*Joelma Vieira
Em um país onde o agronegócio representa uma fatia expressiva da economia, o escoamento continua sendo um dos principais entraves para o crescimento sustentável do setor. Com investimentos anuais de R$ 538 bilhões em logística, representando 20,7% do total do setor, o agro brasileiro ainda enfrenta desafios estruturais que limitam sua competitividade no mercado global.
O primeiro grande obstáculo está na capacidade de armazenagem adequada — um problema antigo que ainda impacta diretamente a rentabilidade do produtor rural. Atualmente, o Brasil consegue estocar apenas de 60% a 70% de sua produção agrícola, com somente 20% dessa capacidade localizada nas fazendas. Essa deficiência força os produtores a escoar suas safras simultaneamente, gerando congestionamentos logísticos e, frequentemente, a necessidade de vender a produção em momentos de preços desfavoráveis.
Outro desafio crítico está no modal de transporte. O Brasil depende excessivamente do transporte rodoviário, que responde por 65% do escoamento da produção agrícola, enquanto o modal ferroviário representa apenas 20% e o hidroviário, 15%. Essa dependência, somada à infraestrutura deficiente das rodovias brasileiras, eleva os custos logísticos para entre 30% e 40% do valor final dos produtos — muito acima da média internacional.
A burocracia e o excesso de documentação também contribuem para a ineficiência do sistema. Processos manuais e redundantes causam atrasos significativos, especialmente durante os períodos de safra, quando o volume de operações aumenta exponencialmente. Sistemas modernos de gestão de transportes (TMS) podem reduzir em até 85% o tempo de liberação de veículos e em até 80% o tempo de faturamento e pagamento.
A falta de rastreabilidade completa das operações logísticas representa outro entrave significativo. Muitas empresas do agronegócio ainda enfrentam dificuldades para responder a perguntas básicas como: Onde estão meus motoristas? Quanto combustível eles usaram? Onde está o comprovante de entrega? Essa falta de visibilidade gera ineficiências operacionais e dificulta o planejamento estratégico.
Soluções tecnológicas
Felizmente, o cenário está mudando. Empresas que implementaram soluções tecnológicas de logística já colhem resultados expressivos. Por exemplo, sistemas modernos de gestão de armazéns (WMS) podem reduzir perdas por vencimento em até 30% e otimizar o espaço disponível em até 40%, representando ganhos significativos.
No setor de defensivos agrícolas, químicos, sementes e fertilizantes, um dos clientes da multinacional de tecnologia que utiliza sistemas integrados já gerencia mais de 47 centros de distribuição, processando 36 mil notas fiscais de entrada e 126 mil de saída, com rastreabilidade total. No setor de biodiesel, sistemas de gestão de pátio administram 14 mil agendamentos mensais, chegando a 30 mil durante a safra.
Estudos indicam que a implementação de logística estratégica no agronegócio pode resultar em redução de custos entre 7% e 15%, além de melhorar o nível de serviço entre 10% e 30%. Dessa forma, fica claro que a transformação digital da logística no agronegócio não é mais uma opção, mas uma necessidade competitiva. As empresas que se anteciparem nessa jornada estarão melhor posicionadas para enfrentar os desafios futuros. Concluímos que, em um mundo onde a eficiência logística pode definir o sucesso ou o fracasso de uma operação agrícola, a tecnologia surge como aliada fundamental para transformar os históricos desafios do setor em oportunidades de crescimento sustentável.
Head de Logística na Senior Sistemas. Joelma vieira é Doutora em Bioquímica de Macromoléculas pela UNICAMP e possui MBA em Logística, Materiais e Gestão da Cadeia de Suprimentos pelo IBMEC.
Fonte: Assessoria de Imprensa Senior
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