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Ela venceu o câncer e virou referência na produção de pimentas ardidas

É no Sítio Novos Ares, em Jangada, que a paixão pelo campo é capaz de superar qualquer obstáculo. A produtora Dagomar Rockenbach, já foi uma das maiores produtoras de hortaliças do município, mas após ser diagnosticada com câncer, precisou reduzir o tempo de trabalho. Sem a hipótese de ficar parada sem trabalhar, investiu no cultivo de pimentas ardidas e se tornou referência.
Pimenta-malagueta, habanero, pérola-negra e até mesmo a scorpion, considerada uma das três mais ardidas do mundo, fazem parte da produção da Dagomar.
A vinda da agricultura para a propriedade foi há quatro anos. Sempre em busca de trabalho, já foi chefe de cozinha durante sete anos em Santa Catarina e até pelo Rio de Janeiro já percorreu.
Por ser mãe solo de quatro filhos, a preguiça nunca existiu na sua caminhada.
“Espero que aqui seja a minha última morada, não tenho intenção nenhuma de sair daqui. É um lugar especial para mim”, conta ao Senar Transforma desta semana.
Dos quase 200 hectares da propriedade, a produtora sobrevive com a renda do que produz, em apenas um hectare. Uma parte do sítio, é arrendada para arcar com os custos dos estudos dos filhos.
“Quando eu decidi vir morar aqui, não tinha nada. Consegui arrumar a casa e vim embora trazendo a minha mudança. Eu tinha R$ 30 para investir, cerquei um hectare e segui. Meu compadre, é técnico agrícola e me ajudou com dois canteiros bem adubados e um dia começamos a plantar”, diz.
De início o plantio era só de rúcula e como a abundância da hortaliça era muita, resolveu doar a uma tia que tem um restaurante. “Quando ela falou pra mim que queria mais e que iria comprar de mim, eu falei ‘taí’. Vou trabalhar com uma horta”.
Ao enxergar a oportunidade, o cultivo que seria para subsistência, se tornou comercial. Da rúcula, a produção se expandiu para batata doce, mandioca, abóbora.
Após um ano, a Técnica de Campo do Senar Mato Grosso da ATeG Olericultura, Manoela Albino, chegou para somar no sítio da Dagomar.


Quando Manoela chegou ao sítio da Dagomar a produção foi aumentando e a comercialização chegou às feiras e supermercados.
“Eu comecei a plantar com mais facilidade porque a gente vai aprendendo técnicas que facilitam o nosso trabalho”, comenta a produtora.
Manoela conta ao Canal Rural Mato Grosso que o começo foi desafiador e seu maior medo, era não conseguir dar o devido suporte na propriedade. A alternativa foi trabalhar com a agricultura de baixo custo.
Nos primeiros seis meses de trabalho da técnica, a cobertura de solo já foi trabalhada na propriedade da Dagomar.
“A cobertura de solo diminui a irrigação, ataque de pragas e doenças porque abafa a população de daninhas que é um abrigo mas compete por nutrientes com as plantas”, conta Manoela.


De início eram 30 canteiros e com o tempo, esse número multiplicou por cinco, chegando a 150 canteiros de hortaliças. A técnica de campo da ATeG Olericultura explica que apesar de ser a maior produtora da região, não atendia a demanda.
A solução foi eliminar alguns canteiros e cultivar mais onde teria retorno para a Dagomar. A produção então, foi proporcional ao aumento financeiro dela. “Reduziu custos e aumentou a produtividade e ela precisou ver para crer”.
Foi então que no auge da atividade, com os 150 canteiros produzindo bem e trazendo renda para a produtora, uma notícia inesperada tornou ainda mais emblemática a força e determinação da Dagomar.
“Veio a notícia do câncer de mama e eu tive que dar uma freada. No início eu conseguia trabalhar mesmo fazendo os exames e a Manoela chegou para mim e disse que em algum momento eu teria que parar. Mas parar para mim não era uma opção”.
Superação diante dos obstáculos
A permanência no campo exigiu mudanças e adaptações, mas apesar disso, o trabalho tem dado muito certo e os resultados, são surpreendentes.
Quando recebeu o diagnóstico médico e soube que o tratamento não seria tão simples, a Dagomar precisou rever a rotina puxada de quem cuidava sozinha de 150 canteiros de hortaliças.
Três vezes na semana a produtora ia para a cidade vender de porta em porta seus produtos e aos sábados, vendia na feira. Além disso, ia duas vezes ao supermercado fazer as entregas das hortaliças.
Apesar de entender que era preciso colocar um pé no freio, ela não aceitou interromper o trabalho no campo. Foi então que a técnica de campo do Senar Mato Grosso, trouxe uma solução para o entrave.
Dagomar conta que a Manoela sugeriu mudar de cultura e focar na produção de pimentas.
Na época, a técnica de campo explicou para a agricultora que no auge do tratamento de câncer, a pimenta estaria produzindo e que não precisaria de tanto esforço, como as hortaliças. “Vou seguir os conselhos da nossa técnica e vou mudar”.
De acordo com a técnica da ATeG Olericultura, o manejo da pimenta não deve ser feito em alta temperatura e sim, em um horário mais fresco do dia. Indo de encontro com a situação de Dagomar que não podia pegar mais sol.
“Eram para ser até cinco canteiros e hoje temos mais que isso. Nós temos aqui cerca de 20 variedades de pimentas e hoje, ela está se tornando a maior produtora de pimentas ardidas da região. O que ela faz hoje, foi a solução para não parar de produzir. Essa é a empresa dela, então não podia parar”, conta Manoela.


A pimenta deu um retorno melhor que as hortaliças.
“Uma semana de pimenta equivale a praticamente 15 dias de ciclo das hortaliças. É uma feliz surpresa ver que a alternativa secundária, vem se tornando a principal fonte de renda dela. A gente não vende só em natura e no quilo, vende na grama e em conserva. Tudo é comercializado em Cuiabá porque a competitividade e preços são melhores”.
Atualmente a propriedade possui 150 pés de pimentas que produzem, em média, 40 quilos por semana. O quilo vendido in natura gira em torno de R$ 40. Em conserva, varia de R$ 15 a R$ 20.
Já a pimenta desidratada é comercializada em pequenos potes, com 20 gramas do produtos a R$ 6 cada.
Na colheita, os pés de pimentas chegam a um quilo do produto.
Novos projetos para um novo estilo de vida
A clientela da Dagomar, aumentou e atende a demanda. Os novos projetos para o futuro é o aumento da produção das pimentas. O próximo passo, é a produção de geléias de pimentas com alguma fruta.
A expansão agora, conforme Manoela, será para o plantio de pitaya.
“Eu estou feliz e estou no lugar e na hora certa. Estou onde eu gostaria de estar. Isso aqui é o meu refúgio, meu paraíso e sou muito feliz aqui. Amo esse lugar”.
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Colheita do milho em Mato Grosso começa com atraso

A colheita da safra 2024/25 de milho teve início em Mato Grosso há duas semanas. Até o momento as máquinas passaram por apenas 0,31% dos 7,113 milhões de hectares semeados nesta temporada.
Os números foram divulgados pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) na tarde desta sexta-feira (23). O relatório mostra que em relação à média histórica dos últimos cinco anos, os trabalhos atuais estão atrasados. A média é de 0,98%.
Ao se comparar com o ciclo 2023/24 o atraso é de 1,63 ponto percentual. A colheita do milho da safra passada no estado teve início na semana do dia 10 de maio.
Mato Grosso nesta temporada semeou 7,113 milhões de hectares com o cereal, 4,58% a mais que no ciclo passado. A perspectiva é uma produtividade média de 114,54 sacas por hectare, 0,91% a menos que a média final da 2023/24.
A produção esperada é de 48,885 milhões de toneladas, como já destacado pelo Canal Rural Mato Grosso. O volume representa um aumento de 3,63% ante o consolidado de 47,171 milhões de toneladas da safra 2023/24 e se aproxima do recorde do ciclo 2022/23 de 52,504 milhões de toneladas.
Ao se analisar a colheita do milho por regiões, os trabalhos no estado estão ocorrendo no médio-norte, que já colheu 0,62% da área, no norte com 0,44%, oeste com 0,37% e noroeste com 0,19%.
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a força da cooperação em uma das regiões mais produtivas do país

Há 30 anos atrás, em Toledo, no Paraná, o milho segunda safra era visto apenas como um “quebra-galho” para pagar custos. Foi então que com uma visão inovadora em 1994, um movimento mudou a história do agronegócio da região se tornando referência em agricultura.
A história do Clube do Milho começa com seu Roberto Scholz, um dos fundadores do clube e na época, caçula do grupo. Ele tinha apenas 20 anos quando aceitou o convite para integrar um time de agricultores que, além de plantar, decidiu semear conhecimento e inovação.
“Realmente era só para pagar os custos. Se colhesse 40 sacos por hectare, estava bom. Eram poucos produtores de milho e também o consumo era menor naquela época. Não existiam tantas integradoras. Era uma novidade, porque a gente não sabia como ia se comportar na época de frio… A gente [produtores] se reuniu e criou o Clube do Milho”, conta Roberto ao Especial Mais Milho dessa semana.
Roberto diz que os produtores precisavam de uma renda e de mais tecnificação. A transformação, então, começou com o auxílio de uma sementeira que ofereceu suporte técnico e financeiro.
Assim surgiu o Clube, reunindo agricultores de diferentes comunidades de Toledo, cada um se tornando um difusor de tecnologia no seu pedaço de chão. “Nós nos reunimos até hoje, toda última quinta-feira do mês, há três décadas. É mais do que um grupo, é uma família”.
O primeiro aprendizado, através de palestras que eram realizadas na região para levar mais informação aos produtores, foi sobre a plantabilidade.
“A gente achava que sabia plantar. Mas quando veio o primeiro palestrante e mostrou como regular uma plantadeira, como escolher o disco certo, como distribuir bem as sementes… Aquilo mudou tudo”, lembra.
Entre as primeiras mudanças, veio uma que gerou inseguranças entre os produtores. Reduzir o espaçamento entre linhas do milho de 90 centímetros, ou até, um metro para 50 centímetros. O mesmo espaçamento da soja.


“Diziam que a gente era louco. Que isso não ia dar certo. A gente buscava algumas coisas diferentes, né? E deu certo. Hoje tá praticamente esparramado pro Brasil inteiro o plantio adensado de 45 ou 50”, comenta.
A iniciativa começou reunindo cerca de 25 produtores. Como acontece com toda inovação, a ideia foi recebida com desconfiança na região.
“Chamavam a gente de louco”. A proposta, no entanto, rapidamente despertou a curiosidade de outros produtores das comunidades vizinhas.
“Quando eles viam que fulano estava fazendo, queriam ir lá ver como funcionava”, conta Roberto. Assim, a prática foi se espalhando, ganhando força e adesão entre os agricultores locais.
Números falam por si só
Nos primeiros quatro anos, os resultados já foram surpreendentes. A produtividade saltou de 100 para até 400 sacos por alqueire. Em hectares, isso representa pular de cerca de 40 para 150 sacos por hectare. Atualmente, as produções chegam a 170 sacos por hectare de milho segunda safra.
“Tinha gente que não acreditava. O pessoal ligava pro vizinho, perguntava pro tratorista se era verdade. Era muita diferença de um ano pro outro só com ajuste de técnica, sem nem falar em genética, que depois ainda veio ajudar mais”, completa Roberto.


Mudanças que fizeram história na região
A mudança na época esbarrou em um obstáculo: não existia no mercado uma plataforma de colheita capaz de operar nesse novo modelo de espaçamento.
Foi então que a Vence Tudo, uma empresa que carrega no DNA a disposição para ouvir o produtor e apostar no diferente, entrou.
“Chegamos lá com a ideia meio no papel, meio na cabeça, e eles toparam na hora. Fabricaram uma plataforma para teste, sem custo, e deixaram com a gente por dois anos. Depois a gente acabou comprando outra e hoje estamos satisfeitos”, diz Roberto.
O Edison Goelzer, representante da Vence Tudo, explica que os produtores estavam desenvolvendo tecnologias para o milho com espaçamento reduzido e que a empresa tinha a plataforma, “mas ainda não tínhamos esse espaçamento reduzido”.
Foi em uma feira em Cascavel (PR), durante conversas, que foi desenvolvida uma plataforma com espaçamento reduzido de 50 cm. Logo no primeiro ano, os resultados tiveram um aumento de até 20% na produtividade, na mesma área plantada com espaçamento de 70 cm.
A plataforma que nasceu experimental virou referência. Atualmente, Roberto opera com a linha 08, com 14 linhas.
“Ela tem uma qualidade de colheita diferente das demais. Ela deixa uma palha, uma cobertura de palha no chão, melhor, tira realmente só a espiga. Não entra aquele monte de palha para dentro da máquina. É um rendimento de colheita melhor”, pontua.


Quando plantar milho vira ciência
A transformação não parou na porteira. Junto com as máquinas, veio a profissionalização da gestão. “Saiu o caderninho, entrou a planilha. Hoje, agricultura é negócio, é empresa. Precisa gerar lucro, porque tem famílias que dependem disso”.
O Clube do Milho também evoluiu. Mantém os mesmos 25 produtores desde a fundação. E entrar não é fácil: tem fila de espera.
“Se alguém sai, entra o primeiro da lista. Mas não é só querer. Precisa estar disposto a compartilhar os acertos e, principalmente, os erros”, ressalta Roberto.
A expectativa para esta safra é colher entre 120 e 140 sacas por hectare.
“Milho de qualidade, bom para ração, para os animais e, claro, para manter o caixa da fazenda saudável. Desistir não é opção. Quem é do campo sabe que desafio faz parte. Vai ter problema com preço, clima, mercado… Mas quem carrega isso no sangue sempre dá um jeito de seguir em frente. Está na nossa essência produzir alimento”, finaliza.
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Mato Grosso recebe reconhecimento internacional de zona livre da febre aftosa sem vacinação no dia 29

Mato Grosso recebe no próximo dia 29 de maio o reconhecimento internacional como zona livre da febre aftosa sem vacinação. O último foco da doença no estado foi registrado em 1996.
O reconhecimento é o mais alto status sanitário concedido pela Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). A entrega da certificação inédita ocorre durante a 92ª Assembleia Mundial da entidade, em Paris, na França, com a presença de delegações de mais de 180 países.
O reconhecimento ocorre após mais de 40 anos de luta do estado contra a febre aftosa, que na década de 1970 era uma ameaça constante ao rebanho mato-grossense.
Em 2001 Mato Grosso conquistou a certificação de zona livre com vacinação. Na época possuía um rebanho de 22 milhões de cabeças de bovinos e hoje se consolida como o detentor do maior rebanho com pouco mais de 33 milhões de cabeças, conforme dados do Instituto de Defesa Agropecuária (Indea-MT).
Para o governador Mauro Mendes, a certificação internacional de reconhecimento de zona livre da febre aftosa sem vacinação, além de histórica, é a prova da qualidade do rebanho bovino e suíno do estado, bem como do trabalho realizado entre o poder público e o setor produtivo.
“A certificação mostra que o produtor de Mato Grosso é extremamente competitivo e por isso nosso Estado tem avançado cada vez mais no cenário global. Uma grande vitória para Mato Grosso e para o agronegócio mato-grossense”, avalia.
Novo patamar de competitividade global
De acordo com o gerente executivo do FESA-MT, Juliano Latorraca Ponce, a certificação sem vacinação projeta o Estado a um novo patamar de competitividade global.
“Vamos acessar mercados mais exigentes e valorizados, com maior valorização do nosso rebanho e dos produtos suínos e bovinos. O FESA continuará como pilar estratégico na vigilância sanitária e na resposta rápida a qualquer ameaça futura”, comenta.
O secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, César Miranda, pontua que com a certificação Mato Grosso poderá ter as portas abertas por países como Japão e Coreia do Sul, que só compram de zonas reconhecidas como livres sem vacinação.
“A certificação traz ganhos não só à bovinocultura, mas também à suinocultura, que poderá expandir exportações. Mato Grosso mostra mais uma vez que é referência em produzir com qualidade, responsabilidade ambiental e inovação”, diz César Miranda.
A presidente do Indea, Emanuele Almeida, pontua que esta será a primeira vez que todo o território de Mato Grosso será certificado com o mais alto status sanitário. Até então, apenas os municípios de Juína, Colniza, Aripuanã e Rondolândia possuíam tal status por fazerem divisa com Rondônia, que já é zona livre de febre aftosa sem vacinação.
“Já tínhamos uma pequena área reconhecida, mas agora é o Estado inteiro. É um sonho realizado, resultado do trabalho incansável de equipes técnicas, produtores e instituições ao longo de décadas”, disse.
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