Sustentabilidade
Danos e casos de resistência do capim-arroz a herbicidas em lavouras de arroz – MAIS SOJA

As plantas do gênero Echinochloa, popularmente conhecidas como capim-arroz, fazem parte de um complexo grupo de plantas daninhas que infestam lavouras de arroz irrigado, e apresentam elevado potencial em causar danos. Dentre as espécies mais comuns do capim-arroz observadas em solos agrícolas, destacam-se a Echinochloa crus-galli, Echinochloa colona e a Echinochloa cruspavonis. Há ainda variedades de capim-arroz dentro das espécies, a exemplo da Echinochloa crus-galli var. crus-galli e da Echinochloa crus-galli var. crus-pavonis, o que torna ainda mais complexa a identificação eficaz dessa planta daninha para um manejo eficiente.
Atualmente, há relatos de casos de resistência simples e múltipla das espécies Echinochloa crus-galli var. crus-galli e Echinochloa crus-galli var. crus-pavonis a herbicidas no Brasil (Heap, 2025). A resistência do capim-arroz a herbicidas, eleva a dificuldade em controlar efetivamente essa planta daninha, aumentando a persistência do capim-arroz em áreas agrícolas.
Tabela 1. Evolução dos casos de resistência de espécies de capim-arroz a herbicidas no Brasil.
Em especial na cultura do arroz irrigado, o capim-arroz apresenta importância econômica significativa em função da sua elevada habilidade competitiva. As espécies Echinochloa crus-galli var. crus-galli e Echinochloa crus-galli var. crus-pavonis são comumente encontradas em lavouras de arroz, e a matocompetição delas com a cultura, limita a produtividade do arroz, uma vez que as plantas do gênero Echinochloa crescem e se desenvolvem rapidamente.
Figura 1. A – Echinochloa crus-galli var. crus-galli. B – Echinochloa crus-galli var. crus-pavonis.

Conforme observado por Agostinetto et al. (2010), a medida em que a população infestante de capim-arroz aumenta, tem-se o aumento da matocompetição e com ela o aumento das perdas de produtividade na cultura do arroz. Quanto maior a população do capim-arroz, maiores são as perdas de produtividade na lavoura (figura 2).
Os autores analisaram a interferência e o nível de dano econômico de populações de capim-arroz em arroz irrigado em função do arranjo de plantas da cultura (semeadura com espaçamento entre linhas de 17 e 32 cm e semeadura a lanço).
Figura 2. Perda de produtividade (Pp) de grãos de arroz, cultivar BRS Pelota, em função da população de capim-arroz e de espaçamentos entre linhas, aos 34 dias após a emergência da cultura. Embrapa Clima Temperado, Capão do Leão-RS, 2006/07. (R2: coeficiente de determinação; QMR: quadrado médio do resíduo; * Significativo a 5%).

Estima-se que cada planta de capim-arroz por metro quadrado reduz o rendimento de grãos na cultura do arroz irrigado entre 8,4 e 11%. Em infestações severas, a perda da produtividade na cultura pode chegar a 90%, variando conforme fatores como a densidade da infestação, cultivar, período de convivência, manejo da irrigação, entre outros (HRAC-BR, 2025).
De acordo com Agostinetto et al. (2010), quanto mais elevado o potencial de produtividade do arroz, menor será a população de plantas de capim-arroz necessária para superar o nível de dano econômico, tornando compensatória a adoção de medidas de controle da planta daninha.
Nesse contexto, considerando os aspectos observados e o elevado potencial do capim-arroz em reduzir a produtividade do arroz, estratégias eficiente devem ser empregadas para o manejo e controle do capim-arroz, incluindo práticas como a rotação de culturas, a rotação de mecanismos de ação de herbicidas, assim como estratégias que reduzam a dispersão das sementes dessa planta daninha e o ajuste da irrigação, visto que, o atraso da entrada de água na lavoura em 10 ou 20 dias após aplicação de herbicidas, pode resultar em reduções da produtividade do arroz de 24% e 34% respectivamente em função da matocompetição com o capim-arroz (Agostinetto et al., 2007).
Veja mais: Herbicida revoluciona controle de invasoras do arroz com a tecnologia da formulação encapsulada (CS)
Referências:
AGOSTINETTO, D. et al. INTERFERÊNCIA DE CAPIM-ARROZ (Echinochloa spp.) NA CULTURA DO ARROZ IRRIGADO (Oryza sativa) EM FUNÇÃO DA ÉPOCA DE IRRIGAÇÃO. Planta Daninha, Viçosa-MG, v.25, n. 4, 2007. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/pd/a/4dCGx5gsM8DpgrPFqjgfFZt/?format=pdf&lang=pt >, acesso em: 06/05/2025.
AGOSTINETTO, D. et al. INTERFERÊNCIA E NÍVEL DE DANO ECONÔMICO DE CAPIM-ARROZ SOBRE O ARROZ EM FUNÇÃO DO ARRANJO DE PLANTAS DA CULTURA. Planta Daninha, Viçosa-MG, v. 28, 2010. Disponível em: < https://www.researchgate.net/profile/Andre-Andres/publication/262517524_Interference_and_Economic_Weed_Threshold_Ewt_of_Barnyardgrass_on_Rice_as_a_Function_of_Crop_Plant_Arrangement/links/53d6f52b0cf228d363eab32d/Interference-and-Economic-Weed-Threshold-Ewt-of-Barnyardgrass-on-Rice-as-a-Function-of-Crop-Plant-Arrangement.pdf >, acesso em: 06/05/2025.
HEAP. I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE. 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 06/05/2025.
HRAC-BR. COMITÊ DE AÇÃO A RESISTÊNCIA AOS HERBICIDAS, 2025. Disponível em: < https://www.hrac-br.org/ >, acesso em: 06/05/2025.
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Sustentabilidade
Brasil pode zerar emissões de gases de efeito estufa até 2040, diz cientista

No segundo dia da 5ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, em Brasília, o climatologista Carlos Nobre abriu a programação com uma palestra magna sobre mudanças climáticas. Em sua exposição, o cientista antecipou dados de um estudo em andamento, no qual constata que o Brasil é capaz de zerar as emissões de gases do efeito estufa até 2040.
Segundo Nobre, são necessárias transições para uma matriz energética 100% limpa, agricultura neutra em carbono, emissões negativas a partir do uso adequado da terra e restauração em grande escala.
“O Brasil tem total potencial para ter 100% de energia limpa e renovável e, até 2040, com agricultura muito mais neutra em carbono, grande restauração florestal. Nosso estudo aponta que podemos remover até 600 milhões de toneladas de CO2 por ano, a partir de 2040, restaurando os biomas”, diz o climatologista.
Qualidade de vida
O cientista destacou que os efeitos dessas medidas, além de ir além do enfrentamento à urgência climática, poderiam garantir mais qualidade de vida às populações.
“Caso vocês não saibam, a queima dos combustíveis fósseis gera poluentes em todas as cidades do mundo. Quantas pessoas morrem devido à poluição urbana no mundo? Seis a sete milhões de pessoas por ano.”
Carlos Nobre destacou que, em 2022, o Brasil era o quinto maior emissor do planeta, com o despejo de 11 toneladas de gases do efeito estufa por pessoa ao ano. Na comparação com outros grandes emissores, a China emitia na época 10,5 toneladas por pessoa, a Índia, 2 toneladas e Estados Unidos 16,5 toneladas por pessoa ao ano.
De acordo com o cientista, o Brasil vem melhorando esse quadro, mas, com as políticas do governo atual, como restauração de 12 milhões de hectares e a meta de zerar o desmatamento de todos os biomas até 2030, o país ainda terá emissão de 1,2 bilhões de toneladas de CO2 equivalente, caso seja mantido o uso de energia fóssil e agropecuária de alta emissão.
Consequências à biodiversidade
Sem medidas mais enfáticas de enfrentamento à urgência climática, o climatologista mostra que haverá consequências graves, como o branqueamento de corais, que põe em risco 25% de toda biodiversidade oceânica, a intensificação do aquecimento global, com indicativo de desaparecimento de 99% das espécies, caso o planeta ultrapasse 2 graus acima do período industrial.
Outras consequências desastrosas destacadas por Nobre são o descongelamento de terras com água sólida, responsáveis pela retenção de uma quantidade gigantesca de metano e gás carbônico.
“Se passar de 2 graus, nós vamos liberar mais de 200 bilhões de toneladas de metano e gás carbônico. O metano é um gás muito poderoso do efeito estufa, 30 vezes mais forte que o gás carbônico”, explica.
Ponto de não retorno na Amazônia

No Brasil, o risco de a Amazônia atingir um ponto de não retorno é cada vez maior, afirma Carlos Nobre. “Todo o sul da Amazônia está com o período de seca de quatro a cinco semanas mais longo, com ar mais seco e grande aumento da mortalidade das árvores.”
Em uma região que envolve sudeste e sul do Pará e norte de Mato Grosso, a floresta já virou ponto de emissão de carbono, deixando de cumprir o serviço ecossistêmico de captura desses gases.
“A Amazônia, na década de 1990, removia mais de 1,5 bilhão de toneladas de CO2, e essa região está ficando muito próxima do ponto de não retorno”, reforça.
As secas estão mais severas, com fenômenos mais intensos como o El Niño, e o Atlântico mais quente, a Amazônia, mais seca. “Antes tínhamos uma seca severa a cada 20 anos e agora tivemos em 2005, 2010, 2015 e 2016, além da seca mais forte do registro histórico em 2023, 2024.”
Segundo ele, tudo isso impacta na presença dos rios voadores, responsáveis por levar chuvas a grande parte do país. “Só a floresta nos territórios indígenas da Amazônia brasileira é capaz de explicar a presença de até 30% dos rios voadores. Pelo menos 40% da chuva no Cerrado e no Sul do Brasil e em 15% do Sudeste dependem dos rios voadores”, enfatiza.
Todos esses impactos, já percebidos, podem resultar em uma mudança de cenário drástica no país. “Se o desmatamento chegar entre 20 e 25% e o aquecimento global a 2,5ºC, vamos perder pelo menos 50% da Amazônia, talvez até 70%. A floresta vai virar um ecossistema totalmente degradado. Parece uma savana tropical do Cerrado, mas muito degradada, não com a biodiversidade rica aqui do Cerrado”, diz Nobre.
O cientista ressalta que também o Cerrado e a Caatinga estão muito próximos do ponto de não retorno, o que implica mais ondas de calor e riscos para a saúde humana, além de mais incidência de extremos climáticos e pandemias originadas na floresta em desequilíbrio.
Carlos Nobre apontou ainda caminhos para adaptação das cidades aos desafios de diminuir as desigualdades socioeconômicas e de deixar um legado sustentável às futuras gerações.
Sustentabilidade
Produtores reforçam compromisso com a logística reversa e a sustentabilidade em Mato Grosso – MAIS SOJA

Em Mato Grosso, os produtores rurais têm reforçado o compromisso com a sustentabilidade ao adotar práticas de logística reversa para o descarte de embalagens de defensivos agrícolas. Atenta a essa responsabilidade ambiental, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja MT) é associada ao Sistema Campo Limpo (SCL), um programa brasileiro de logística reversa de embalagens vazias desenvolvido pelo Instituto Nacional de Processamento de Embalagens Vazias (InpEV).
No Brasil, 100% das embalagens de defensivos agrícolas são devolvidas após o uso, e 95% delas são recicladas, transformando-se em novos produtos como tubos para esgoto, conduítes, tampas, dutos elétricos, entre outros. Esse modelo de logística reversa é referência mundial em sustentabilidade no campo e responsabilidade ambiental.
O produtor rural Leandro Bortoluzzi, do município de Campos de Júlio, destaca que segue rigorosamente todas as etapas do processo, garantindo o reaproveitamento dos materiais e a prevenção de impactos ambientais, uma vez que Mato Grosso é um dos maiores produtores de grãos do país.
“Aqui na propriedade, nós separamos as embalagens por tipo e tamanho, sendo eles papelão, sacos plásticos e embalagens rígidas de plástico, sempre de acordo com os litros. Cada categoria tem sua alocação correta, o que facilita a contagem e o envio ao ponto de recebimento”, afirma.
Vale ainda destacar que a Lei Federal nº 9.974/2000 regulamenta a devolução e destinação final adequada das embalagens, promovendo responsabilidade compartilhada entre produtores, comerciantes e fabricantes. E desde 2002, o Sistema Campo Limpo já deu a destinação correta a mais de 750 mil toneladas de embalagens de defensivos agrícolas.
Para o vice-presidente da Aprosoja MT, Luiz Pedro Bier essa ação é mais um exemplo de que os produtores brasileiros são exemplos em sustentabilidade. “A logística reversa de embalagens é exemplo brasileiro para o mundo. Nós temos, por exemplo, os nossos principais concorrentes, que são os americanos, que não fazem nenhum tipo de logística reversa. Muitas vezes só queimam as embalagens. E o Brasil, mais uma vez, sendo exemplo em sustentabilidade, em cuidado com o meio ambiente e fazendo com que essas embalagens voltem de maneira sustentável para outros fins, criando novos produtos e aproveitando todo o material que é gasto com elas para construir esses recipientes”, acrescenta.
Outro exemplo de boas práticas vem do produtor Stéfano Passinato, que também atua em Campos de Júlio. Para ele, a logística reversa se inicia no momento em que o os vasilhames são esvaziados para utilização na lavoura até a entrega das embalagens vazias nos locais autorizados.
“O processo que ocorre aqui na fazenda começa com a utilização dos produtos na lavoura e, no momento em que os vasilhames são esvaziados, nós realizamos a tríplice lavagem. Logo após, a embalagem é inutilizada, ou seja, é realizada uma perfuração, normalmente no fundo do galão, para evitar qualquer reuso indevido. Em seguida, nós guardamos em um depósito para ser encaminhado ao local adequado”, explica Stéfano Passinato.
Ambos os produtores destacam a importância ambiental da logística reversa, sobretudo no combate ao descarte inadequado dos resíduos. “O procedimento é de grande importância e procuramos fazer nossa parte para garantir a sanidade do meio ambiente, da própria fazendo e da destinação que precisa acontecer”, explicou.
A adoção de boas práticas e o respeito ao meio ambiente refletem o compromisso da Aprosoja Mato Grosso e dos produtores do setor com a sustentabilidade, preservando os recursos naturais e garantindo a produção responsável de alimentos.
Foto de capa: Bruno Lopes/Aprosoja MT
Fonte: Marina Cintra/Aprosoja MT
Autor:Marina Cintra/Aprosoja MT
Site: Aprosoja MT
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Sustentabilidade
CNA reforça atenção às datas do vazio sanitário e da semeadura da soja para a safra 25/26 – MAIS SOJA

Para a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a definição das datas do vazio sanitário e do calendário de semeadura da soja para a safra 2025/2026 é fundamental para orientar o planejamento da safra e o cumprimento das normas fitossanitárias em todo o país.
As medidas estão em uma portaria publicada pelo Ministério da Agricultura publicada na segunda (5), no Diário Oficial da União.
“Essas medidas são importantes para interromper a chamada ponte verde entre as safras, que é justamente o que permite a sobrevivência do fungo causador da ferrugem asiática da soja no período de entressafra”, destaca Tiago Pereira, assessor técnico da CNA.
O vazio sanitário é o período em que é proibida a existência de plantas vivas de soja no campo, em qualquer fase de desenvolvimento, inclusive voluntárias, com o objetivo de quebrar o ciclo da ferrugem asiática e reduzir a pressão da doença na safra seguinte.
Já o calendário de semeadura define os prazos em que é permitido iniciar e encerrar o plantio da cultura nos estados e regiões produtoras.
Segundo o técnico da CNA, os calendários de vazio sanitário e de semeadura são construídos de forma participativa, com envolvimento das Secretarias Estaduais de Agricultura, entidades representativas do setor agropecuário e órgãos estaduais de defesa sanitária vegetal.
Essas instituições podem encaminhar propostas de alteração até o dia 31 de dezembro do ano anterior à safra.
Pereira acrescenta que as sugestões devem estar tecnicamente fundamentadas, considerando aspectos como condições climáticas regionais, estratégias de manejo da ferrugem asiática e impacto sobre o cultivo de culturas em sucessão. Após a análise técnica pelos órgãos estaduais, as propostas são encaminhadas ao Ministério da Agricultura e Pecuária, que publica os calendários oficiais por meio de portaria.
“É importante reforçar que o processo é técnico e colaborativo. A participação das Federações e instituições estaduais é fundamental para garantir que os calendários reflitam a realidade produtiva de cada região, sem comprometer a sanidade das lavouras”, reforça Pereira.
As datas completas, com todas as subdivisões regionais e especificidades por estado, podem ser consultadas na íntegra na Portaria SDA/MAPA nº 1.271/2025, disponível em https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-sda/mapa-n-1.271-de-30-de-abril-de-2025-627009485
Fonte: CNA
Autor:CNA
Site: CNA
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