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. . . . . . . . . . . . . . . 8 de May de 2025

Sustentabilidade

Análise Cepea: Oferta brasileira recorde de algodão tem colocado o País em posição de destaque no mundo – MAIS SOJA

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A oferta brasileira recorde de algodão em pluma tem colocado o País em posição de destaque no mundo. Dados do USDA de abril indicam que a produção nacional já representa 14% do total global da temporada 2024/25. As exportações brasileiras da pluma, por sua vez, estão intensas e já correspondem por 30,5% dos embarques mundiais. Trata-se da maior participação da história e está, desde meados de 2024, acima da registrada para os Estados Unidos, de 25,8%, que, até então, sustentavam a primeira posição nesse ranking.

De acordo com a Secex, em apenas nove meses da safra 2024/25 (de agosto/24 a abril/25), o Brasil já exportou 2,38 milhões de toneladas, apenas 11% menos que o total escoado em toda a temporada anterior. Em abril, foram embarcadas 239,1 mil toneladas de algodão em pluma, alinhado com o volume março/25 (239,06 mil toneladas) e o segundo maior para o mês, abaixo apenas do de abril/24 (241,4 mil toneladas).

Quanto ao preço, a média da pluma exportada foi de US$ 0,7381/lp em abril, recuos de 1,6% no comparativo mensal (US$ 0,7500/lp) e de 17,1% no anual (US$ 0,8898/lp). Em moeda nacional, o valor recebido pela pluma exportada foi de R$ 4,2636/lp, ligeiramente inferior (-0,3%) ao valor do mercado interno (R$ 4,2774/lp). Ressalta-se que a última vez que o Cepea verificou que o preço da pluma exportada ficou abaixo do valor doméstico foi em agosto/23 (-0,7%).

MERCADO INTERNO – Em abril, a cotação doméstica do algodão em pluma continuou sendo sustentada pela posição firme de vendedores que ainda possuíam lotes remanescentes da temporada 2023/24. Além de atentos à recuperação dos preços internacionais, cotonicultores demonstraram estar capitalizados e/ou seguiram adquirindo recurso com a venda de outros produtos, como a soja, ou até mesmo focados no cumprimento de contratos a termo.

Compradores com necessidade imediata estiveram dispostos a pagar mais para novas aquisições, especialmente para a pluma de qualidade superior. Já outra parcela das empresas esteve recuada, fazendo novas compras apenas quando encontraram oportunidade de repor estoques, uma vez que estiveram atentas aos repasses para os manufaturados.

Em abril, o Indicador CEPEA/ESALQ, com pagamento em 8 dias, acumulou alta de 4,04%, fechando a R$ 4,3871/lp no dia 30 – o maior valor nominal desde o dia 11 de abril de 2023 (R$4,3870/lp). Abril foi o terceiro mês consecutivo da alta no valor interno.

A média mensal de abril/25 ficou 1,49% acima da de março/25, mas 0,5% inferior à de abril/24, em termos reais (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/25). Além disso, a média atual supera em 8,5% a paridade de exportação.

Em dólar, a média mensal do Indicador à vista foi de US$ 0,7385/lp, 11,6% maior que a do primeiro vencimento na Bolsa de Nova York (ICE Futures), de US$ 0,6620/lp, mas 5,8% abaixo da do Índice Cotlook A, de US$ 0,7839/lp.

MERCADO INTERNACIONAL – Cálculos do Cepea apontam que a paridade de exportação na condição FAS (Free Alongside Ship) avançou 0,8% entre 31 de março e 30 de abril, passando para R$ 3,8934/lp (US$ 0,6864/lp) no porto de Santos (SP) e R$ 3,9039/lp (US$ 0,6883/lp) no de Paranaguá (PR) no dia 30. No mesmo período, o dólar se desvalorizou 0,6% frente ao Real, para R$ 5,672 e o Índice Cotlook A caiu 0,19%, a US$ 0,79/lp.

Na Bolsa de Nova York, os quatro primeiros contratos futuros registraram queda no mês. De 31 de março a 30 de abril, o contrato Maio/25 recuou 1,59%, a US$ 0,6577/lp no dia 30; o contrato Jul/25 caiu 2,9%, a US$ 0,6602/lp; para Out/25, houve retração de 2,59%, a US$ 0,6803/lp, e, para Dez/25, de 3,05%, a US$ 0,6779/lp.

CAROÇO DE ALGODÃO – O ritmo de comercialização no mercado de caroço de algodão seguiu lento e os preços, elevados, uma vez que a oferta esteve restrita no spot. Alguns compradores até demonstraram interesse na aquisição do produto, mas a falta de estoque dificultou novos fechamentos.

No físico, levantamento do Cepea mostra que a média do caroço no mercado spot em abril/25 foi de R$ 1.446,41/tonelada em Campo Novo do Parecis (MT), altas de 10,8% em relação ao mês anterior e de expressivos 126,6% sobre abril/24 (R$ 638,30/t), em termos reais – as médias mensais foram deflacionadas pelo IGP-DI de março/25.

Em Lucas do Rio Verde (MT), o avanço foi de 15,6% na comparação mensal e de 150,7% na anual, a R$ 1.537,50/t em abril/25. Em Primavera do Leste (MT), a média foi de R$ 1.535,33/t, respectivos aumentos de 10,6% e de 104,2%.

Confira o Agromensal do Algodão de Abril/2025/Análise Conjuntural Cepea completo, clicando aqui!

Fonte: Cepea



 

FONTE

Autor:AGROMENSAIS ABRIL/2025

Site: CEPEA


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Soja/RS: Com avanço significativo, colheita atinge 95% no Estado – MAIS SOJA

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O predomínio de tempo seco, aliado a longos períodos de insolação, contribuiu para o avanço significativo da colheita, que atinge 95% no Estado. Em parte dos municípios, especialmente no Planalto e Alto Uruguai, no Norte e no Nordeste do Estado, a colheita foi encerrada.

A formação intensa de orvalho, nas primeiras horas da manhã, atrasou o início das atividades de campo devido à elevada umidade retida nas hastes, ramos e vagens, o que aumenta o risco de perdas por grãos deteriorados ou danificados durante a operação. A produtividade segue altamente variável, refletindo maior ou menor déficit hídrico ao longo do ciclo. De forma geral, os rendimentos oscilam entre 1.000 e 2.500 kg/ha, com médias inferiores àquelas inicialmente projetadas. As lavouras remanescentes (5%) encontram-se principalmente em estádio de maturação fisiológica (R8), com plantas prontas para colheita.

A ausência prolongada de chuvas — até quatro semanas consecutivas sem precipitações em algumas regiões — tem acelerado a debulha natural dos grãos ainda em campo, intensificando as perdas. Na Região Oeste do Estado, um levantamento da Emater/RSAscar indicou perdas médias de 80 kg/ha de grãos encontrados no solo, antes mesmo da passagem das colhedoras, evidenciando prejuízos econômicos adicionais.

As indenizações do Proagro e Proagro Mais estão sendo pagas com maior agilidade nesta safra, beneficiadas pela flexibilização documental, como a dispensa de apresentação de notas fiscais. Contudo, o acionamento de seguros públicos e privados está restrito a casos de perdas expressivas. A redução na cobertura do Proagro — de 25% a 50%, conforme a janela de plantio estabelecida no Zoneamento Agrícola de Risco Climático (30% e 40% de risco) — tem dificultado o acesso à compensação para lavouras com produtividade de até 1.200 kg/ha, especialmente entre agricultores do Pronamp e do grupo “Demais Produtores”, que não dispõem de valor garantido de renda mínima.

Os produtores que concluíram a colheita, aguardam a ocorrência de chuvas para a reposição da umidade do solo no intuito de viabilizar a semeadura das culturas de inverno, das plantas de cobertura ou de adubação verde. Paralelamente, realizam práticas de conservação e manejo do solo, como calagem, subsolagem localizada ou em área total, além da construção e manutenção de terraços, visando à melhoria das condições físico-químicas do solo, à infiltração de água e à contenção da erosão hídrica.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a colheita prosseguiu, chegando a 85% em Rosário do Sul e 98% em Manoel Viana, onde permanecem apenas pequenas áreas estabelecidas em segunda safra, após o milho, que apresentam bom desenvolvimento. Esse município registra grande variabilidade nos rendimentos, pois há lavouras totalmente perdidas e outras alcançando até 2.400 kg/ha. Em Itaqui, 89% dos 40 mil hectares semeados foram colhidos, e as produtividades são de 2.100 kg/ha, mesmo em áreas irrigadas. Em São Borja, 90% dos 105 mil hectares cultivados foram colhidos. As expectativas de produtividades nas lavouras tardias não se confirmaram, e as médias ficaram em torno de 900 kg/ha. Porém, há elevado percentual de grãos com avarias. As melhores produtividades foram obtidas em áreas com semeadura mais tardia e cultivares de ciclo longo.

Na Campanha, a quarta semana sem precipitações favoreceu a colheita. Diante do prognóstico de chuvas volumosas, os produtores têm priorizado a colheita das áreas de várzea para evitar o risco de ficarem impossibilitados de acessar essas áreas por longos períodos. Em Dom Pedrito, 80% dos 165 mil hectares cultivados foram colhidos, e as produtividades estão bastante variáveis, conforme a distribuição das chuvas. Os cultivos mais impactados pela estiagem registram médias em torno de 630 kg/ha. Em Hulha Negra, a colheita atinge 85% dos 16 mil hectares, e a produtividade média é de 1.800 kg/ha, representando quebra de 21% em relação à estimativa inicial.

Na de Caxias do Sul, o predomínio de tempo seco beneficiou o avanço da colheita. Na Serra, a operação está tecnicamente encerrada, restando apenas áreas pontuais semeadas tardiamente.

Na de Erechim, 99% da área foi colhida. A produtividade média apresenta redução superior a 30% em relação à produção esperada. A comercialização segue em ritmo lento em função de os produtores considerarem baixos os preços ofertados.

Na de Frederico Westphalen, a área colhida permanece em 98%. Resta 1% em maturação e 1% em enchimento de grãos.

Na de Ijuí, a área colhida continua em 96%, aguardando a finalização do ciclo das lavouras em segundo cultivo, que estão no final do enchimento de grãos e em maturação. Nas áreas de sequeiro, a ausência de chuvas tem comprometido o enchimento de grãos, resultando em redução do potencial produtivo. Já nas lavouras irrigadas, o desempenho está superior ao observado em safras anteriores. Nos cultivos, restam poucos tratos culturais, como aplicações pontuais de fungicidas.

Na de Passo Fundo, a colheita foi tecnicamente encerrada, remanescendo pequenas áreas marginais, que não apresentam expressão estatística.

Na de Pelotas, a colheita avançou significativamente, impulsionada pelo clima seco e estável em toda a região. Contudo, a região possui a menor proporção de área colhida no Estado: 76%. Ainda estão em maturação 24%.

Na de Santa Maria, a colheita ultrapassou 90%. Confirma-se perda média aproximada de 50% na produtividade em relação à estimativa inicial de 3.110 kg/ha.

Na de Santa Rosa, a colheita alcançou 92%. Apenas 1% das lavouras — referentes à safrinha — encontram-se em enchimento de grãos, e 7% em maturação. A produtividade apresenta ampla variação entre municípios, oscilando entre 480 e 2.500 kg/ha, influenciada pela distribuição de chuvas, pela capacidade de infiltração dos solos e pelo nível tecnológico adotado. A colheita da soja safrinha foi iniciada, e os grãos apresentam melhor qualidade e produtividade em relação à semeadura no período preferencial, viabilizando seu uso como semente para a próxima safra.

Na de Soledade, a colheita chega a 99%. Resta 1% de semeadura tardia, implantadas como safrinha sobre restevas de feijão, tabaco e milho, em maturação ou pronto para colheita.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 2,38%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 123,65 para R$ 120,71.

Confira o Informativo Conjuntural n° 1866 completo, clicando aqui!

Fonte: Emater RS



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1866

Site: Emater/RS


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Milho/RS: Área colhida atingiu 92%, restam 5% em maturação e 3% em enchimento de grãos – MAIS SOJA

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As atividades de colheita do milho seguem em ritmo menos intenso, aguardando a finalização do ciclo das lavouras estabelecidas a partir de dezembro. Os produtores que realizaram a operação foram favorecidos pelas condições meteorológicas predominantemente secas e de elevada radiação solar, que garantiram boa trafegabilidade das máquinas agrícolas. A área colhida alcançou 92%, e restam 5% em maturação e 3% em enchimento de grãos.

A ausência ou insuficiência de chuvas nas últimas quatro semanas tem prejudicado as lavouras em enchimento de grãos (R5), fase altamente sensível ao déficit hídrico, podendo comprometer significativamente o potencial produtivo. No entanto, a menor demanda evaporativa — em função das temperaturas mais amenas — e a presença recorrente de orvalho noturno têm atenuado os efeitos do estresse hídrico, permitindo que as plantas mantenham aspecto visual satisfatório até o momento. No entanto, poderá haver perdas no potencial produtivo, se as plantas continuarem sob estresse hídrico.

Nas regiões em que houve precipitações pontuais e suficientes para restabelecer a umidade superficial do solo, os produtores iniciaram a implantação de culturas de cobertura – para proteção do solo, incremento da matéria orgânica e controle de plantas daninhas – em preparação para a semeadura do milho da próxima safra, prevista para a primeira quinzena de agosto. Porém, na maior parte do Estado, as condições de baixa umidade do solo ainda inviabilizam a semeadura dessas espécies.

Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Campanha, em Candiota, Aceguá, Bagé e Hulha Negra, a colheita está em fase inicial em função das semeaduras terem ocorrido majoritariamente a partir do final de dezembro. Em Caçapava do Sul, aproximadamente 50% dos 1.500 hectares cultivados foram colhidos. O avanço das operações deve se intensificar após a conclusão da colheita da soja, com a adequação das plataformas das colhedoras para o milho. Na Fronteira Oeste, em São Borja, os produtores iniciaram a implantação de mix de espécies ou cultivos solteiros — nabo forrageiro e aveia — visando ao preparo das áreas para o próximo cultivo do cereal.

Na de Caxias do Sul, a colheita prossegue, mas em ritmo mais lento, uma vez que as grandes lavouras já foram colhidas. Em áreas menores, é comum a prática de manter as plantas a campo para permitir a secagem natural dos grãos, o que pode estender a operação até o mês de julho. Os cultivos semeados no final do período indicado — especialmente aquelas implantadas após cultivos de alho e cebola — ainda se encontram em fase de maturação, sem atingirem o ponto ideal de colheita.

Na de Pelotas, 61% das lavouras foram colhidas; 26% estão em maturação fisiológica, aptas para a colheita; 12% em enchimento de grãos; e 1% em pendoamento. Nas áreas ainda em desenvolvimento, persiste significativa heterogeneidade nos estádios fenológicos, resultado das variações na quantidade e distribuição das chuvas ao longo do ciclo

Na de Santa Rosa, 92% dos cultivos foram colhidos; 6% encontram-se em enchimento de grãos; e 2% em maturação fisiológica.

Na de Soledade, 71% das lavouras foram colhidas. As áreas remanescentes estão em florescimento (1%), enchimento de grãos (15%), maturação fisiológica (9%) e maturação de colheita (4%). Esses cultivos foram implantados tardiamente e apresentam bom desempenho produtivo. Nos grãos colhidos recentemente, há alta umidade, exigindo cuidados com a secagem para garantir a qualidade e evitar perdas no armazenamento.

Comercialização (saca de 60 quilos)

O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, reduziu 2,63%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 67,66 para R$ 65,88.

Confira o Informativo Conjuntural n° 1866 completo, clicando aqui!

Fonte: Emater RS



 

FONTE

Autor:Informativo Conjuntural 1866

Site: Emater/RS


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Posicionamento Estratégico de Fungicidas na Cultura da Soja – MAIS SOJA

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Por Gustavo Luft-PET Agronomia/UFSM

A soja (Glycine max L.) é a cultura de grãos com maior relevância econômica no Brasil, com cerca de 46 milhões de hectares semeados de Norte a Sul do país (CONAB, 2025). O país assume o protagonismo mundial, tanto nas exportações quanto na produção. Segundo o Acompanhamento da Safra Brasileira (CONAB, 2025), projeta-se que 105,54 milhões de toneladas de soja sejam exportadas em 2025, com base no aumento da produção, estimada em 167,37 milhões de toneladas na atual safra, e da demanda mundial, especialmente da China.

Porém, atualmente, a cultura da soja é uma das mais afetadas pela ocorrência de pragas e doenças durante o seu ciclo produtivo, o que torna o manejo mais oneroso. O aumento da incidência e severidade de doenças foliares, segundo Godoy (2015), se dá em razão do aumento da área plantada, ausência de rotação de culturas e da introdução de novos patógenos, tomando cada vez mais importância dentro do manejo da cultura da soja.

As perdas anuais de produção por doenças são estimadas em 15% a 20%, podendo inclusive chegar a 100% para algumas doenças (Seixas et al., 2020). Sabendo disso, é de responsabilidade dos profissionais da área agronômica ter o conhecimento técnico para formar programas de manejo de doenças, como o posicionamento estratégico de fungicidas, para assim proporcionar ao produtor rural informações que permitam produzir mais com custos otimizados.

Os fungicidas são substâncias químicas de origem natural ou sintética que, quando aplicadas às plantas, protegem-as da penetração e/ou do posterior desenvolvimento de fungos patogênicos em seus tecidos (Reis et al., 2010). Eles atuam interrompendo processos vitais dos patógenos, impedindo sua germinação, crescimento e/ou reprodução. O posicionamento de fungicidas é essencial para garantir a proteção do potencial produtivo da cultura da soja. Faz-se o necessário para dar condições de índice de área foliar adequado para que a planta faça a fotossíntese, logo, produza e acumule fotoassimilados que irão dar origem ao produto final, os grãos.

Segundo Godoy (2015), os principais modos de ação utilizados no controle de doenças na cultura da soja no Brasil (Tabela 1.) são os Inibidores de Desmetilação (IDM, triazóis), os Inibidores de Quinona Oxidase (QoI, estrobilurinas) e, a partir de 2013, a nova geração de moléculas Inibidoras da Succinato Desidrogenase (SDHI, carboxamidas). 

O posicionamento dos fungicidas deve ser feito de maneira inteligente e sustentável, para que ocorra o controle das doenças sem que haja a seleção de resistência do patógeno. De acordo com Godoy (2015) a resistência de fungos é um mecanismo de defesa, sendo uma resposta evolutiva natural a uma ameaça externa para sua sobrevivência, nesse caso ao fungicida. Existem estratégias que podem mitigar o aparecimento desse mecanismo, como a rotação de misturas comerciais com produtos que não apresentem resistência cruzada, as conhecidas misturas triplas; a limitação no número de aplicações de um mesmo grupo químico; e a utilização de fungicidas multissítios.

As misturas triplas de fungicidas são combinações de três ingredientes ativos (I.A.) diferentes para o controle das doenças. A principal vantagem da utilização é aumentar o espectro de controle e não instigar uma pressão de seleção para a resistência dos fungos. Já os fungicidas multissítios, afetam diferentes pontos metabólicos do fungo e apresentam baixo risco de resistência, tendo um papel importante no manejo antirresistência para os fungicidas sítio-específicos (McGrath, 2004). Produtos a base de mancozebe e clorotalonil são exemplos clássicos de fungicidas multissítios, amplamente utilizados em diversas culturas.

Além de serem eficazes no controle de uma ampla gama de doenças, os fungicidas multissítios podem ser combinados com produtos de sítio específico para melhorar a proteção das plantas e aumentar a durabilidade das tecnologias disponíveis (Mais Agro, 2025).

Diante das informações apresentadas, quais fatores devem ser considerados para um posicionamento estratégico de fungicidas?

Um dos fatores fundamentais é o momento da aplicação. Quando trata-se de agentes fitopatogênicos, o ideal é o controle preventivo para que não haja, em situações que podem ser evitadas, um aumento do número de aplicações na área. Para isso, sugere-se que haja um protocolo de aplicação de fungicidas, dividido em várias entradas na área.

A primeira entrada na área é a popularmente denominada “Aplicação V0”, que ocorre de 10 a 15 dias após a emergência (DAE), corresponde ao estágio fenológico V3 a V4 (Figura 1) pela escala de Fehr & Caviness (1977). Esta visa alocar o produto de maneira antecipada nas primeiras folhas da cultura da soja para o controle preventivo de manchas foliares, principalmente a mancha-parda (Septoria  glycines) e o Crestamento foliar de Cercospora (Cercospora spp.). Vale ressaltar que ambos os patógenos podem estar presentes na área durante todo o ciclo, uma vez que os fungos sobrevivem em restos de cultura (Seixas et al., 2020), frisando a importância de um manejo visando evitar a proliferação desses fungos para o decorrer das safras.

A segunda entrada na área é feita no pré-fechamento das entrelinhas, comumente nomeada de “Primeira Verdadeira”. Denominada deste modo pois, em geral, é a primeira aplicação composta por uma mistura tripla e um protetor, levando produtos “Premium” para a lavoura. Estes itens são os de maior valor agregado no mercado e que, geralmente, apresentam os melhores resultados nos ensaios de pesquisa pelo amplo espectro de controle dos agentes fitopatogênicos. Esse período é o último momento em que ocorre o molhamento efetivo das folhas do baixeiro (terço inferior da arquitetura foliar da planta). Esse momento coincide, em média, entre 30 a 40 DAE, ou V6 a R1.

A reincidência de aplicações de fungicidas na soja pode ir até o final do enchimento de grãos (R5.3 a R5.5). A decisão de demanda por produtos no final do ciclo de desenvolvimento da soja pode variar de acordo com a pressão de doenças de cada lavoura e as condições ambientais de cada área, correspondendo à terceira, quarta, quinta ou mais aplicações de fungicidas, o que exige estratégia, conhecimento técnico e atenção aos detalhes da lavoura.

O intervalo entre as aplicações varia de 10 a 20 dias. Esse fator é de suma importância quando se pensa no protocolo de manejo. O tempo do intervalo recebe forte influência do clima local, tendo em vista que em um ambiente de maiores índices pluviométricos, juntamente com temperaturas em torno de 20 a 30ºC, torna-se um ambiente favorável para o desenvolvimento das doenças.

Logo, preconiza-se que o intervalo entre aplicações seja reduzido. Em contrapartida, observa-se que quando há dias sucessivos com temperaturas muito elevadas (acima de 36ºC), as condições climáticas têm efeito adverso na taxa de crescimento e desenvolvimento da soja, provocando danos à floração e à capacidade de retenção de vagens (EMBRAPA, 2021), assim o período entre as aplicações pode ser estendido.

Em síntese, o posicionamento estratégico de fungicidas na cultura da soja é fundamental para maximizar a produtividade e minimizar perdas causadas por doenças foliares. A adoção de misturas triplas, o uso de fungicidas multissítios e a definição precisa do momento de aplicação são fatores-chave para um manejo fitossanitário mais eficiente. Além disso, a consideração das condições ambientais e do histórico de doenças na área é essencial para tomadas de decisão mais assertivas. Dessa forma, é fato dizer que posicionar bem os fungicidas não é apenas uma escolha, é o caminho que diferencia o lucro do prejuízo.



Sobre os autores:

Gustavo Luft é  Acadêmico do 9º semestre do curso de Agronomia da  Universidade Federal de Santa Maria e Bolsista do grupo PET Agronomia E-mail: [email protected]

Coautores:

Fábio Pedrazzi de Vargas, Kauê da Cunha Beier, Marcos Paulo Pereira Ribeiro, Renata Vitória Roveda Willrich

Referências bibliográficas:
Referências bibliográficas citadas no texto:

COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO (CONAB). Boletim da Safra de Grãos: 6º Levantamento – Safra 2024/25. Brasília, 2025. Disponível em: https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/boletim-da-safra-de-graos. Acesso em: 21/03/2025.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Temperatura. Agência de Informação Tecnológica. 2021. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/pre-prod ucao/caracteristicas-da-especie-e-relacoes-com-o-ambiente/exigencias-climaticas/t emperatura. Acesso em: 25/03/2025.

FEHR, W.R.; CAVINESS, C.E. Stages of soybean development. Ames: Iowa State University of Science and Technology, 1977. Special Report, v. 80. GODOY, C. V. Atualizações no controle de doenças foliares na cultura da soja. Londrina: Embrapa Soja, 2015. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1010782/1/Atualizacoesnoco
ntrolededoencasfoliaresnaculturadasoja1.pdf. Acesso em: 20/03/2025.

REIS, E.; REIS, A.; CARMONA, M. Manual de Fungicidas: Guia para o controle químico de doenças. 6ª Edição. Universidade de Passo Fundo: Editora UPF, 2010. SEIXAS, C. D. S.; SOARES, R. M.; GODOY, C. V.; MEYER, M. C.; COSTAMILAN, L. M.; DIAS, W. P.; ALMEIDA, A. M. R. Manejo de doenças. In: SEIXAS, C. D. S.; NEUMAIER, N.; BALBINOT JUNIOR, A. A.; KRZYZANOWSKI, F. C.; LEITE, R. M. V. B. C..

Tecnologias de Produção de Soja. Edição 17. Londrina: Embrapa Soja, 2020, p. 227-264.

SYNGENTA. Tudo sobre fungicidas: história, tipos e aplicações no campo. Mais Agro, 2025. Disponível em: https://maisagro.syngenta.com.br/tudo-sobre-agro/tudo-sobre-fungicidas-historia-ti pos-e-aplicacoes-no-campo/. Acesso em: 21/03/2025.

Universo Agro Galaxy. Fases fenológicas da soja: otimize sua produção. 2021. Disponível em: https://universo.agrogalaxy.com.br/2021/09/10/fases-fenologicas-da-soja/. Acesso em: 25/03/2025

Referências bibliográficas consultadas

ANTONIO, M.; NETO, D.; RODRIGUES, J. D. Avaliação do efeito fisiológico do uso de fungicidas na cultura de soja. Disponível em: <https://repositorio.usp.br/item/001806591>. Acesso em: 26 mar. 2025.

EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA AGROPECUÁRIA (EMBRAPA). Estádios de desenvolvimento. Embrapa Agência de Informação Tecnológica, 2025. Disponível em: https://www.embrapa.br/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/soja/pre-producao/caracteristicas-da-especie-e-relacoes-com-o-ambiente/estadios-de-desenvolvime
nto. Acesso em: 25/03/2025.

GODOY, C. V. et al. Eficiência do controle da ferrugem asiática da soja em função do momento de aplicação sob condições de epidemia. Londrina, PR. Tropical Plant Pathology, v. 34, n. 1, 1 fev. 2009. GODOY, C. V. Manejo de Doenças na Cultura da Soja. In: WORKSHOP CTC AGRICULTURA, 16., 2017, Rio Verde. Agricultura – Resultados 2017. Rio Verde: Centro Tecnológico Comigo, 2017.


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