Com uma área territorial de mais de 903 mil quilômetros quadrados, Mato Grosso é o terceiro maior estado do Brasil, ficando atrás apenas do Amazonas e do Pará.
O tamanho impressiona: sozinho, o estado é equivalente à soma de países como França e Alemanha. Mas essa imensidão territorial, que já foi símbolo de poder e de abundância, também levanta uma questão recorrente entre políticos, economistas e estudiosos da administração pública: será que Mato Grosso é grande demais para ser eficiente?
Historicamente, o estado já passou por um processo de divisão. Em 1977, o antigo Mato Grosso foi oficialmente separado, dando origem a Mato Grosso do Sul, com o objetivo de melhorar a administração pública, aproximar o poder político das populações do sul do território e acelerar o desenvolvimento regional.
Desde então, as duas unidades federativas seguiram caminhos distintos. Mato Grosso consolidou-se como um gigante do agronegócio, enquanto Mato Grosso do Sul diversificou sua economia, fortalecendo o turismo e a agroindústria.
Essa experiência levanta uma reflexão mais ampla: há vantagens em dividir estados muito grandes? E, por outro lado, quais são os riscos de fragmentar territórios vastos?
Do ponto de vista administrativo, estados menores tendem a ter governos mais próximos da população, o que facilita a fiscalização, o planejamento urbano e a execução de políticas públicas.
Quando a estrutura é menor, a burocracia se reduz, as distâncias entre municípios e a capital são encurtadas e a sensação de pertencimento cresce. A criação de Tocantins, em 1988, a partir da divisão de Goiás, é frequentemente citada como um caso bem-sucedido.
O novo estado trouxe investimentos e atenção a uma região antes esquecida, hoje com polos crescentes como Palmas, Araguaína e Gurupi.
Por outro lado, a criação de novos estados implica custos expressivos. É necessário instalar uma nova estrutura administrativa (assembleia, tribunal de justiça, sede do governo, secretarias, entre outros), o que gera gastos públicos permanentes.
Além disso, a divisão pode criar desigualdades econômicas: uma parte do território, geralmente a mais rica, tende a concentrar recursos e atrair investimentos, enquanto a outra pode enfrentar dificuldades fiscais e dependência de transferências federais.
No caso de Mato Grosso, o tamanho traz desafios significativos de gestão. Governar um território que vai do cerrado à Amazônia e que abriga 141 municípios com realidades socioeconômicas muito distintas não é tarefa simples.
O custo logístico é elevado, especialmente para o escoamento da produção agrícola. Estradas, ferrovias e infraestrutura precisam cobrir longas distâncias, o que encarece obras e manutenção. Além disso, a presença de regiões remotas e de baixa densidade populacional dificulta o acesso a serviços públicos essenciais, como saúde e educação.
Apesar disso, há também vantagens em ser um estado grande. Mato Grosso se beneficia de economias de escala e de um território diversificado em recursos naturais, que permite a coexistência de diferentes cadeias produtivas: soja, milho, algodão, pecuária, madeira, turismo ecológico e mineração.
Essa variedade reduz a vulnerabilidade econômica e torna o estado um dos motores do crescimento nacional. A gestão centralizada pode, em alguns casos, favorecer a coordenação de grandes políticas de infraestrutura e de conservação ambiental, como a integração logística entre o norte e o sul do estado ou os corredores de exportação.
Os debates sobre uma nova divisão territorial ainda aparecem ocasionalmente. Há quem defenda a criação de um “Estado do Araguaia”, abrangendo o nordeste mato-grossense, uma das regiões mais afastadas da capital Cuiabá e com fortes vínculos econômicos com o Pará e Tocantins.
A proposta, porém, enfrenta resistência por conta dos custos e da complexidade política de alterar fronteiras estaduais.
A questão central, portanto, talvez não seja se Mato Grosso é grande demais, mas se ele é bem administrado o suficiente para lidar com sua grandeza. O tamanho por si só não é o problema, o desafio é transformar extensão em eficiência, distância em conexão e diversidade em força.
Enquanto isso, o gigante do Centro-Oeste segue se expandindo econômica e demograficamente. Com planejamento regional, investimentos em infraestrutura e políticas de integração territorial, Mato Grosso pode continuar provando que, mesmo grande, pode ser eficiente, e que a grandiosidade, quando bem administrada, é uma vantagem, não um fardo.
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