Os produtores de soja norte-americanos afirmaram nesta quinta-feira (21) que estão “à beira de um precipício comercial e financeiro” e pediram socorro ao presidente Donald Trump. A pressão é resultado da prolongada guerra tarifária contra a China, principal compradora do grão norte-americano.
Representados pela ASA (American Soybean Association), os sojicultores enviaram uma carta à Casa Branca pedindo que a soja seja prioridade nas negociações comerciais com Pequim. Segundo o documento, a tarifa de 20% imposta pelos chineses às exportações dos EUA torna inviável competir com países da América do Sul, especialmente o Brasil, que já fechou contratos para suprir parte da demanda chinesa nos próximos meses.
“Os produtores não conseguem sobreviver a uma disputa prolongada com seu maior cliente”, destacou Caleb Ragland, presidente da ASA.
Custos em alta e preços em queda
A carta ressalta que, ao mesmo tempo em que os preços da soja seguem em queda, os custos de insumos e equipamentos agrícolas nos EUA continuam subindo, o que pressiona ainda mais a sustentabilidade financeira dos agricultores.
“Quanto mais avançarmos no outono sem um acordo em relação à soja, piores serão os impactos para os produtores”, alertou a associação.
Dependência da China e risco de colapso
A China é o maior comprador mundial da commodity e, diante da guerra comercial, passou a priorizar fornecedores sul-americanos. Esse cenário tem ampliado a preocupação dos sojicultores dos EUA, que se preparam para colher uma safra volumosa sem ter garantias de destino para sua produção.
Segundo analistas, se as barreiras comerciais não forem removidas, milhares de produtores rurais norte-americanos poderão enfrentar sérias dificuldades financeiras nos próximos meses.
Pressão política sobre Trump
A ASA concluiu a carta em tom de cobrança:
“Senhor Presidente, o senhor tem apoiado fortemente os agricultores — e eles, por sua vez, têm apoiado fortemente o senhor. Precisamos da sua ajuda.”
O apelo ocorre em um momento em que a guerra comercial com a China já impacta outros setores do agronegócio americano, elevando a pressão sobre Trump em ano eleitoral.