O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD) criticou duramente a sanção anunciada pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump, que impôs tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, alegando questões e políticas. A nova taxa, caso não aconteça um recuo, entra em vigor em 1º de agosto.
Fávaro pediu “diálogo” e “bom senso”. No entanto, classificou o tarifaço de Trump como ameaça direta à soberania do Brasil.
“No comércio internacional, não existe margem de 50%. Ao tomar essa atitude, o presidente norte-americano acabou com o comércio entre Brasil e Estados Unidos. Não há quem consiga vender algo para lá, ou de lá para cá, com uma margem dessas”, afirmou Fávaro, em entrevista à Rádio Jovem Pan de Cuiabá, na manhã desta quinta-feira (10).
Segundo o ministro, aumentos tarifários como o anunciado por Trump contra o Brasil tornam qualquer operação. Como exemplo, cita que a carne pode aumentar 50% do dia para noite, fazendo que ninguém saia ganhando.
Diante da medida unilateral, Fávaro diz que a única resposta possível é o Brasil aplicar o princípio da reciprocidade, taxando os produtos norte-americanos em 50%. No entanto, pede diálogo e bom senso para as diplomacias dos dois países.
“Foi o que aconteceu com a China: Trump impôs 50%, a China respondeu com 50%. Depois, ele subiu para 100%, a China também. Quando chegou a 125%, o comércio entre os dois praticamente cessou. Ninguém ganha com isso”, completou.
Para Fávaro, o agronegócio brasileiro, que é altamente competitivo e bate sucessivos recordes de produção, não pode ser penalizado por decisões políticas baseadas no protecionismo econômico. Além disso, lembra que as empresas e consumidores dos Estados Unidos também serão prejudicados pelo tarifaço.
“Essa medida não prejudica apenas o Brasil, mas também os consumidores e empresas americanas. O comércio internacional precisa ser baseado na cooperação, não na hostilidade”, defendeu.
Ao justificar a elevação da tarifa sobre o Brasil, Trump citou o ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL). Segundo o republicano, o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por participar de suposta trama golpista, é “vergonha internacional”.
Sobre as questões comerciais, o presidente norte-americano classificou a relação como injusta por conta de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Neste sentido, afirma que o relacionamento está longe de ser recíproco.
Apesar da alegação de Trump, o relacionamento comercial do Brasil com os Estados Unidos é marcado por predominância da economia norte-americana, segundo números da série histórica do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
A compilação de dados, que tem início em 1997, mostra um saldo superavitário (mais exportações do que importações) de US$ 48,21 bilhões em favor dos EUA. Foram considerados 28 anos de comércio exterior.
Conforme Fávaro, a postura de Trump é uma tentativa de interferência estrangeira em assuntos internos do Brasil. Neste sentido, classifica a situação como “inadmissível”.
“É inadmissível que um chefe de Estado tenha a capacidade de interferir na soberania de qualquer outro país. Veja que isso prejudica até os estados do Norte. Espero que, nas próximas horas, a diplomacia brasileira e a norte-americana tenham o bom senso de respeitar o Brasil e todos os brasileiros”, pontuou Fávaro. “Temos dois componentes muito importantes em jogo: o econômico e o político. E isso ficou claro na carta do presidente Trump. Já houve manifestações de ministros, porque ele também faz referência ao Supremo Tribunal Federal”, completa.
Na entrevista, Fávaro ainda afirmou que as alegações de Trump sobre desequilíbrio as relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos não se sustentam porque a balança é favorável aos norte-americanos.
“O presidente dos Estados Unidos impõe barreiras comerciais, enquanto o presidente Lula, com viés progressista e foco social, defende o comércio internacional justo, com amplitude de tarifas e diálogo multilateral. Esse é o caminho que faz sentido para o Brasil e para o mundo”, concluiu Fávaro, pedindo uma saída diplomática “justa” e “equilibrada” para o impasse.
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