O manejo e controle de plantas daninhas é indispensável pra reduzir a matocompetição com as culturas agrícolas e o impacto negativo na produtividade da lavoura. Além de matocompetir com as plantas de interesse econômico, as plantas daninhas servem como ponte verde para a sobrevivência de pragas e doenças que depreciam os grãos e sementes produzidas, além de reduzir o rendimento da cultura.
Ainda que os herbicidas químicos sejam as ferramentas mais utilizadas para o controle de plantas daninhas em lavouras comerciais, medidas integradas devem ser adotadas para maior sustentabilidade e eficácia no manejo das planta daninhas. Uma dessas medidas é a rotação de culturas, prática que além de auxiliar no manejo de plantas daninhas, possibilita incrementos de produtividade em sistemas de produção de grãos.
Pesquisas desenvolvidas pela Embrapa evidenciam as contribuições positivas da rotação de culturas sobre a produtividade das culturas produtoras de grãos. Considerando a produtividade média da soja no sistema de rotação com milho em relação à observada na sucessão com trigo, o ganho acumulado na produtividade da oleaginosa corresponde a 17% (Franchini et al., 2011).
Além do incremento na produtividade da cultura subsequente em função do acúmulo e liberação de nutrientes na biomassa, a rotação de culturas com plantas de cobertura e/ou culturas de interesse econômico viabiliza o emprego de diferentes estratégias no controle de plantas daninhas, incluindo a supressão da emergência das plantas fotoblásticas positivas e a possibilidade de rotacionar e/ou utilizar herbicidas de diferentes mecanismos de ação, proporcionando o manejo de espécies que são dificilmente controladas na pós-emergência da soja.
A interação entre espécies no sistema de produção por meio da rotação de culturas promove a redução da matocompetição e o aumento da produtividade das culturas produtoras de grão (quando comparamos os sistemas de rotação de culturas com o pousio). Esses efeitos contribuem para o aumento da produtividade e rentabilidade da produção agrícola, refletindo na lucratividade das lavouras.
A cobertura do solo promovida pelas culturas de cobertura e/ou pelas culturas comerciais inseridas na rotação auxilia de forma significativa na supressão de plantas daninhas. Espécies fotoblásticas positivas, como a buva (Conyza spp.), dependem da incidência de luz para germinar (Tabela 2). Nesse contexto, a adoção de espécies que garantam boa cobertura do solo durante a rotação de culturas contribui para reduzir os fluxos de emergência desse tipo de planta daninha, reduzindo, assim, a pressão sobre o controle químico em pós-emergência.
Tabela 2. Germinabilidade (%) de sementes de Conyza canadensis e C. bonariensis em duas condições de luminosidade, após cinco dias da montagem do experimento. Alta Floresta-MT, 2008.
Algumas espécies de plantas daninhas apresentam alta capacidade de produção de sementes (Tabela 3), que podem ser facilmente dispersas entre áreas agrícolas. No caso das espécies fotoblásticas positivas, a escolha de culturas com elevado potencial de cobertura do solo e produção de palhada torna-se uma estratégia eficiente para suprimir a emergência dessas plantas, contribuindo para a redução dos fluxos de emergência e necessidade da utilização de herbicidas químicos (Figura 2).
Isso reduz a dependência do controle em pós-emergência, podendo até diminuir a necessidade do uso de herbicidas em determinadas situações. Como resultado, há uma menor pressão de seleção sobre as populações de plantas daninhas, o que contribui para retardar o surgimento de biótipos resistentes e amplia a vida útil das tecnologias disponíveis para o controle químico.
A diversificação no manejo químico, aliada às mudanças no ambiente de cultivo e nas práticas culturais, contribui para um controle mais eficaz e duradouro das populações de plantas daninhas, promovendo maior sustentabilidade do sistema produtivo. Ao rotacionar culturas em uma determinada área de cultivo, também é possível explorar a seletividade e residualidade de herbicidas que não são usuais no monocultivo da soja, a exemplo dos herbicidas utilizados no manejo de plantas daninhas em e gramíneas como trigo e milho.
No entanto, ao posicionar herbicidas no sistema de rotação de culturas, especialmente se tratando de herbicidas residuais, é crucial atentar para as espécies daninhas predominantes na lavoura e para as culturas de interesse comercial que irão compor a rotação de culturas. Algumas culturas são sensíveis a determinados herbicidas que apresentam efeito residual no solo, nesse sentido, ao definir as culturas da rotação no sistema de produção, é importante atentar para o posicionamento de herbicidas visando evitar efeitos prejudiciais na cultura sucessora.
Logo, ao posicionar herbicidas, é importante atentar para o efeito residual deles e a cultura sucessora, dando preferência por herbicidas que não comprometam o desenvolvimento das culturas comerciais de interesse econômico que integram a rotação de culturas.
Contudo, embora exija maior planejamento, a rotação de culturas no sistema de produção de grãos viabiliza o uso de distintos mecanismos de ação de herbicidas no controle de plantas daninhas, favorecendo o manejo de plantas de difícil controle em soja, especialmente quando a cultura é rotacionada com gramíneas como milho e trigo.
Conforme observado por Skora Neto (2022), mesmo sem a utilização de herbicidas na pós-emergência, a rotação de culturas, possibilita a redução das infestações de plantas daninhas em comparação ao pousio, demonstrando ser uma ferramenta essencial para o manejo sustentável de planta daninhas (figura 5).
Como supracitado, a cobertura proporcionada pelo dossel das culturas de cobertura e/ou produtoras de grãos, inseridas na rotação de culturas, bem como a palhada residual deixada por elas, contribui para a redução do fluxo de emergência de plantas daninhas fotoblásticas positivas, reduzindo a densidade populacional de plantas emergidas e diminuindo a pressão de controle sobre os herbicidas pós-emergentes.
Nesse contexto, a rotação de culturas se destaca como uma estratégia fundamental não apenas para a redução das infestações de plantas daninhas, mas também para o manejo da resistência aos herbicidas e para o aumento da sustentabilidade dos sistemas agrícolas.
FRANCHINI, J. C et al. IMPORTÂNICA DA ROTAÇÃO DE CULTURAS PARA A PRODUÇÃO AGRÍCOLA SUSTENTÁVEL NO PARANÁ. Embrapa, Documentos, n. 327, 2011. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/897259/importancia-da-rotacao-de-culturas-para-a-producao-agricola-sustentavel-no-parana >, acesso em: 21/07/2025.
GUIMARÃES, N. N. et al. INTERFERÊNCIA DO POUSIO NO MANEJO DE PLANTAS DANINHAS: UM ESTUDO TEÓRICO. Contribuciones a Las Ciencias Sociales, 2024. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/bitstream/doc/1164083/1/Interferencia-do-pousio-no-manejo-de-plantas-daninhas.pdf >, acesso em: 22/07/2025.
SKORA NETO, F. MANEJO SUSTENTÁVEL DE PLANTAS DANINHAS: FUNDAMENTOS PARA UM SISTEMA DE PLANTIO DIRETO SEM HERBICIDAS. IDR-Paraná, 2022. Disponível em: < https://www.idrparana.pr.gov.br/system/files/publico/pesquisa/publicacoes/livro/018/L18-manejo-sustentavel-de-plantas-daninhas-01072022.pdf >, acesso em: 22/07/2025.
WOLSCHICK, N. H. et al. COBERTURA DO SOLO, PRODUÇÃO DE BIOMASSA E ACÚMULO DE NUTRIENTES POR PLANTAS DE COBERTURA. Revista de Ciências Agroveterinárias, Lages, v.15, n.2, p.134-143, 2016. Disponível em: < https://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/download/223811711522016134/pdf_32/25737#:~:text=O%20uso%20de%20plantas%20de,destacam%2Dse%20EC%20e%20CE. >, acesso em: 21/07/2025.
YAMASHITA, O. M. et al. GERMINAÇÃO DE SEMENTES DE DUAS ESPÉCIES DE CONYZA EM FUNÇÃO DA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE LUZ E INTERAÇÃO COM A ADIÇÃO DE NITRATO E ÁCIDO GIBERÉLICO NO SUBSTRATO. Ambiência – Revista do Setor de Ciências Agrárias e Ambientais V.12 N.2 Maio/Ago. 2016. Disponível em: < https://revistas.unicentro.br/index.php/ambiencia/article/view/1714 >, acesso em: 21/07/2025.
A Organização das Cooperativas de Santa Catarina (Ocesc) informou que a Assembleia Legislativa do Estado…
A intensidade de carbono na produção vai ser determinante para a escolha de matérias-primas para…
Conteúdo/ODOC - A vereadora Doutora Mara (Podemos) voltou a cobrar providências da Energisa por deixar…
O início da colheita do milho segunda safra tem movimentado o setor logístico, com reflexos…
Você sabe onde mais a soja está presente no seu dia a dia? Digamos que,…
O mercado brasileiro de soja registrou um dia de poucos negócios nesta quarta-feira (23), com…