A brusone (Magnaporthe oryzae/Pyricularia oryzae) é uma das principais doenças que acometem o trigo, causando danos principalmente nas espigas, em função do local de infecção do patógeno. Os sintomas são observados principalmente nas espigas, que podem se torna parcialmente ou totalmente esbranquiçadas. O fungo também pode infectar folhas do trigo, causando lesões necróticas de formato elíptico e cor de palha, apresentando ou não halo avermelhado (Huhnem et al., 2021).
A doença é favorecida por chuvas frequentes e temperaturas elevadas, além disso, o patógeno sobrevive em uma ampla gama de hospedeiros. Precipitações ou irrigação elevada a partir do início do emborrachamento do trigo também favorecem o desenvolvimento da doença. Dentre as principais estratégias de manejo, destacam-se o tratamento de sementes com fungicidas, o uso de sementes sadias, o ajuste da época de semeadura (dando preferência para semeaduras mais tardias de cultivares mais suscetíveis), e o controle químico com fungicidas (Santana et al., 2012; Embrapa, 2024).
Com relação ao controle químico da brusone, é preciso analisar o foco do controle, espiga ou folha. A brusone da folha é mais facilmente controlada, e não necessita de controle preventivo, sendo que, no geral, misturas contendo triazol + estrobilurina tendem a apresentar boa eficiência de controle. Já se tratando da brusone da espiga, o controle deve ocorrer preferencialmente de forma preventiva, sendo que, a eficiência de controle apresenta relação com as condições ambientais (Embrapa, 2024).
Conforme orientações de manejo, se houver previsão de condição de chuvas para os próximos 2 ou 3 dias, e as plantas estiverem no espigamento ou na fase final de emborrachamento, recomenda-se a aplicação de fungicidas para controlar a doença. Se as condições ambientais se mantiverem com a previsão de chuva, recomenda-se nova aplicação de fungicidas a cada 7 a 10 dias, associando sempre que possível, fungicidas multissítios como o mancozebe para melhor eficácia no controle (Embrapa, 2024).
Contudo, vale destacar que, em anos de alta incidência da doença (75% a 100% de espigas infectadas), comuns em anos de “El Niño”, o controle químico é limitado e economicamente inviável. Em condições de média (até 25%) e baixa incidência de brusone (de 25% a 75%), comuns em anos de neutralidade ou de “La Niña”, aplicações de fungicidas podem proporcionar níveis de rendimento de grãos compatíveis com a viabilidade econômica da lavoura de trigo (Almeira, 2024).
De acordo com Almeida (2024), dentre os resultados observados em redes de ensaios nos últimos anos, melhores performances de controle da brusone tem sido observadas com o uso de formulações contendo mancozebe em sua composição. As aplicações de fungicidas devem ocorrer no início do espigamento (25% de exposição das espigas).
Melhores resultados de controle tem sido observados com três aplicações de fungicidas, em intervalos de 7 a 10 dias. Entretanto, o nível de controle é inversamente proporcional à pressão de doença. Em anos/locais com alta pressão de doença a perda por brusone pode ser de 100% no rendimento de grãos. Havendo condições meteorológicas predisponentes ao desenvolvimento de brusone (molhamento foliar superior a 10h e temperatura do ar próxima a 25 ºC), deve-se avaliar a necessidade de reaplicações (Almeira, 2024).
De acordo com os resultados de controle obtidos pelos ensaios realizados pela Rede de Ensaios Cooperativos de Trigo durante e safra 2024, dentre os fungicidas analisados no estudo (trifloxistrobina; tebuconazol; mancozebe; azoxistrobina; flutriafol; e tiofanato-metílico, sozinhos ou em misturas), ainda que todos os fungicidas tenham demonstrado eficácia na redução da incidência da brusone nas espigas, as melhores eficiências de controle da doenças foram observadas com o uso Tebuconazol e mancozeb (T5), Tiofanato-metílico e mancozebe (T8) e Azoxistrobina + flutriafol (T6), com valores acima de 89%, demonstrando que essas podem ser interessantes opções para compor o programa de fungicidas com foco no controle da brasone (tabela 1).
ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: safras 2024 & 2025. Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 23/06/2025.
EMBRAPA. BRUSONE DO TRIGO. Embrapa, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1165446/1/Flyer-brusone-web.pdf >, acesso em: 23/06/2025.
FERREIRA, A. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA O CONTROLE DA BRUSONE DO TRIGO NA REDE DE ENSAIOS COOPERATIVOS, SAFRA 2024. Embrapa Trigo, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 130, 2025. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1174974/1/BPD-130-online.pdf >, acesso em: 23/06/2025.
KUHNEM, P. et al. GUIA PRÁTICO PARA IDENTIFICAÇÃO NO CAMPO: TRIGO; DOENÇAS. Biotrigo Genética, 2021. Disponível em: < https://biotrigo.com.br/wp-content/uploads/2022/09/Guia_Pratico_Doencas_Biotrigo_2022.pdf >, acesso em: 23/06/2025.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 23/06/2025.
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