Categories: Business

Abelha-canudo aumenta em 35% a produtividade do açaí em região que reúne 120 espécies nativas

O Pará concentra cerca de 50% da biodiversidade de abelhas nativas sem ferrão, das 240 espécies registradas no Brasil, 220 estão na Amazônia, e 120 delas no próprio estado. Entre essas espécies, a abelha-canudo se destaca como protagonista de uma revolução socio-bioprodutiva na região.

Em 2017, começou a ser publicada uma série de estudos sobre a produção de mel, própolis e a polinização do açaizeiro pelas abelhas-canudo. Nos últimos sete anos, os estudos publicados pelo pesquisador da Embrapa Amazônia Oriental, Daniel Santiago e outros pesquisadores evidenciaram que a introdução de colônias de abelhas-canudo nos açaizais eleva a produtividade em cerca de 35%.

“Antes, a abelha-canudo era desvalorizada porque produzia pouco mel, entre 100 e 500 ml/ano. A partir dessa publicação, o serviço de polinização da abelha passou a ser um insumo. Como é a adubação, a irrigação, o conhecimento das práticas de espaçamento”, conta o Santiago.

Os pesquisadores identificaram o ganho agronômico na produtividade e, a partir disso, cresceu a demanda pelas abelhas-canudo, sobretudo entre grandes produtores interessados na polinização dirigida. Com o aumento da procura, o preço do enxame subiu de aproximadamente R$ 150 para valores entre R$ 550 e R$ 750.

“A indústria do açaí está alavancando a meliponicultura na Amazônia. Hoje, o produtor que deseja adquirir enxames deve entrar numa fila e só recebe no segundo semestre, quando diminuem as chuvas e o meliponicultor consegue multiplicá-los”, relata Santiago.

Os estudos sobre as abelhas-canudo também revelaram a descoberta de uma própolis de altíssima qualidade, com propriedades cicatrizantes, anti-inflamatórias e até antibióticas, capazes de combater bactérias hospitalares.

“Açaização”

Embora o maior impacto econômico tenha sido para os grandes produtores de açaí, os pequenos também se beneficiam e têm experimentado mudanças no modo de produzir e de se relacionar com o meio ambiente. E com isso, o fenômeno conhecido como “açaização”, que é a pressão comercial para abandono de outras culturas e o desmatamento de plantas nativas para a instalação da monocultura do açaí, começa a ser revertido.

O pesquisador destaca, ainda, que há a possibilidade de incrementar com plantas que geram impacto econômico e também são importantes para as abelhas, como o mucajá, taperebá, pracaxi, além de outras plantas que fazem parte da paisagem como o Ingá que além de gerar frutos, vagens comestíveis, ajudam na incorporação de nutrientes.

agro.mt

Recent Posts

Estratégia simples reduz custos e otimiza adubação em solos de alta fertilidade no Cerrado

Uma estratégia prática e de baixo custo pode transformar o manejo de fertilizantes em áreas…

4 horas ago

Governo de Mato Grosso aciona STF contra decreto ilegal de Lula I MT

Estado aponta ausência de ocupação indígena, omissão no processo e risco à segurança jurídica de…

7 horas ago

Tempestade com ventos de até 100 km/h colocam 57 municípios de MT em alerta; saiba quais

Regiões podem registrar precipitação de até 60 mm por hora e rajadas de 100 km/h,…

7 horas ago

Plantio de arroz avança no Sul e chuvas devem manter ritmo no Centro-Norte

O plantio de arroz recuperou ritmo no Sul com alguns dias de tempo firme. A…

7 horas ago

Entidades comemoram retirada de tarifas pelos EUA e esperam novos avanços nas negociações – MAIS SOJA

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou comunicado sobre a remoção das tarifas ao Brasil…

21 horas ago

VÍDEO: onça-pintada é flagrada correndo na estrada e quase é atropelada em MT

Vídeo mostra momento em que a onça cruza de repente a estrada e surpreende trabalhadores.…

21 horas ago