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. . . . . . . . . . . . . . . 24 de May de 2025

Sustentabilidade

Manejo integrado de nematoides – MAIS SOJA

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Atualmente, a participação dos fitonematoides (nematoides fitopatogênicos) em áreas agrícolas bem como o impacto deles, têm evidenciado a importância de adotar estratégias de manejo integradas para assegurar a redução populacional dos fitonematoides, assim como os danos a produção das lavouras brasileiras.

Nas áreas de produção de soja no Brasil, o nematoide de cistos, Heterodera glycines, os nematoides de galhas, Meloidogyne spp., o nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus, o nematoide-reniforme, Rotylenchulyus reniformis e o nematoide da haste verde, Aphelenchoides besseyi, são os causadores dos maiores danos à cultura e, consequentemente, prejudicam a produção das lavouras (Castro; Meyer; Seixas, 2024).

Os danos variam de acordo com a espécie, densidade populacional dos fitonematoides, patogenicidade e virulência ou agressividade das espécies, sendo que, algumas culturas tendem a apresentar maior resistência a determinados fitonematoides (tabela 1).

Tabela 1. Patogenicidade e virulência ou agressividade de Meloidogyne javanicaMeloidogyne incognitaHeterodera glycinesRotylenchulus reniformis e Pratylenchus brachyurus às culturas de soja, algodoeiro e milho, e disponibilidade de variedades resistentes.
Fonte: Asmus & Inomoto (2013)

Embora o controle químico com o emprego de nematicidas seja uma opção prática em escala comercial, por se tratar de patógenos de solo, o contato entre o defensivo e o alvo normalmente é limitado, dificultando um controle efetivo dos fitonematoides, o que torna necessário adotar estratégias integradas para a redução das populações dos fitonematoides em áreas agrícolas.

Além do posicionamento de cultivares mais resistentes, uma das alternativas de manejo consiste no controle biológico dos fitonematoides, através do uso de fungos benefícios. Dentre os fungos adotados para o controle de fitonematoides, estão aqueles classificados como quitinolíticos, que inclui as espécies Purpureocillium lilacinum (syn. Paecilomyces lilacinus) e Pochonia chlamydosporia, e os produtores de metabólitos tóxicos e indutores de resistência, como Trichoderma spp. (Dias-Arieira et al., 2022).

Um estudo realizado por Santos et al. (2019) analisou o uso de diferentes espécies de fungos no controle de Pratylenchus brachyurus em soja, demonstrando um efeito significativo do controle biológico na redução das populações de nematoides juvenis e ovos, tanto no solo quanto nas raízes da cultura.

Tabela 2. Número de nematoides juvenis na raiz e no solo e número de ovos na raiz de soja em função do uso de nematicida (nem) aplicado às sementes e de fungos nematopatogénicos em quatro formas de aplicação para controle de Pratylenchus brachyurus; testemunha = água.
Fonte: Médias seguidas pela mesma letra minúscula na coluna e maiúscula na linha não diferem estatisticamente entre si pelo Teste de Scott-Knott ao nível de 5% de probabilidade. Fonte: Santos et al. (2019)
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Outra importante estratégia no manejo integrados dos fitonematoides, é o controle de plantas daninhas. De acordo com Kuhnem (2022), diversas plantas daninhas, dentre elas, as mais comuns em áreas agrícolas, são suscetíveis a pelo menos uma espécie de fitonematoide, contribuindo para a sobrevivência e reprodução das populações desses fitonematoides em áreas agrícolas. Nesse sentido, controlar planta daninhas reduz indiretamente as populações de fitonematoides.

Tabela 3. Relação de algumas plantas daninhas ao nematoide das galhas (Meloidogyne javanica M. incognita) e nematoide das lesões radiculares (Pratylenchus brachyurus).
Mj = Meloidogyne javanica; Mi = Meloidogyne incognita; Pb = Pratylenchus brachyurus. S = suscetível; I = imune; R = resistente; S/I = sem informação Fonte: Kuhnem (2022)

Não menos importante, a diversificação de espécies na rotação de culturas é essencial para reduzir as populações de fitonematoides. Além de algumas espécies não atuarem como hospedeiras, há também plantas de cobertura que contribuem para a supressão dos nematoides, seja por apresentarem baixo fator de reprodução, seja por produzirem compostos nematicidas. Dentre as espécies mais comuns com esse intuito, destacam-se as braquiárias, as crotalárias, o milho, o girassol e o sorgo (tabela 4 ).

Tabela 4. Culturas para a formação de palhada no sistema plantio direto e efeitos sobre os fitonematoides.
* Verde escuro mostra que a cultura não é hospedeira, reduzindo, portanto, a população do nematoide; branco indica que a cultura é boa hospedeira e aumenta a população do nematoide; verde claro é utilizada para coberturas que são más hospedeiras ou que apresentam respostas variáveis (varia de cultivar para cultivar)
Fonte: Inomoto & Asmus (2009)

Vale destacar que algumas espécies além de possibilitar o controle dos fitonematoides, contribuem para a redução das infestações de plantas daninhas e aumento da cobertura do solo (tabela 5).

Tabela 5. Características de plantas de cobertura com potencial de uso no sistema de semeadura direta para o manejo integrado de fitonematoides.
Adaptado: Ferreira et al. (2016)

Contudo, vale destacar que ao posicionar culturas de cobertura no sistema de produção, alguns cuidados necessitam ser tomados para evitar a inserção de fitonematoides nas áreas. As sementes das plantas de cobertura podem ser via de disseminação de patógenos, pragas ou plantas daninhas. Dependendo do sistema de produção, as podem levar consigo terra infestada de fitonematoides (Ferreira et al., 2016). Nesse sentido, o uso de sementes de qualidade é outra estratégia para reduzir as infestações de fitonematoides em áreas agrícolas.

Considerando os aspectos observados, pode-se dizer que medidas integradas de manejo são determinantes para a redução das populações dos fitonematoides, reduzindo assim o impacto deles nas culturas agrícolas, sendo indispensável, o controle de plantas daninhas, a rotação de culturas, o posicionamento de cultivares e também o controle biológico dos fitonematoides.


Veja mais: Cultivares resistentes a nematoides e de ciclo curto são, mais uma vez, tendência na próxima safra, segundo a SEEDCORP I HO


Referências:

ASMUS, G. L.; INOMOTO, M. M. NEMATOIDES EM CULTIVOS INTEGRADOS. Embrapa, Consórcio Milho-Braquiária, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/982597/1/LVCONSORCIOMB.pdf >, acesso em: 14/02/2025.

CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa Soja, Circular Técnica. n. 202, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 14/02/2025.

DIAS-ARIEIRA, C. R. et al. MANEJO BIOLÓGICO DE NEMATOIDES. Embrapa, Bioinsumos na cultura da soja, cap. 20, 2022. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1143066 >, acesso em: 14/02/2025.

FERREIRA, A. C. B. et al. SISTEMAS DE CULTIVO DE PLANTAS DE COBERTURA PARA A SEMEADURA DIRETA DO ALGODOEIRO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 377, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1066067/1/Sistemasdecultivodeplantasdecobertura.pdf >, acesso em: 14/02/2025.

INOMOTO, M. M.; ASMUS, G. L. CULTURAS DE COBERTURA E DE ROTAÇÃO DEVEM SER PLANTAS NÃO HOSPEDEIRAS DE NAMATOIDES. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Protecao04.pdf >, acesso em: 14/02/2025.

KUHNEM, P. TRIGO: UM ALIADO NO MANEJO INTEGRADO DE NEMATOIDES DA SOJA. Biotrigo Genética, 2022. Disponível em: < https://biotrigo.com.br/trigo-um-aliado-no-manejo-integrado-de-nematoides-da-soja/ >, acesso em: 14/02/2025.

SANTOS, A. R. B. et al. BIOCONTROLE NO MANEJO DE Pratylenchus brachyurus NA SOJA. Revista de Ciências Agrárias, 2019. Disponível em: < https://revistas.rcaap.pt/rca/article/download/17201/14457/64117#:~:text=O%20nematoide%20das%20les%C3%B5es%20radiculares,fungos%20no%20manejo%20de%20P. >, acesso em: 14/02/2025.

Foto de capa: Cristiano Bellé


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Sustentabilidade

Panorama do Agro – Semana de 19 a 23 de maio – MAIS SOJA

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1. VBP da agropecuária deve crescer 13,1% em 2025.

2. IBC-Br registra crescimento de 0,80% em março.

3. Preços médios do açúcar e etanol apresentam leve recuo em maio comparados a abril.

4. Preços do café caem nas bolsas internacionais com aumento de estoques e perspectiva de safra recorde na Colômbia.

5. Entrada de nova safra mais produtiva no Vale do São Francisco pressiona preços do melão ao produtor.

6. Cacau no Brasil: viabilidade, sustentabilidade e oportunidade estratégica em um mercado global em transformação.

7. Preços da soja e do milho seguem em queda devido ao cenário de ampla oferta.

Os preços da soja seguem enfraquecidos no mercado brasileiro, refletindo a elevada oferta interna e a perspectiva de nova expansão de área para a próxima safra. O USDA projeta safra mundial recorde em 2025/2026, com destaque para o Brasil, que pode colher 175 milhões de toneladas. O indicador Cepea registra média de R$ 132,84 por saca, abaixo dos R$ 134,68 no mês anterior. O milho segue pressionado por estimativas de produção elevada no Brasil e no mundo. As boas condições climáticas no Brasil e o ritmo da semeadura nos EUA reforçam as expectativas de uma safra robusta. Com isso, consumidores postergam compras à espera de novas quedas, enquanto vendedores tentam negociar lotes remanescentes da safra verão e da temporada anterior. O indicador Cepea aponta média de R$ 74,58 por saca, ante R$ 83,67 no mês passado. No mercado de feijão, os preços variaram conforme a qualidade e a região. O feijão carioca de notas superiores registrou alta, diante da baixa oferta e maior disposição de compra por parte de empacotadoras. Já o feijão preto segue com oferta crescente e vendas pontuais, à medida que produtores priorizam o armazenamento. Segundo a Conab, a produção do feijão preto deve crescer 15%, enquanto as de carioca e caupi devem recuar. O indicador Cepea/CNA para o feijão preto na região de Lucas do Rio Verde (MT) acumula média de R$ 192,00 frente a R$ 212,00 do mês anterior

8. Mercado de reposição na pecuária de corte segue tendência de alta.

9. Custo de produção do leite acumula alta de 10,8% em 2025.

10. Leilão GDT aponta ligeira retração no mercado internacional de lácteos.

11. Oferta de final de safra pressiona mercado do boi gordo.

12. Carne suína recua na segunda metade de maio.

13. Queda no preço da carne de frango nas indústrias.

14. Primeiro trimestre de 2025 é marcado por forte pressão sobre os custos de produção nas cadeias de avicultura e suinocultura.

15. Cotações da tilápia encerram semana com preços firmes.

Clique aqui e confira o descritivo de todos os tópicos acima.

Fonte: CNA – Panorama do Agro – Semana de 19 a 23 de maio

FONTE

Autor:CNA – Panorama do Agro – Semana de 19 a 23 de maio

Site: CNA


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VÍDEO: onça-pintada arrasta boi em correnteza de rio em Pantanal de MT

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🐆Uma onça-pintada foi flagrada arrastando um boi pela correnteza de um rio entre os municípios de Poconé e Barão de Melgaço, a 104 km e 121 km de Cuiabá, respectivamente. O momento foi registrado no último domingo (18) pelo fotógrafo e guia de turismo Branco Arruda.

No vídeo, a onça-pintada aparece quase submersa, arrastando o boi no rio. Ela leva a presa até a margem e momentos depois se alimenta (assista abaixo).

‘Ti’, como o felino é conhecido, é acompanhado desde os 6 anos pelo guia de turismo Branco Arruda, que o filmou. Apesar de já ter presenciado várias cenas marcantes da fauna no Pantanal, o profissional afirma que a onça registrada sempre se destaca e proporciona verdadeiros espetáculos na natureza.

VIDEO:

“Ela já está na faixa de 11 anos e sempre dá esse show! Estava com um grupo acompanhando a Ti, que estava deitada. De repente, ela sentiu o cheiro do boi e começou a se aproximar. Quando chegou perto, deu o bote e arrastou o animal para a margem do rio ”, relatou o guia.

🐾O guia também explicou que consegue identificar a onça por causa das pintas que ela tem, que são como “digitais”, que ajudam os guias a reconhecerem os animais.

Ti e os dois filhotes — Foto: Branco Arruda

Ti e os dois filhotes — Foto: Branco Arruda

Refúgio de onças

 

Onças-pintadas podem ser observadas no Pantanal de Mato Grosso — Foto: Pablo Cersosimo

Onças-pintadas podem ser observadas no Pantanal de Mato Grosso — Foto: Pablo Cersosimo

O Parque Estadual Encontro das Águas contempla o maior número de onças-pintadas, com uma extensão de 108 mil hectares. Os turistas podem passear de barco pelo bioma ao mesmo tempo em que fazem o monitoramento das onças de forma voluntária através de fotos e vídeos de diferentes aparições dos felinos.

Aliado ao ecoturismo, os guias orientam que o melhor momento para se deparar com os animais acontece entre os meses de julho e final de setembro, quando começa o período da seca, o que faz com que os felinos procurem água e, com isso, ficam expostos às margens dos rios, sendo possível vê-los de uma distância segura.

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Sustentabilidade

Estudo resgata lembranças do sertão por quem viveu seca e fartura

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Uma pesquisa realizada pelo antropólogo Renan Martins Pereira revela uma perspectiva pouco explorada sobre o sertão de Pernambuco.

Com base em entrevistas com antigos vaqueiros e ex-moradores da zona rural de Floresta, o estudo resgata memórias de um passado de fartura, um tempo em que, segundo os relatos, “havia mais peixes nos rios, mais árvores na caatinga e mais alimento na mesa”.

A pesquisa busca ressignificar as secas e a abundância não como opostos, mas como categorias que coexistiam no passado. Segundo o pesquisador, a fartura evocada pelos mais velhos não é uma romantização do passado, mas uma crítica ecológica ao presente.

“Quando eles dizem que antes havia mais fartura, estão, na verdade, apontando para o que se perdeu”, afirma o pesquisador.

Vegetação nativa preservada

O artigo mostra como esses moradores mais velhos articulam recordações de escassez e fartura. Nessa memória multifacetada, houve secas, sim; mas também houve abundância – basicamente relacionada à biodiversidade, no caso tratado no artigo.

“Os sertanejos falam de uma vegetação nativa mais preservada, de rebanhos numerosos e de maior oferta de alimentos. Essa memória da fartura não exclui a lembrança das grandes secas, mas sugere que houve uma transformação profunda na relação dos habitantes com o meio ambiente”, afirma o pesquisador.

Os relatos de antigos vaqueiros e ex-moradores do campo, como Zé Ferraz, Cirilo Diniz e Antônio José do Nascimento, retratam um sertão em que o gado era robusto, a pesca era abundante e o solo produzia com maior regularidade.

“Essa memória não tem um caráter apenas nostálgico, mas serve como um alerta sobre a mudança no uso da terra, a degradação ambiental e o impacto das mudanças climáticas. Os mais velhos não falam apenas de saudade, falam de perda real”, argumenta Pereira.

Tradições desaparecendo

As mudanças no uso da terra, a expansão da fronteira agrícola e a urbanização alteraram radicalmente o modo de vida no sertão.

“O êxodo rural reduziu a interação humana com a Caatinga e as práticas tradicionais de manejo estão desaparecendo. Muitos dizem que antes havia mais organização na vida do campo, que as festas comunitárias eram frequentes, que existia um sentimento de coletividade que hoje se perdeu”, conta o pesquisador.

Ao mesmo tempo, as secas atuais são percebidas como mais severas e prolongadas. Ele acrescenta que o conceito de “memória ecológica”, fundamental para o argumento do seu artigo, ajuda a compreender como os sertanejos interpretam essas transformações, não só com base em dados objetivos, mas também por meio de experiências vividas e narradas.

Memória viva do sertão

Em sua análise, o pesquisador recorre ao conceito de “duração” do filósofo francês Henri Bergson (1859-1941). “A memória não é um arquivo estático do passado, mas algo vivo, que transforma a percepção do presente e projeta futuros possíveis”, diz.

Essa abordagem permite enxergar as recordações das secas e da abundância como formas de resistência cultural e ecológica.

“A fartura, tal como é recordada, configura um conceito amplo. Ela diz respeito não apenas à quantidade de comida na mesa, mas também à relação das pessoas com a terra, ao respeito pelos ciclos da natureza, à segurança que vinha de um ambiente previsível. Hoje, muitos dos meus interlocutores dizem que essa fartura acabou.”, afirma.

A pesquisa de Renan Martins Pereira reconfigura o entendimento do sertão. “Mais do que um espaço de sofrimento, o semiárido é também um lugar de vida, de saberes ancestrais e de histórias que desafiam a noção de um passado perdido”, conclui o pesquisador.

Em um mundo em crise ambiental, as memórias do sertão podem oferecer lições valiosas sobre a relação entre a humanidade e a natureza.

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