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Tarifas ameaçam recorde nas vendas brasileiras de cacau aos EUA, alerta setor

A Associação Nacional das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC) divulgou nota nesta sexta-feira (11) em que expressa profunda preocupação com a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelo governo dos Estados Unidos.

Para a entidade, caso a medida seja efetivada em 1 de agosto, como divulgou o presidente norte-americano Donald Trump na última quarta-feira (9), a competitividade das exportações brasileiras de derivados de cacau, posisionado entre os segmentos mais dinâmicos do agronegócio nacional nos últimos anos, será fortemente afetada.

Entre 2020 e 2024, os Estados Unidos responderam, em média, por 18% do valor total exportado de derivados de cacau pelo Brasil. Em 2024, esse valor atingiu US$ 72,7 milhões, com um volume de 8,1 mil toneladas, mostra a AIPC.

“Apenas no primeiro semestre de 2025, o país já importou US$ 64,8 milhões em derivados brasileiros, representando mais de 25% das exportações totais do setor no período. Com a manutenção desse ritmo, o ano de 2025 tem potencial para ser o maior da série histórica — cenário agora ameaçado pela nova tarifa”, diz a nota da entidade.

Tarifa chega no ‘pior momento’

A Associação enfatiza que a medida do governo Trump chega em um momento de forte pressão sobre a indústria brasileira de cacau, que enfrenta sucessivas quebras de safra, restrição na oferta interna da amêndoa e preços internacionais em patamares recordes.

“Em 2025, a moagem nacional de cacau já registra queda significativa, com a exportação de derivados funcionando como uma das principais válvulas de escape para a sustentação das atividades industriais e da geração de empregos nas regiões produtoras”, contextualiza a AIPC.

Para a Associação, além do impacto comercial, a tarifa traz riscos fiscais e operacionais severos. Isso porque as exportações de derivados de cacau se dão no âmbito do regime de Drawback, que permite a importação de insumos com suspensão de tributos, desde que destinados à exportação.

De acordo com a entidade, a impossibilidade de honrar contratos firmados sob esse regime, devido à inviabilidade econômica imposta pela tarifa, poderá resultar em multas, exigência de recolhimento de tributos suspensos e insegurança jurídica para o setor exportador.

Risco jurídico e logístico à cadeia do cacau

A presidente-executiva da AIPC, Anna Paula Losi, ressalta que a imposição da tarifa representa um risco não apenas econômico, mas também jurídico e logístico. “É fundamental preservar os canais de exportação que garantem o funcionamento da indústria, a geração de empregos e a agregação de valor à produção brasileira de cacau”, afirma.

Por fim, a AIPC defende a adoção urgente de medidas diplomáticas e comerciais, com a atuação coordenada entre os governos brasileiro e norte-americano, para mitigar os impactos da medida e buscar alternativas que preservem a previsibilidade e a estabilidade das operações de exportação.

agro.mt

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