Sustentabilidade
Monitoramento e controle químico da cigarrinha-do-milho – MAIS SOJA
Atualmente, uma das principais se não a principal praga da cultura do milho é a cigarrinha-do-milho. Embora possa causar danos diretos à cultura, a cigarrinha se destaca pelos danos indiretos, mais especificamente, pela transmissão dos enfezamentos do milho.
Os enfezamentos são doenças causadas pela infecção da planta de milho por microrganismos denominados molicutes, que são um espiroplasma (Spiroplasma kunkelii) e um fitoplasma (Maize bushy stunt). Os dois tipos mais comuns são o enfezamento-pálido (causada por espiroplasma) e o enfezamento-vermelho (causada por fitoplasma) (Embrapa).
Dependendo da época de infecção e suscetibilidade da cultivar, as perdas de produtividade em decorrência dos enfezamentos podem chegar a 100% no milho, inviabilizando a lavoura (Cota et al., 2021).
Figura 1. Espiga de milho de uma planta com enfezamento (esquerda) e planta sem sintomas (direita).
Ainda que a espécie Dalbulus maidis seja a representante da cigarrinha do milho mais conhecida e distribuída no território nacional, mais recentemente outra espécie com habilidade em transmitir os enfezamentos também foi observada no Brasil (em Goiás), trata-se da espécie Leptodelphax maculigera. Sendo assim, atualmente essas duas espécies de cigarrinha-do-milho atuam na transmissão dos enfezamentos para o milho.
Figura 2. Comparação entre as cigarrinhas Dalbulus maidis e Leptodelphax maculigera.

Considerando o impacto devastador que os enfezamentos podem provocar no milho, o controle do vetor é uma das principais medidas de manejo no combate aos enfezamentos. Ainda que boas práticas agronômicas como a rotação de culturas, o uso de cultivares com maior tolerância, e o controle do milho tiguera (milho voluntário), possam ser adotadas, durante a safra de milho, o controle químico da cigarrinha é determinante para a redução do impacto dos enfezamentos no milho.
Para tanto, o monitoramento da lavoura para definir o momento de controle da cigarrinha, bem como o período crítico de controle e o posicionamento adequado de inseticidas é crucial para o sucesso no manejo dessa praga.
Monitoramento
Embora não haja nível de ação pré-estabelecido para a cigarrinha-do-milho, considerando, o impacto da praga na cultura do milho e que sua capacidade em transmitir os enfezamentos, está condicionada aos indivíduos infectados e não a densidade populacional da praga; a presença da cigarrinha-do-milho durante a fase crítica (de VE a V5) já justifica o controle químico do inseto.
O monitoramento da cigarrinha-do-milho ocorre principalmente por meio da utilização de armadilhas adesivas que capturam os insetos. As armadilhas devem ser instaladas ainda antes da semeadura do milho, e monitoradas periodicamente até o termino da fase crítica da cultura. Conforme orientações, a armadilha deve ser colocada a aproximadamente 50 metros da borda da lavoura, posicionada cerca de 20 cm a 30 cm acima do dossel do milho (figura 3), sendo que, as cartelas devem ser trocadas semanalmente ou a cada três dias (Coleagro).
Figura 3. Armadilha adesiva (Yellow Trap) utilizada para o monitoramento da cigarrinha-do-milho.

Controle químico da cigarrinha-do-milho
Atualmente, 88 produtos apresentam registro junto ao MAPA para o controle da cigarrinha Dalbulus maidis em milho. Até o presente momento, não há produtos registrados para o controle da cigarrinha e Leptodelphax maculigera. Em meio a diversidade de produtos disponíveis para o controle da cigarrinha-do-milho, é fundamental atentar para o posicionamento dos inseticidas com maior eficiência no controle da cigarrinha.
Proporcionando maior assertividade no posicionamento de inseticidas para o controle da cigarrinha-do-milho, Machado et al. (2024) conduziram um estudo em larga escala para monitorar a suscetibilidade da cigarrinha do milho (Dalbulus maidis) a inseticidas. A pesquisa avaliou a suscetibilidade de 11 populações desse inseto-praga, coletadas nas principais regiões produtoras de milho do Brasil durante as safras 2021-2022 e 2022-2023, por meio de bioensaios de concentração-mortalidade e concentração diagnóstica.
No presente estudo, os autores avaliaram a suscetibilidade da cigarrinha do milho a seis inseticidas, sendo eles: carbosulfan, metomil, acefato, bifentrina, acetamiprido e Imidacloprido. Conforme resultados observados no estudo, a maioria das populações da cigarrinha apresentam alta suscetibilidade (menor sobrevivência) ao metomil, carbosulfan e acefato, exceto para uma população do estado da Bahia que apresentou suscetibilidade reduzida ao metomil. Por outro lado, todas as populações apresentaram suscetibilidade reduzida à bifentrina, acetamiprido e imidacloprido (Machado et al., 2024).
Figura 4. Sobrevivência de populações de campo de D. maidis coletadas no ano agrícola de 2022 a 2023 na concentração diagnóstica de diferentes inseticidas. A sobrevivência (média ± IC) seguida de asteriscos indica diferença significativa (P < 0,05) entre as populações de campo e o SUS usando o teste de Kruskal-Wallis seguido do teste post hoc de Dunn.

Adaptado: Machado et al. (2024)
Em suma, os resultados obtidos por Machado et al. (2024) demonstram que para a maioria das populações de cigarrinha-do-milho, metomil, carbosulfan e acefato são interessantes opções para o controle químico da praga. Contudo, vale destacar que o posicionamento de inseticidas para o controle da cigarrinha-do-milho deve considerar não só a eficiência dos inseticidas, como também o controle de outras pragas presentes na lavoura, bem como a rotação de inseticidas para o manejo da resistência das pragas a eles, contribuindo para a sustentabilidade da produção e manutenção da eficácia dos inseticidas.
Confira o estudo completo desenvolvido por Machado e colaboradores (2024) clicando aqui!
Veja mais: Safrinha começa com ataques de ‘cigarrinha’ e controle da fase ninfa da praga é estratégico ao produtor, afirma companhia
Referências:
COLEAGRO. ARMADILHA PARA CIGARRINHA-DO-MILHO. COLEagro: Monitoramento de insetos agrícolas. Disponível em: < https://www.coleagro.com.br/armadilha-para-cigarrinha-do-milho/ >, acesso em: 25/02/2025.
COTA, L. V. et al. MANEJO DA CIGARRINHA E ENFEZAMENTOS NA CULTURA DO MILHO. Embrapa Milho e Sorgo, Folhetos, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1130346/manejo-da-cigarrinha-e-enfezamentos-na-cultura-do-milho >, acesso em: 25/02/2025.
EMBRAPA. ENFEZAMENTOS POR MOLICULITES E CIGARRINHA NO MILHO. Embrapa, perguntas e respostas. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/controle-da-cigarrinha-do-milho#:~:text=Os%20enfezamentos%20s%C3%A3o%20doen%C3%A7as%20do,fitoplasma%20(Maize%20bushy%20stunt). >, acesso em: 25/02/2025.
FERREIRA, K. R. et al. FIRST RECORD OF THE AFRICAN SPECIES Leptodelphax maculigera (Stål, 1859) (Hemiptera: Delphacidae) IN BRAZIL. Research Square, 2023. Disponível em: < https://www.researchsquare.com/article/rs-2818951/v1 >, acesso em: 25/02/2025.
MACHADO, E. P. IS INSECTICIDE RESISTANCE A FACTOR CONTRIBUTINGTO THE INCREASING PROBLEMS WITH Dalbulus maidis (Hemiptera: Cicadellidae) IN BRAZIL? Society of Chemical Industry, 2024. Disponível em: < https://scijournals.onlinelibrary.wiley.com/doi/epdf/10.1002/ps.8237?domain=author&token=EFNPXSEM4KUXHHESVXEG >, acesso em: 25/02/2025.
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Sustentabilidade
Em abr/25, MT exportou 169,85 mil t de pluma, o maior volume para um mês de abril de toda a série – MAIS SOJA

Em MT, a comercialização da pluma da safra 24/25, em abr/25, atingiu 59,99% da produção estimada para o ciclo, apresentando um avanço de 2,84 p.p no comparativo mensal.
Cabe destacar que os produtores têm aproveitado os melhores momentos para realizar suas vendas. Dessa forma, o preço médio negociado em abr/25 ficou em R$ 139,30/@, alta de 1,42% em relação a mar/25. A respeito das vendas da safra 25/26, houve relatos de negociações pontuais no mês em análise, com avanço de 0,96 p.p. em abr/25 ante mar/25, alcançando 16,00% da produção estimada para a temporada.
Cabe destacar que os produtores exibiram cautela nas negociações deste mês (abr/25), tendo em vista o atual cenário de preços, o custo de produção elevado e as incertezas quanto à produção do ciclo. Por fim, o preço das vendas de abr/25 ficou na média de R$ 137,21/@, recuo de 1,24% ante mar/25.
SUBIU: com o preço do caroço em patamares altos, ainda motivado pela oferta restrita, o preço médio do coproduto fechou a semana em R$ 1.587,71/t.
ALTA: o contrato da pluma de dez/25 na bolsa de NY exibiu acréscimo de 1,16% no comparativo semanal, ficando cotado na média de ¢ US$ 69,23/lp.
AUMENTO: refletindo a valorização da pluma na bolsa de NY, a paridade de dez/25 apresentou elevação de 1,55% ante a semana passada, precificada na média de R$ 133,19/@.
Em abr/25, MT exportou 169,85 mil t de pluma, o maior volume para um mês de abril de toda a série
Quando analisado o acumulado de exportação do ciclo da safra 23/24 (ago/24 a abr/25), MT já embarcou 1,52 milhão de t de fibra ao exterior, aumento de 14,80% em relação ao mesmo período da safra 22/23. Entre os principais destinos da pluma do estado, o Vietnã lidera o ranking de importadores, seguido por Paquistão e China.
Diante da posição da China no ranking, é possível afirmar que os embarques aquecidos têm sido sustentados, principalmente, pelas maiores compras oriundas do Vietnã, Paquistão e Bangladesh, uma vez que esses países já importaram, de ago/24 a abr/25, um volume superior ao que foi visto no ciclo completo da safra 22/23 (ago/23 a jul/24), enquanto o volume da China apresentou redução.
Cabe destacar que a menor demanda chinesa já era esperada, tendo em vista seus maiores estoques de pluma nesta safra. Por fim, a diversificação dos destinos da pluma de MT pode manter o ritmo das exportações aquecido até o fim do ciclo (jul/25).
Confira o Boletim Semanal do Algodão n° 772 completo, clicando aqui!
Fonte: IMEA
Autor:Boletim Semanal do Algodão
Site: Imea
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A comercialização da soja da safra 24/25 em Mato Grosso atingiu 70,55% da produção em abr/25 – MAIS SOJA

Em abr/25, o volume de soja esmagada em Mato Grosso totalizou 1,20 milhão de toneladas, representando uma alta de 5,61% em relação ao mesmo mês do ano passado. No entanto, houve uma redução de 0,41% em comparação a mar/25. No acumulado de jan a abr de 2025, o total consumido pelas indústrias alcançou 4,32 milhões de toneladas, um aumento de 0,20% em relação ao mesmo período de 2024.
O ritmo aquecido das indústrias está atrelado à maior capacidade de processamento, atualmente projetada em 15,00 milhões de toneladas por ano — aumento de 3,30% em relação a 2024. Além disso, a maior oferta interna no estado e a demanda pelos coprodutos têm estimulado o consumo da soja neste período.
Por fim, em relação à margem bruta de esmagamento, o indicador apresentou queda de 3,04% em abr/25 frente a mar/25, encerrando o mês com média de R$ 642,48/t. Ainda assim, a margem está 103,87% acima à do mesmo período do ano passado, reflexo principalmente da valorização do óleo de soja.
AUMENTO: o prêmio Santos apresentou valorização de 28,89% na comparação semanal, impulsionada pela alta demanda por soja nos portos.
QUEDA: o preço da oleaginosa, segundo o indicador Cepea, registrou queda de 0,35% em relação à semana passada, encerrando o período com média de R$ 132,62/sc.
ALTA: a moeda norte-americana registrou elevação semanal de 0,63%, influenciada por fatores internos, especialmente pela taxa de juros no Brasil.
A comercialização da soja da safra 24/25 em Mato Grosso atingiu 70,55% da produção em abr/25
Nesse contexto, observou-se um avanço de 11,57 p.p. em relação a mar/25. Esse maior volume negociado no mês está associado à valorização nos preços da oleaginosa frente a mar/24, o que incentivou os produtores a intensificarem as vendas.
Além disso, a necessidade de liberar espaço nos armazéns para a chegada da safra de milho também contribuiu para impulsionar as negociações. Dessa forma, o preço médio da soja em abr/25 fechou em R$ 112,05/sc, representando uma alta de 2,66% em comparação ao mês anterior. Em relação à safra 2025/26, a comercialização da soja no estado alcançou 10,71% da produção estimada para a temporada, avanço de 2,61 p.p. em comparação a mar/25.
Apesar desse progresso, o ritmo de vendas permanece abaixo da média dos últimos cinco anos. Por fim, o preço médio da soja para a safra futura em abr/25 foi de R$ 109,95/sc, registrando uma queda de 0,28% em relação ao mês anterior.
Confira o Boletim Semanal da Soja n° 847 completo, clicando aqui!
Fonte: Imea
Autor:Boletim Semanal da Soja
Site: IMEA
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Sustentabilidade
Boletim traz atualizações climáticas para o mês de Maio – MAIS SOJA

Analisando a evolução das chuvas nos últimos meses, o mês de Março foi marcado pela baixa disponibilidade hídrica do solo em grande parte do território nacional. Já em Abril, uma melhora substancial das condições hídricas do solo pode ser observada em função da melhor distribuição de chuvas, elevando os níveis de umidade do solo.
Com relação às tendências para Maio, embora haja divergência entre modelos climatológicos, principalmente para as regiões Norte e Sul do país, para a região Centro-Oeste, tanto o modelo do INMET quando o modelo do NOAA, demonstram que há uma tendência de chuvas dentro da média histórica para o período (tons de cinza e branco respectivamente), cenário característico da condição de neutralidade, em que não há a influencia dos fenômenos El Niño e La Niña.
Figura 1. Anomalia de precipitações. Tendências para Maio de 2025.
Vale destacar que a maior tendência da condição de neutralidade não necessariamente implica em normalidade das chuvas, visto que diferentes fenômenos e variáveis climáticas podem interferir no regime de chuvas. Em suma, a maior probabilidade da condição de neutralidade significa um cenário com menor influência dos fenômenos ENOS sobre o regime de chuvas.
Para as culturas safrinha do Centro-Oeste como o milho, a ausência na anomalia da precipitação, indicando chuvas dentro da média pra a região, pode resultar em um cenário desfavorável para o desenvolvimento das lavouras, uma vez que nesse período, há uma tendência da ocorrência de pouca chuva para a região.
Confira abaixo o vídeo com as contribuições do pesquisador Fábio Marin sobre o tema.
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