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nova cultura surge como alternativa rentável para entressafra

Uma nova oleaginosa está ganhando espaço na agricultura brasileira como alternativa viável para rotação de culturas e rentabilização da entressafra. Trata-se da Carinata, uma planta parente próxima da canola, que tem como principal destino a produção de combustível sustentável para aviação (SAF), uma opção ambientalmente mais viável por emitir menos CO2.
A Carinata é uma oleaginosa de inverno que tem apresentado bons resultados nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Uma de suas principais vantagens é a resiliência a mudanças climáticas, além de boa adaptação a solos menos férteis. O cultivo ocorre entre os meses de abril e maio, com um ciclo médio de 120 dias. Outro benefício é que, ao ser semeada, a cultura contribui para a conservação do solo, evitando a perda de nutrientes e promovendo maior sustentabilidade ao sistema produtivo.
O Brasil é visto como um mercado promissor para a Carinata. A projeção é que a área cultivada passe de 7.000 hectares em 2024 para 50.000 hectares neste ano, impulsionando ainda mais sua viabilidade econômica. Além disso, a construção de uma planta de produção de SAF no Porto de Rio Grande deverá fortalecer a cadeia produtiva da oleaginosa, ampliando a demanda e incentivando novos investimentos no setor.
A repórter Eliza Maliszewsk entrevistou Phillip Minarelli, gerente do projeto Carinata Brasil Paraguai, da Nufarmum, que conta na reportagem exibida no Mercado & Companhia desta terça-feira outras vantagens da cultura.
No último ano, a média de pagamento da Carinata variou em torno do preço da soja balcão, chegando em alguns casos a pagar até 110% do valor da soja. Esses números reforçam o potencial econômico da cultura, que se apresenta como uma alternativa rentável e sustentável para produtores que buscam diversificação e melhor aproveitamento da entressafra.
Com o crescimento da demanda por combustíveis sustentáveis e as vantagens agronômicas da Carinata, a cultura desponta como uma opção estratégica para o agronegócio brasileiro, unindo rentabilidade e benefícios ambientais.
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‘Prêmio Nobel de Agricultura’ é de pesquisadora brasileira

A cientista brasileira Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, foi escolhida para receber o Prêmio Mundial de Alimentação 2025 – o World Food Prize, considerado o “Nobel” da agricultura. A homenagem reconhece sua importante contribuição no desenvolvimento de insumos biológicos para a agricultura. O anúncio foi feito na noite desta terça-feira (13), na sede da fundação responsável pelo prêmio, nos Estados Unidos. Criada pelo Nobel da Paz Norman Borlaug, pai da Revolução Verde, a instituição realizará a cerimônia oficial no dia 23 de outubro, em Des Moines (EUA).
Mariangela enviou um vídeo à redação do Canal Rural e falou sobre a emoção de receber um prêmio internacional, resultado de um trabalho árduo realizado no Brasil. Ela também foi vencedora do Prêmio Personagem Soja Brasil da safra 2020/2021.
O prêmio reconhece anualmente as personalidades que contribuem para o aprimoramento da qualidade e da disponibilidade de alimentos no mundo e também é conhecido como o “Nobel” da agricultura e alimentação, uma vez que essa categoria não é contemplada nas categorias oficiais do Nobel.
“Estou imensamente feliz, ainda não consigo acreditar, é uma grande honra, um reconhecimento mundial. Acredito que minha principal contribuição para mitigar a fome no mundo tenha sido minha persistência de que a produção de alimentos é essencial, mas deve ser feita com sustentabilidade. Foi uma vida dedicada à busca por altos rendimentos, mas via uso de biológicos, substituindo parcial ou totalmente os fertilizantes químicos. Com essa premiação, existe também o reconhecimento do empenho da pesquisa brasileira rumo a uma agricultura cada vez mais sustentável, favorecendo nossa imagem no exterior”, explica Mariangela Hungria.
Para a pesquisadora, por muitos anos, o conceito predominante era o de produzir alimentos para acabar com a fome no mundo, no entanto, seu trabalho sempre esteve pautado na produção de alimentos de forma sustentável. “Hoje, percebo uma crescente demanda global por maior produção e qualidade de alimentos, mas com sustentabilidade — reduzindo a poluição do solo e da água e diminuindo as emissões de gases de efeito estufa”, ressalta. “Minha abordagem busca ‘produzir mais com menos’ — menos insumos, menos água, menos terra, menos esforço humano e menor impacto ambiental”, sempre rumo a uma agricultura regenerativa, reforça.
Solenidade WFP 2025
A governadora do estado de Iowa, Kim Reynolds, celebrou a homenagem. “A trajetória da Dr.ª Hungria mostra que ela é uma cientista de grande perseverança e visão – caraterísticas que partilha com o Dr. Norman Borlaug, fundador do Prêmio Mundial da Alimentação e pai da Revolução Verde”, afirmou a Governadora Reynolds. “Como cientista pioneira e mãe, a Dra. Hungria também serve como um exemplo inspirador para mulheres pesquisadoras que buscam encarnar ambos os papéis. As suas descobertas e desenvolvimentos contribuíram para levar o Brasil a tornar-se um celeiro mundial. O Prêmio reconhece aqueles cuja coragem e inovação transformam o nosso mundo”, destaca.
O presidente do Comitê de Seleção dos indicados ao Prêmio, Dr. Gebisa Ejeta ressaltou que “A Dr.ª Hungria foi escolhida pelas suas extraordinárias realizações científicas na fixação biológica que transformaram a sustentabilidade da agricultura na América do Sul. “O seu brilhante trabalho científico e a sua visão empenhada no avanço da produção agrícola sustentável para alimentar a humanidade com o uso criterioso de fertilizantes químicos e insumos biológicos deram-lhe reconhecimento global, tanto no país como no estrangeiro.”
O chefe-geral da Embrapa Soja, Alexandre Nepomuceno, comemorou a indicação da pesquisadora ao prêmio. “É uma grande honra contar com uma das maiores cientistas da área agrícola do mundo compondo a equipe de pesquisa da Embrapa Soja. Posso dizer que é um privilégio para a Embrapa Soja ter a Mariangela atuando ativamente em prol da ciência agrícola, e mais, trazendo soluções para desafios complexos da sojicultura e resultados práticos que realmente impactam a vida dos produtores. Por isso, esse reconhecimento do WFP, que é equivalente ao Prêmio Nobel da Agricultura, vem coroar a trajetória de excelência na pesquisa agropecuária que ela faz. Seu trabalho é um orgulho para a Embrapa e para todo o Brasil”, comemora.
A presidente da Embrapa, Silvia Massruhá, também celebrou a conquista. “Considero esta uma homenagem dupla — e profundamente significativa. Primeiro, à nossa colega pesquisadora, uma mulher que dedicou sua trajetória à ciência, acreditando no poder dos microrganismos para transformar a agricultura em uma atividade mais produtiva, competitiva e sustentável. Segundo, à nossa empresa, que em seus 52 anos sempre investiu e acreditou nesses ideais. Como primeira mulher a presidir esta instituição, sinto-me especialmente tocada por esta homenagem, que valoriza não apenas a excelência científica nacional, mas também o protagonismo feminino na construção de um país mais inovador e justo”, afirma.
Uma vida dedicada à microbiologia
Mariangela está sendo reconhecida por sua trajetória de mais de 40 anos dedicados ao desenvolvimento de tecnologias em microbiologia do solo, o que vem permitindo aos produtores rurais a obtenção de altos rendimentos com menores custos e mitigação de impactos ambientais. A ênfase das suas pesquisas tem sido no aumento da produção e na qualidade de alimentos por meio da substituição total ou parcial de fertilizantes químicos por microrganismos portadores de propriedades como fixação biológica de nitrogênio (FBN), síntese de fitormônios e solubilização de fosfatos e rochas potássicas.

O uso da inoculação na soja com bactérias fixadoras de nitrogênio (Bradyrhizobium), que pode ser ainda mais benéfico se associado à coinoculação com a bactéria Azospirilum brasiliense. Somente em 2024, por exemplo, esta tecnologia propiciou uma economia estimada de 25 bilhões de dólares, ao dispensar o uso de adubos nitrogenados. A pesquisadora estima esse valor considerando a área de soja, a produção de soja, o valor do fertilizante (ureia) que seria necessário para essa produção, e a eficiência de uso do fertilizante nitrogenado. Além deste benefício, Mariangela explica que essa tecnologia evitou, em 2024, a emissão de mais de 230 milhões de toneladas de CO₂ equivalentes por ano para a atmosfera. Hoje, a inoculação da soja é adotada anualmente em aproximadamente 85% da área total cultivada de soja, hoje cerca de 40 milhões de hectares — representando a maior taxa de adoção de inoculação do mundo.
Associado aos trabalhos com soja, a pesquisadora também coordena pesquisas que culminaram com o lançamento de outras tecnologias: autorização/recomendação de bactérias (rizóbios) e coinoculação para a cultura do feijoeiro, Azospirillum brasiliense para as culturas do milho e do trigo e de pastagens com braquiárias. Ainda em relação às gramíneas, em 2021, a equipe da pesquisadora lançou uma tecnologia que permite a redução de 25% na fertilização nitrogenada de cobertura em milho por meio da inoculação com A. brasilense, gerando benefícios econômicos significativos para os agricultores e impactos ambientais positivos para o país.
Sobre o “Nobel” da agricultura
O Prêmio Mundial de Alimentação (World Food Prize) foi idealizado por Norman E. Borlaug – vencedor do Prêmio Nobel da Paz, em 1970, por seu trabalho na agricultura global – para homenagear as contribuições para o incremento no suprimento mundial de alimentos. É um reconhecimento internacional àqueles que trabalham para aprimorar a qualidade, a quantidade ou a disponibilidade de alimentos no mundo.
Concedido anualmente, o WFP foi criado, em 1986, com o patrocínio da General Foods Corporation. O laureado recebe US$ 500 mil e uma escultura projetada pelo artista e designer Saul Bass. Três brasileiros já foram agraciados com o prêmio WFP. Em 2006, os agrônomos Edson Lobato e Alysson Paulinelli dividiram o prêmio com o colega estadunidense A. Colin McClung, pelo trabalho no desenvolvimento da agricultura na região do cerrado. Em 2011, dois ex-presidentes, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e John Kufuor, de Gana, foram os escolhidos por sua atuação no combate à fome como chefes de governo.
Trajetória
Mariangela Hungria possui graduação em Engenharia Agronômica (Esalq/USP), mestrado em Solos e Nutrição de Plantas (Esalq/USP), doutorado em Ciência do Solo (UFRRJ) e pós-doutorado em três universidades: Cornell University, University of California-Davis e Universidade de Sevilla. É pesquisadora da Embrapa desde 1982, inicialmente na Embrapa Agrobiologia (Seropédica, RJ) e, desde 1991, na Embrapa Soja (Londrina, PR).
A cientista é comendadora da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro titular da Academia Brasileira de Ciências, da Academia Brasileira de Ciência Agronômica e da Academia Mundial de Ciências. É professora e orientadora da pós-graduação em Microbiologia e em Biotecnologia na Universidade Estadual de Londrina. Mariangela atua também na Sociedade Brasileira de Ciência do Solo e na Sociedade Brasileira de Microbiologia.
Fez parte do comitê coordenador do projeto N2Africa, financiado pela Fundação Bill & Melinda Gates para projetos de fixação biológica do nitrogênio na África, é membro do Conselho do Comitê de Nutrição Responsável do International Fertilizer Association e parceira em projetos com praticamente todos os países da América do Sul e Caribe, além de países da Europa, Austrália, EUA e Canadá. Em 2020, Mariangela foi classificada entre os 100 mil cientistas mais influentes no mundo, de acordo com o estudo da Universidade de Stanford (EUA). Em 2022, a pesquisadora ocupou a primeira posição brasileira, confirmada em 2025, em Fitotecnia e Agronomia (Plant Science and Agronomy), publicado pelo Research.com, um site que oferece dados sobre contribuições científicas em nível mundial.
Já recebeu várias premiações pela sustentabilidade em agricultura, como o Frederico Menezes, Lenovo-Academia Mundial de Ciências, da Frente Parlamentar Agropecuária, da Fundação Bunge. Em 2025, recebeu o Prêmio Mulheres e Ciência, promovido pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), em parceria com o Ministério das Mulheres, o British Council e o Banco de Desenvolvimento da América Latina e Caribe.
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Colheita do café começa em algumas áreas de cultivo

Em alguns talhões (pedaço delimitado de terra) das principais áreas produtoras do café arábica do Brasil, a colheita já foi iniciada. Ainda assim, a atividade deve começar a ganhar força apenas na semana que vem. Isso é o que apontam os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).
De acordo com as fontes consultadas pelo Centro de Estudos, o volume colhido é pouco expressivo, e deve representar em torno de 1 ou 2% do total.
A produção estimada pela Conab é de 55,67 milhões de sacas. Assim a previsão é de que esta safra supere em 2,7% a safra anterior, considerando as variedades arábica e robusta.
O crescimento no montante se deve ao café robusta, levando em consideração que o arábica está em ano de baixa bienalidade.
Outra questão importante é o comportamento do dólar e do clima no início da colheita. Estes fatores vem causando oscilações nos valores futuros negociados na bolsa de Nova Iorque e os valores domésticos, de acordo com o Cepea.
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Brasil e China discutem cooperação em biotecnologia agrícola

Representantes do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) e do Ministério da Agricultura e Assuntos Rurais da China (Mara) se reuniram nesta terça-feira (13) para o encontro do Grupo de Trabalho de Biotecnologia e discutiram caminhos de cooperação entre os dois países.
A pauta da reunião incluiu temas como avaliação de biossegurança, regulamentação de organismos geneticamente modificados e uso da biotecnologia para ampliar a sustentabilidade e a segurança alimentar.
O encontro foi liderado pelo secretário de Defesa Agropecuária, Carlos Goulart, acompanhado do vice-presidente da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), Mário Murakami, e de equipes técnicas.
“A agricultura brasileira é bastante diversa. Prospectar e identificar oportunidades por meio do diálogo técnico e regulatório é essencial para ampliar a cooperação entre Brasil e China, assim como a resiliência da agricultura brasileira”, comentou Goulart.
Representante do governo chinês também ressaltou a relevância do Brasil como parceiro comercial estratégico, especialmente no fornecimento de grãos como soja e milho. “Com o esforço conjunto dos dois governos, temos garantido um comércio fluido e estável de produtos transgênicos. Queremos aproveitar essa reunião para aprofundar o intercâmbio técnico e o conhecimento mútuo”, disse.
O vice-presidente da CTNBio, Mário Murakami, reforçou o papel da comissão brasileira como referência internacional. “A proposta é construir uma relação de benefício mútuo, a partir de um processo gradual de aproximação técnica entre as comissões. À convergência regulatória entre os países pode fortalecer a segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a competitividade econômica, além de favorecer a transferência de tecnologias”, explicou Murakami.
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