O anúncio de uma reunião entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, reacendeu a expectativa de negociações que podem impactar diretamente o setor de café. A avaliação é de Guilherme Mória, analista setorial de café da consultoria Rabobank.
O mercado atravessa um período de forte volatilidade, marcado pela recuperação recente dos preços após meses de queda, efeito das tarifas impostas pelos EUA e das incertezas climáticas sobre a safra brasileira. Apesar de o Brasil continuar como o maior fornecedor global, produtores e exportadores enfrentam desafios logísticos, comerciais e climáticos.
Segundo Mória, a instabilidade é resultado de diversos fatores, entre eles os baixos estoques globais desde a geada de 2021. “A oferta de café não foi mais a mesma e pouco a pouco fomos consumindo os estoques até chegar ao atual momento, no limiar dos níveis de segurança. Isso tem sido preponderante para a volatilidade dos preços, somado aos desafios climáticos e às tensões geopolíticas dos últimos meses. As tarifas impostas por Trump também trouxeram mais um ingrediente para esse cenário”, explicou.
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Mesmo diante das barreiras comerciais, o analista aponta que o Brasil tem conseguido expandir a participação em outros mercados. “Já que temos um desafio grande para exportar aos Estados Unidos, vemos oportunidade de ganhar market share em outras regiões, como Oriente Médio, Ásia e Europa. Os estoques estão apertados e não há excedente de café no mundo. Isso abre espaço para o Brasil aumentar sua presença nesses destinos”, disse.
Mória acrescenta que alguns importadores americanos têm adotado uma estratégia de cautela. “O café brasileiro está chegando aos EUA e sendo armazenado em áreas alfandegadas, sem o pagamento imediato das tarifas. Se houver algum avanço na negociação entre Trump e Lula, esse café já poderá ser internalizado em condições mais vantajosas”, observou.
No campo, as preocupações seguem relacionadas à próxima safra. Após chuvas de pedra em julho, uma nova geada em agosto afetou lavouras no Cerrado Mineiro e elevou a incerteza sobre o potencial produtivo do café arábica. “Havia a expectativa de uma grande safra que pudesse aliviar o mercado, mas os eventos climáticos reacenderam a dúvida. Estoques apertados e riscos sobre a produção são fatores que sustentam a volatilidade e os preços elevados”, afirmou.
Apesar das dificuldades, Mória vê espaço para otimismo, principalmente no caso do café robusta. “Em 2025 tivemos uma colheita frustrante, mas a safra de conilon deve repetir o bom desempenho. Já no arábica, apesar dos desafios, ainda há potencial para produzir mais do que neste ano”, concluiu.
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