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Soja deve ser ‘moeda de troca’ no encontro entre EUA e China

A China reduziu as compras de soja dos Estados Unidos drasticamente. Em setembro, por exemplo, as importações chinesas pelo país governado por Donald Trump foram a zero. Segundo Carlos Cogo, consultor em agronegócios, o motivo é simples: as tarifas de 34% impostas sobre os produtos do gigante asiático.

Em uma postagem na Truth Social, o presidente norte-americano disse que os produtores de soja dos Estados Unidos estão “sendo prejudicados porque a China, apenas por razões de ‘negociação’, não está comprando”. Trump também confirmou que irá se encontrar com o presidente chinês, Xi Jinping, e que a soja será um dos principais temas da discussão.

Encontro entre Trump e Xi; o que esperar?

De acordo com Cogo, os Estados Unidos costumam usar o setor agrícola como moeda de troca em negociações comerciais com a China. Isso aconteceu em 2020, no chamado “Phase One Deal”, quando Pequim se comprometeu a ampliar as compras de soja, milho e carnes norte-americanas para reduzir tensões na guerra comercial.

O consultor lembra que o peso político da agricultura é central para Trump. Um eventual acordo sobre grãos e carnes pode ser oferecido em troca de avanços em outros pontos sensíveis, como tarifas industriais, propriedade intelectual ou semicondutores.

Para o Brasil, o impasse abre uma janela de oportunidade. Com os chineses fora do mercado norte-americano, a soja brasileira tende a ganhar ainda mais espaço no maior importador mundial da oleaginosa. “Enquanto não houver acordo, a China não vai importar dos EUA. Até lá, quem sai beneficiado é o Brasil”, avalia Cogo.

Reunião entre Trump e Lula no radar

Em comparação com a China, o cenário das relações comerciais entre Estados Unidos e Brasil é um pouco mais complexa. Em vigor desde agosto, o tarifaço contra as exportações brasileiras soma 50%, uma das maiores taxas do mundo. Agora, as atenções se voltam para uma possível reunião entre Lula e Trump, ainda sem data para acontecer.

Na avaliação de Cogo, o cenário mais provável é de avanços limitados. “O diálogo deve produzir declarações positivas e a criação de mesas técnicas para negociar tarifas, mas sem soluções imediatas”, diz.

Entretanto, em um panorama mais otimista, o encontro entre os presidentes do Brasil e dos Estados Unidos pode levar à redução gradual das tarifas e ao fortalecimento da cooperação bilateral, com ganhos práticos para os exportadores brasileiros. “Carne bovina e café têm as maiores chances, pois a falta do Brasil já afeta diretamente o consumidor norte-americano”, analisa Cogo.

agro.mt

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