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Agronegócio do Centro – Oeste atrai cada vez mais brasileiros de outros estados – MAIS SOJA


Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário 

Região demanda mão de obra especializada

Como o Portal SNA já mostrou anteriormente, o agronegócio costuma alavancar a economia local e atrair investimentos, profissionais capacitados e gente que busca melhor qualidade de vida nas novas fronteiras do setor, assim entendidos os grandes polos produtivos que mais cresceram em décadas recentes. É o caso do Centro – Oeste, que vem recebendo muitos brasileiros de outros estados. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 26% da população dessa região é composta por pessoas vindas de outras partes do país.

Dos aproximadamente 4,3 milhões de imigrantes que residem na região, 43,2% são nordestinos, seguidos por 28,9% de moradores nascidos no Sudeste e 11,9% vindos do Norte do país. O Sul – região que também apresentou saldo positivo nos fluxos migratórios – tem o menor percentual. Ainda de acordo com o IBGE, com base nos dados do Censo de 2022, o Centro – Oeste manteve o saldo migratório regional positivo na casa das 209 mil pessoas, em comparação à sondagem anterior, de 2010. O critério é aplicado nos estudos desde 1991.

O agronegócio dos estados que compõem o Centro – Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) é pujante, demandado cada vez mais mão de obra e investimentos para infraestrutura e logística. A atividade econômica também experimenta um aumento em setores não diretamente ligados à produção agropecuária, o que fomenta os polos urbanos e atrai profissionais liberais de diversos ramos, que precisam atender às necessidades de quem mora e trabalha na região.

A qualificação para o trabalho no campo ainda é o principal vetor de interesse e oportunidades. Em alguns casos, fica implícito um paralelo entre o estado de origem e o de destino, indicando que muitos trabalhadores de locais com forte vocação agropecuária escolhem migrar para pontos do território onde ainda há muita expansão possível. O IBGE, ao se debruçar sobre os dados censitários mais recentes (de 2022), verificou que muitas pessoas oriundas do Paraná, expoente do agro, compõem a população de migrantes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o que ilustraria esse exemplo.

Mas o órgão esclarece que detalhes assim ainda serão mapeados com profundidade no Censo Agropecuário 2026, que deve esmiuçar outros fatores como vínculos de emprego na atividade rural e atrações turísticas da região que ganharam destaque em anos recentes.

Novos modais ferroviários beneficiarão cenário de crescimento

O cenário de dinamismo, investimentos e oportunidades que atraem milhares de pessoas ganhará novo fôlego com a aguardada Ferrovia de Integração Centro-Oeste, que já alcançou 39% de execução, segundo a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). São 1.534 quilômetros de extensão, divididos em três trechos. A entrega é prevista para 2028.

O primeiro trecho liga Goiás ao Mato Grosso. Os trilhos entre Mara Rosa (GO) e Água Boa (MT) somam 383 quilômetros. A segunda etapa, de Água Boa até Lucas do Rio Verde (MT), conta com uma extensão de mais 505 quilômetros. O traçado expande ainda para Lucas do Rio Verde a Vilhena (RO), com 646 quilômetros, atendendo a produção agropecuária do Sul de Rondônia – com a interligação à Ferrovia Norte-Sul (FNS).

Projetada para cargas pesadas, a ferrovia transportará grãos, combustíveis e bens industrializados. A ferrovia é uma perspectiva logística de reduzir custos logísticos e aumentar a previsibilidade das exportações. A infraestrutura posiciona o Centro-Oeste como elo entre as regiões Norte e Sudeste brasileiras com países estratégicos da América do Sul.

Para o setor produtivo de Goiás e Mato Grosso, o projeto não apenas interliga centros de produção agrícola a portos estratégicos, como Santos (SP), Itaqui (MA) e Ilhéus (BA), como promete reduzir custos operacionais e ampliar o acesso a mercados internacionais. Assim, o Centro – Oeste seguirá como núcleo determinante da logística nacional, escoando sua volumosa produção e oferecendo cada vez mais oportunidades aos brasileiros de todo o país.

Soma-se a esse projeto a cobiçada rota bioceânica, que pode triplicar a exportação de carne bovina do Mato Grosso do Sul ao Chile com a conclusão da ponte binacional sobre o rio Paraguai. A estimativa é do setor frigorífico, que aposta na nova ligação terrestre para reduzir o tempo e os custos logísticos com o comércio internacional. Com a nova rota, os embarques seguirão por Porto Murtinho (MS), cruzarão a região do Chaco paraguaio e alcançarão o norte do Chile por rodovias interligadas.

Isso faz parte de uma expansão mais ambiciosa, que pretende alcançar portos chilenos em parceria com os países envolvidos e assim escoar o volume de produção do Centro – Oeste brasileiro pelo Oceano Pacífico, encurtando a distância e o tempo das viagens até os principais compradores asiáticos, em especial a China.

Além das fontes já mencionadas no texto, contribuíram para a matéria o Ministério dos Transportes, a Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso (Famato) e a Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer).

Fonte: SNA



 

FONTE

Autor:Marcelo Sá – Sociedade Nacional de Agricultura

Site: SNA

agro.mt

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