Tempo quente, seco, chuvas e fenômenos climáticos: o Mercado & Cia desta sexta-feira (26) analisou como as condições climáticas influenciam na produção e nos preços da soja. De olho no início do plantio no Brasil, a oleaginosa deve registrar novo avanço nos números finais e, se o clima colaborar, pode alcançar safra recorde no ciclo 2025/26.
Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção nacional tem o potencial de chegar a 177,67 milhões de toneladas, crescimento de 3,6% frente ao ciclo anterior, quando foram colhidas 171,47 milhões. Já a consultoria Safras & Mercado projeta números ainda maiores, entre 180 e 181 milhões de toneladas.
O meteorologista do Canal Rural, Arthur Müller, reforçou que as previsões são mais positivas em relação aos últimos cinco anos. Além disso, o especialista apontou que a atual condição de neutralidade no Pacífico pode evoluir para um La Niña entre novembro e dezembro.
“No Centro-Oeste houve um atraso, mas não deve ser suficiente para comprometer a safra. Já no Rio Grande do Sul, existe uma boa expectativa, embora a possibilidade de La Niña no fim do ano aumente a preocupação com estiagens, justamente em um período em que historicamente chove menos no estado”, explicou.
De acordo com Müller, no cenário nacional a tendência é de chuvas mais bem distribuídas, com acumulados que podem chegar a 100 milímetros em uma semana e até 300 milímetros em 30 dias no fim do ano. “Esse volume vai beneficiar as lavouras em fase de enchimento de grãos, quando a soja mais precisa de umidade”, destacou.
Em Mato Grosso, maior produtor da oleaginosa, o meteorologista observou que o fim de setembro ainda terá precipitações irregulares. “No centro-sul do estado, a chuva é mais limitada, enquanto o centro-norte já recebeu bons volumes”, disse. A partir dos dias 3 e 4 de outubro, até o dia 10, seguem pancadas isoladas de até 20 milímetros, suficientes para dar início ao plantio sem grandes atrasos.
Após a passagem da frente fria no fim de setembro, o clima tende a ficar mais quente e seco até dia 10 de outubro. A partir da segunda quinzena, entretanto, a previsão é de chuvas mais volumosas e regulares, com acumulados de até 100 milímetros em apenas uma semana.
“Em novembro e dezembro deve chover bem, com o clima favorecido pela atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul, principal sistema responsável pelas precipitações no Centro-Oeste e no Sudeste”, concluiu Müller.
O analista Rafael Silveira, da Safras & Mercado, destacou que a recuperação das lavouras do Rio Grande do Sul será determinante nesse resultado. Embora não haja expectativa de aumento de área no estado, a retomada da produtividade deve impulsionar a produção.
Entre os desafios, Silveira citou o custo elevado de produção e os juros altos, fatores que podem reduzir o uso de tecnologia no campo e deixar a produtividade ainda mais dependente do clima.
Na frente comercial, Silveira avaliou que os prêmios portuários tiveram bom desempenho em 2025, impulsionados pelas exportações brasileiras e pela redução das compras de soja americana pela China. O ritmo de vendas da safra antecipada, entretanto, preocupa: apenas entre 21% e 23% da produção 2025/26 está comprometida, percentual abaixo da média histórica.
“Se o produtor não travar preços agora, corre o risco de enfrentar pressão de prêmios na entrada da safra, o que pode reduzir margens de lucro”, alertou.
Rafael Silveira também detalhou o cenário internacional. De acordo com ele, os Estados Unidos enfrentam dificuldades na colheita e nas negociações com a China, sem grandes volumes confirmados. A combinação de safra menor com exportações fracas pode levar a novos ajustes nos estoques e pressionar ainda mais as cotações em Chicago.
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