidade à doença, submetidas a condições climáticas favoráveis, é indispensável o controle químico com aplicações de fungicidas. O controle químico tem a f inalidade de minimizar os danos nas folhas, diminuindo a formação de novas lesões e sua expansão, que podem acarretar em perda de folhas e reduções de produtividade. As estratégias de controle disponíveis atualmente são: diversificação de culturas, uso de cultivares com resistência, uso de sementes sadias e/ou tratamento de sementes, equilíbrio nutricional da planta (evitando deficiência de nitrogênio) e aplicação de fungicidas na parte aérea (Lau et al., 2020; Kuhnem et al., 2021).

A Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo reúne diversas instituições de pesquisa e empresas, públicas e privadas, para condução de ensaios de campo com o objetivo de avaliar a eficiência de fungicidas (registrados ou em fase de registro no Ministério da Agricultura e Pecuária – Mapa) em relação ao controle do complexo de manchas foliares, sob infecção natural, nas principais regiões tritícolas do Brasil, em cada safra. A primeira publicação para o controle de manchas foliares foi realizada nas safras 2018 e 2019 (Santana et al., 2021). Desde então, seguiram as publicações das safras 2020 e 2021 (Santana et al., 2024), 2022 (Ferreira et al., 2023) e 2023 (Ferreira et al., 2024). Este documento relata os resultados obtidos nos ensaios cooperativos para controle de manchas foliares de trigo com uso de fungicidas, na safra de 2024.

Os resultados do estudo estão alinhados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2 e 12 da ONU, pois permitem a escolha de fungicidas mais eficientes no controle de manchas foliares do trigo e a diminuição das perdas das lavouras em decorrência dessa doença. Além disso, possibilitam preservar a renda do produtor e a produtividade da cultura do trigo.

Material e métodos

Na safra de 2024 foram conduzidos 14 ensaios de eficiência de fungicidas para controle de manchas foliares em trigo (sete no Rio Grande do Sul, cinco no Paraná, um em Minas Gerais e um no Distrito Federal) (Figura 1), fazendo uso de cultivares com resistência/suscetibilidade variada às manchas foliares e adaptadas às regiões dos ensaios (Tabela 1). O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, com nove tratamentos e quatro repetições por tratamento. A área total mínima da parcela experimental foi de 11 m2, com espaçamento entre linhas de 0,17 m e densidade de semeadura de 300 a 350 sementes viáveis m2. Quando necessário, de acordo com as estratégias de manejo de cada local, as sementes foram tratadas com inseticida sistêmico imidacloprido + tiodicarbe (300 mL 100 kg-1 sementes) antes da semeadura. A adubação foi realizada conforme Informações Técnicas para Trigo e Triticale, safras 2024 e 2025 (Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, 2024).

Nos ensaios, foram utilizados tratamentos com fungicidas com distintos ingredientes ativos de diferentes grupos químicos (Tabela 2). Além destes tratamentos, os ensaios contaram com um controle negativo (T1), sem aplicação de fungicida para a doença alvo, e um controle para comparação, com trifloxistrobina + tebuconazol (T2).

Foram realizadas três aplicações sequenciais de fungicidas, sendo a primeira no estádio 31 (primeiro nó visível e segundo nó perceptível — alongamento), a segunda no estádio 49 (folha bandeira totalmente expandida — fim do emborrachamento), e a terceira no estádio 55 (com 25% de florescimento), pela escala de Zadoks et al. (1974), respeitando-se intervalo de, no mínimo, 12 dias e, no máximo, 18 dias. As pulverizações foram realizadas com pulverizador de precisão com pressão constante, volume de calda de 150 L ha-1 e espectro de gotas médias a finas. Fungicidas com Registro Especial Temporário (RET) para experimentação foram utilizados apenas nas empresas credenciadas junto ao Mapa (Tabela 1).

A avaliação da severidade das doenças, na folha bandeira (FB) e na folha bandeira-1 (FB-1), foi realizada seguindo a escala adaptada de Lamari e Bernier (1989) em todas as plantas das três linhas centrais de cada parcela experimental. Para acompanhamento da evolução das doenças, foram realizadas duas avaliações de sintomas: a primeira aos 14 dias após a segunda aplicação de fungicidas, e a segunda, aos 14 dias após a terceira aplicação de fungicidas. A porcentagem de severidade observada 14 dias após a terceira aplicação foi utilizada para análise estatística multilocais. Foi realizada análise estatística e demonstração na forma de diagrama ‘boxplot’.

O rendimento de grãos (kg ha-1) de cada parcela foi estimado com ajuste a 13% de umidade, sendo a área mínima de colheita de 4 m2. A amostragem foi no centro de cada parcela ao final do ciclo da cultura e foi usado para o cálculo de rendimento e do peso do hectolitro (PH).

Os dados foram analisados utilizando-se modelos lineares mistos para avaliar o efeito dos tratamentos fungicidas nas variáveis-resposta: severidade, rendimento e peso do hectolitro (PH) de grãos. Os modelos incluíram efeitos fixos, associados aos tratamentos fungicidas, e efeitos aleatórios para capturar as fontes de variação atribuídas aos blocos, locais e cultivares. Quando necessário, as variáveis-resposta foram transformadas para atender às premissas de normalidade e homogeneidade das variâncias. A comparação das médias estimadas de severidade, rendimento e PH entre os tratamentos foi realizada por meio do teste de Tukey, com nível de significância de 5%. O controle das manchas foliares foi calculado como o percentual de redução da severidade em relação ao tratamento sem aplicação de fungicida (Tratamento 1, controle negativo), utilizando-se a seguinte fórmula:

Todas as análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o software R (R Core Team, 2024).

Resultados e discussão

Análise das parcelas sem aplicação de fungicidas: a ocorrência natural de manchas foliares em trigo foi registrada em 12 dos 14 locais avaliados, considerando-se as parcelas do tratamento 1, sem aplicação de fungicidas (Tabela 3). Em Cafelândia, não foram observados sintomas, enquanto que, em Capão do Leão, a condução final do experimento foi inviabilizada por condições ambientais desfavoráveis na safra de 2024. A severidade das manchas foliares variou de 1,6% (Planaltina) a 50,0% (Coxilha), com média aritmética geral de 21,0%. Os locais onde as doenças foliares tiveram severidade acima da média geral foram Ponta Grossa (E7), Coxilha (E9), Jaboticaba (E11) e Passo Fundo (E12 e E13). Ponta Grossa e Jaboticaba também estiveram entre os municípios que apresentaram severidade acima da média (28,6%) observado na safra de 2023 (Ferreira et al., 2024).

A média do peso do hectolitro (PH) dos grãos de trigo foi de 69,2 kg hL⁻¹, variando entre 51,1 em Ponta Grossa e 79,8 kg hL⁻¹ em Passo Fundo (E13). Grãos obtidos nos ensaios conduzidos nos municípios de Cafelândia, Guarapuava, Palmeira, Ponta Grossa, Cruz Alta e Passo Fundo (E12) apresentaram PH médio inferior a 72 kg hL⁻¹, sendo classificados como fora do padrão comercial (fora do tipo). Nos municípios de Jaboticaba e Campo Mourão, os grãos apresentaram PH médio de 72 e de 73,8 kg hL⁻¹, respectivamente, sendo classificados como Tipo III. Já os grãos produzidos em Planaltina, Coxilha e Santa Bárbara do Sul apresentaram PH entre 75 e 78 kg hL⁻¹, classificados como Tipo II, destinados principalmente à moagem e outras finalidades. Por outro lado, grãos destinados diretamente à alimentação humana foram obtidos somente no município de Passo Fundo (E13), com PH médio superior a 78 kg hL⁻¹, o mínimo exigido para a classificação como Tipo I (Brasil, 2010).

Os dois ensaios conduzidos em Passo Fundo (E12 e E13) apresentaram discrepâncias significativas na classificação dos grãos, possivelmente relacionadas a fatores como condições específicas da cultivar utilizada, áreas experimentais e ocorrência de doenças. No entanto, a influência de manchas foliares sobre o PH foi descartada, visto que a severidade dessas doenças foi numericamente maior no E13, embora os grãos dessa área tenham obtido a melhor classificação. Em contrapartida, a ocorrência severa de outras doenças, como giberela e brusone, nesses ensaios, podem ter impactado diretamente o PH dos grãos. Estas doenças, que acometem as espigas, estão fortemente associadas ao desenvolvimento inadequado ou limitado dos grãos, mesmo em locais onde a severidade das manchas foliares foi relativamente baixa (Ferreira et al., 2024).

O rendimento médio de grãos foi de 2.538 kg ha⁻¹, com valores variando de 463 em Ijaci (MG), a 5.493 kg ha⁻¹, em Passo Fundo (E13, RS). Não foi observada relação consistente entre a ocorrência de doenças e o rendimento de grãos. Por exemplo, no ensaio E1, conduzido em Planaltina, a baixa produtividade não foi acompanhada por alta severidade de manchas foliares. Ademais, ensaios com altas produtividades, como em Passo Fundo, apresentaram severidade de manchas foliares superior a 25%. Esses resultados corroboram observações feitas na safra de 2023, na Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo (Ferreira et al., 2024). Portanto, a avaliação da relação entre a severidade das manchas foliares e o rendimento do trigo em diferentes regiões deve levar também em conta os fatores ambientais e as práticas de manejo agrícola que influenciaram essas interações.

Análise das parcelas com e sem fungicida: a análise da eficácia dos fungicidas não incluiu os ensaios realizados em Cafelândia (ausência da doença) e em Capão do Leão (perda do experimento). Nos demais locais, observou-se que todos os fungicidas testados foram capazes de reduzir a severidade de manchas foliares no trigo, com valores variando de 3,7% para o tratamento à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem (T8) a 8,4% no controle para comparação (T2 – trifloxistrobina + tebuconazol) e comparação ao controle negativo sem aplicação de fungicidas (T1) com 18,9% de severidade (Figura 2A, Tabela 4). A eficácia dos fungicidas oscilou entre 55,6% (T2) e 80,5% (T8, propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem). Entre os fungicidas avaliados, o tratamento T7 à base de pidiflumetofem e azoxistrobina + ciproconazol, e o T8, à base de propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem, foram os mais eficazes no controle da doença, superando significativamente todos os outros tratamentos, exceto o tratamento T6, composto por epoxiconazol + cresoxim-metílico e piraclostrobina + epoxiconazol. O desempenho estatisticamente similar entre os tratamentos T7 e T8 pode ser atribuído ao uso de dois ingredientes ativos em comum, diferindo apenas em um componente. O controle positivo (T2) apresentou desempenho inferior em relação a todos os tratamentos fungicidas testados. Apesar da diferença estatística entre os tratamentos fungicidas, todos apresentaram severidade menor que 8%.

A associação de dois produtos comerciais no tratamento T7 também demonstrou maior eficácia no controle da doença em comparação com os tratamentos T5, T3 e T2. No entanto, o tratamento T7 não apresentou diferença estatística dos tratamentos T4 e T6. O controle para comparação, representado pelo tratamento T2, apresentou desempenho inferior em relação à maioria dos tratamentos testados, exceto ao tratamento T5. Apesar da diferença estatística entre os tratamentos fungicidas, todos apresentaram severidade menor que 8,4%.

O rendimento médio estimado de grãos de trigo nas parcelas sem aplicação de fungicidas foi de 2.100 kg ha⁻¹, valor significativamente inferior ao observado nas parcelas tratadas com fungicidas (Figura 2B, Tabela 5). Nas parcelas tratadas, o rendimento médio variou entre 2.546 kg ha⁻¹, no tratamento T2, e 2.898 kg ha⁻¹ no tratamento T3, resultando em incrementos de produtividade que variaram de 440 a 792 kg ha⁻¹. Observou-se que as parcelas que apresentaram os maiores rendimentos não coincidiram com aquelas que registraram a menor severidade de manchas foliares, o que sugere que outros fatores, além da severidade, também podem ter contribuído para os resultados de produtividade.

Em relação ao peso do hectolitro (PH), o tratamento T1 apresentou valor médio de 69,8 kg hL⁻¹, significativamente inferior aos valores observados nos tratamentos com aplicação de fungicidas, com exceção do T2 (Figura 2C, Tabela 6). Entre os tratamentos avaliados, apenas T3 e T8 produziram grãos com PHs superiores ao do controle para comparação; entretanto, não diferiram estatisticamente dos tratamentos T4, T5, T6 e T7. Contudo, nenhuma das médias estimadas atingiu valores superiores a 75 kg hL⁻¹, limiar necessário para a classificação no Grupo II (Brasil, 2010).

Conclusões

1) Todos os fungicidas testados demonstraram eficácia no controle de manchas foliares no trigo, com destaque para os produtos contendo propiconazol + azoxistrobina + pidiflumetofem e pidif lumetofem e azoxistrobina + ciproconazol, que superaram os 76,7%.

2) Além de proporcionarem controle superior da doença, nos tratamentos com esses fungicidas foram observados maiores rendimento de grãos e PH. No entanto, apesar desse desempenho específico, não foi observada relação direta entre a severidade das manchas foliares e o rendimento de grãos nos tratamentos testados.

3) A falta de relação entre rendimento de grãos e severidade de doenças foliares em trigo sugere que outros fatores, como doenças que afetam diretamente as espigas, ou condições ambientais específicas, podem ter desempenhado papel relevante na determinação do rendimento.

Os resultados de controle de manchas foliares de trigo aqui apresentados servem para comparativo entre alguns produtos fungicidas disponíveis para os produtores ou ainda em fase de registro, e a utilização de três aplicações sequenciais do mesmo produto não deve ser tomada como indicação de controle. A alternância de fungicidas com mecanismos de ação distintos deve ser observada como regra, para se evitar o surgimento de variantes mais agressivas de patógenos (Resumo…, 2025).

Confira o Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento 128 completo, clicando aqui!

Foto de capa: Antunes, Joseani Mesquita

Fonte: Embrapa Trigo 



 

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Autor:Embrapa Trigo

Site: Embrapa


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Sustentabilidade

Consórcio de leguminosas com gramíneas alia produtividade e qualidade na safrinha – MAIS SOJA

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Durante o Showtec 2025, evento de tecnologia agropecuária realizado em Mato Grosso do Sul, o pesquisador Rodrigo Arroyo Garcia, da Embrapa Agropecuária Oeste (Dourados, MS), apresentou os avanços e os benefícios do consórcio entre leguminosas e gramíneas no sistema de produção agrícola. A proposta visa aliar alta produção de biomassa com qualidade da palhada, elemento essencial para o sucesso do Sistema Plantio Direto.

“Os capins são protagonistas na geração de matéria seca em grande volume, tanto na parte aérea quanto nas raízes, o que contribui diretamente para a melhoria do solo. Mas as leguminosas agregam qualidade a essa biomassa, com benefícios como a fixação biológica de nitrogênio e o controle de nematoides”, explica Garcia.

Entre as leguminosas de destaque, estão as crotalárias (em especial a Crotalaria ochroleuca e C. juncea) e o feijão-guandu, incluindo sua versão anã. Essas espécies, quando combinadas com gramíneas como Brachiaria ruziziensisB. brizantha (cv. Xaraés, Piatã), ou mesmo com panicum como o capim-aruana, resultam em um consórcio com alto potencial para cobertura de solo, controle biológico e alimentação animal.

Oportunidade durante a safrinha

A recomendação do pesquisador é que o produtor utilize parte da área da safrinha, em Mato Grosso do Sul, para o cultivo dessas plantas de cobertura, especialmente a partir do final de fevereiro, quando os riscos climáticos aumentam e o potencial produtivo do milho diminui.

“O custo do milho safrinha é alto e os riscos são maiores nessa época. Por isso, deixar de 20% a 25% da área para coberturas é uma estratégia inteligente. Em poucos anos, o produtor consegue rodar toda a área e melhorar o solo, o sistema como um todo e ainda potencializar a cultura da soja que vem na sequência”, orienta o pesquisador.

Segundo Garcia, em áreas de pousio durante a safrinha no estado, principalmente em solos arenosos ou em regiões com menor histórico de uso agrícola, o uso de plantas de cobertura é uma alternativa viável, econômica e de baixo risco.

Integração com a pecuária

O consórcio também pode ser integrado à pecuária, desde que as leguminosas escolhidas não sejam tóxicas aos animais. “Espécies como a Crotalaria spectabilis e C. breviflora são tóxicas e não podem ser pastejadas. Mas a C. ochroleuca e a C. juncea são seguras e ainda melhoram a alimentação do gado, fornecendo proteína e contribuindo para o ganho de peso”, ressalta o pesquisador.

Pesquisa em expansão

A Embrapa Agropecuária Oeste conduz pesquisas nessa linha desde 2016. O trabalho envolve o desenvolvimento de combinações de espécies, estratégias de manejo, métodos de implantação e soluções para desafios técnicos, como o controle de plantas daninhas e da soja voluntária.

“O setor privado também tem avançado nessa linha, com oferta de mixes de cobertura que reúnem três ou quatro espécies. A lógica é a mesma: diversificar e explorar sinergias entre plantas com características complementares para fortalecer o sistema produtivo”, finaliza o pesquisador.

Embrapa no Showtec

A Embrapa marca presença na 28ª edição do Showtec como uma das instituições apoiadoras do evento. Durante os três dias da feira, a empresa apresenta tecnologias voltadas à resiliência dos sistemas produtivos e ao enfrentamento das mudanças climáticas. Entre os destaques estão o consórcio milho safrinha com braquiária, o software Guia Clima, o sorgo granífero para produção de etanol, o consórcio de gramínea com leguminosa, a integração lavoura-pecuária-floresta, além dos sistemas Antecipasto e Diamantino.

Nesta edição, participam três Centros de Pesquisa da Embrapa: Agropecuária Oeste (Dourados, MS), Gado de Corte (Campo Grande, MS) e Milho e Sorgo (Sete Lagoas, MG).

Quatro dessas soluções — Consórcio Milho Safrinha com Braquiária, Guia Clima (nas versões aplicativo e site), Sistema Antecipasto e Sistema Diamantino — também integram a “Jornada pelo Clima”, iniciativa que reúne 150 ativos tecnológicos da Embrapa e estarão no estande da instituição durante a COP30, que será realizada em Belém, PA.

Jornada pelo Clima

A Embrapa lidera a Jornada pelo Clima, iniciativa que visa debater e esclarecer os desafios e as soluções para uma agricultura de baixo carbono, inclusiva e resiliente à mudança do clima, nos diferentes biomas. A ação busca promover a ciência e as práticas sustentáveis no ano em que o Brasil sedia a Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas (COP30), em novembro, em Belém (PA).

Fonte: Silvia Zoche Borges/Embrapa Agropecuária Oeste



 

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Autor:Silvia Zoche Borges/Embrapa Agropecuária Oeste

Site: EMBRAPA


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Subcomissão para debater papel do agro na COP 30 é instalada

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A Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados instalou nessa quarta-feira (21) a Subcomissão Especial voltada à Transição Energética e o Papel do Agronegócio na COP 30, a ser realizada em Belém, Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro.

A iniciativa, da deputada federal Marussa Boldrin (MDB-GO), vem na esteira do protagonismo ambiental global que o Brasil deve alcançar durante o evento. Para a parlamentar, o agronegócio brasileiro é fundamental nesse processo.

“O setor tem potencial significativo para contribuir com a transição energética, seja na produção de biocombustíveis e bioenergia, na captura de carbono, ou na adoção de práticas sustentáveis de produção”, destacou.

Segundo ela, a nova subcomissão terá como missão aprofundar o debate sobre políticas públicas, inovação tecnológica e regulamentações voltadas à sustentabilidade no campo, além de promover articulação entre o setor produtivo, comunidade científica e organismos internacionais.

Composta por seis membros titulares e seis suplentes, a deputada destaca que a subcomissão especial buscará garantir que as contribuições do agronegócio brasileiro sejam devidamente reconhecidas nas negociações climáticas da COP 30.

A eleição para a escolha de presidente, vice-presidente e relator da iniciativa acontecerá na próxima reunião deliberativa, prevista para 28 de maio.

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Sustentabilidade

Tecnologia da TMF Fertilizantes entrega maior produtividade e resposta ao NPK com aplicação simplificada – MAIS SOJA

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O avanço da agricultura brasileira depende cada vez mais da adoção de práticas que promovam não apenas o aumento da produtividade, mas também a longevidade nutricional dos solos. Nesse cenário, o manejo da fertilidade ganha protagonismo, especialmente em regiões como o Sul, sem deixar de atender às demandas específicas de outras áreas estratégicas, como o Cerrado, onde são comuns deficiências de nutrientes essenciais, como cálcio (Ca), enxofre (S) e boro (B).

Com o objetivo de oferecer uma solução eficiente e completa para esse desafio, a TMF Fertilizantes lança o Isofertil Force S Plus, fertilizante multinutriente que combina cálcio, enxofre, boro e silício em um único grânulo. A formulação exclusiva da companhia foi desenvolvida para atuar em todas as fases do ciclo produtivo, promovendo nutrição equilibrada, eficiência operacional e alto desempenho agronômico.

Os resultados em campo comprovam os diferenciais do produto. Ensaios realizados em propriedades de Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul demonstraram ganhos de produtividade de até 15% na soja, 23% no milho e 17% no trigo, em comparação com o manejo convencional.

“O Isofertil Force S Plus entrega uma nutrição eficiente, com liberação gradual dos nutrientes, e corrige falhas estruturais do solo, promovendo lavouras mais produtivas e saudáveis desde as fases iniciais”, destaca Walmor Roim, gerente de Marketing da Allterra, holding composta pela TMF Fertilizantes e pela Microgeo.

Além do incremento produtivo, a nova tecnologia favorece a estrutura das plantas, intensifica o pegamento de grãos e frutos e contribui para a preservação da fertilidade do solo durante todo o ciclo. A solução também melhora o aproveitamento dos fertilizantes NPK, potencializando a resposta das culturas graças à sinergia entre cálcio e boro e à liberação controlada do enxofre.

Um dos grandes diferenciais do Isofertil Force S Plus está na praticidade operacional. Ao reunir múltiplos nutrientes em um único grânulo, o produto reduz o número de aplicações, gerando economia de tempo, recursos e mão de obra. Sua composição homogênea assegura distribuição uniforme dos nutrientes, promovendo lavouras mais equilibradas, enquanto a liberação gradual minimiza perdas por lixiviação e prolonga os efeitos nutricionais.

Por atuar diretamente na correção de falhas do solo e favorecer a fertilidade química e biológica, o Isofertil Force S Plus também se integra com facilidade às práticas da agricultura regenerativa.

“Essa tecnologia representa uma evolução no manejo nutricional, unindo praticidade e alto desempenho em uma única solução. É uma inovação desenvolvida para responder aos desafios reais dos agricultores brasileiros em todas as regiões, promovendo lavouras mais produtivas, solos mais saudáveis e uma agricultura cada vez mais eficiente e sustentável”, finaliza Roim.

Sobre a TMF Fertilizantes

Com mais de 17 anos de atuação no agronegócio, a TMF Fertilizantes é pioneira no desenvolvimento de tecnologias para fertilidade do solo. Presente nas principais regiões agrícolas do Brasil e no Paraguai, a empresa oferece soluções multinutrientes de alta performance, com produtos alinhados à realidade do produtor brasileiro.

A TMF integra a holding Allterra desde 2023 e compartilha o compromisso de promover uma agricultura mais eficiente, regenerativa e sustentável. Seus fertilizantes especiais são desenvolvidos com foco em inovação, custo-benefício e compatibilidade com práticas agrícolas sustentáveis, como plantio direto, rotação de culturas e cultivo reduzido.

Fonte: Assessoria de Imprensa TMF Fertilizantes



 


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