Por Marcelo Sá – jornalista/editor e produtor literário
Brasil preside o bloco em 2025
Entre os dias 4 e 7 de julho, o Rio de Janeiro sedia a reunião de cúpula dos BRICS, com a presença de chefes de Estado e de governo. Também integram o bloco Rússia, Índia, China, África do Sul, Indonésia, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. O encontro ocorre num momento em que o país preside o grupo, e também assume o comando temporário do Mercosul. Cabe lembrar que o Brasil já presidiu o G20 no ano passado e será o anfitrião da COP 30 em Belém, no próximo mês de novembro.
O protagonismo do país em eventos dessa natureza é sempre muito importante para o agronegócio, pois permite um intercâmbio mais imediato e direto com representantes de demais nações, tanto na prospecção de novos mercados ou pelo fortalecimento de laços comerciais já estabelecidos. Isso acontece especialmente nos grupos de trabalho que, ao longo de meses, realizam encontros, revisando protocolos e metas comuns que servirão de base para uma declaração final.
O Grupo de Trabalho da Agricultura dos BRICS iniciou suas atividades em fevereiro, entre debates presenciais e remotos, que contaram com representantes da iniciativa privada. Do lado brasileiro, a coordenação ficou a cargo do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), juntamente com representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), do Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA), do Ministério das Relações Exteriores (MRE).
Sob o tema “Cooperando para um mundo inclusivo e sustentável”, os participantes discutiram ações para o enfrentamento de desafios como mudanças climáticas, degradação do solo, práticas agrícolas sustentáveis, incremento do comércio, desigualdade econômica e volatilidade dos preços dos alimentos. Cabe lembrar que o bloco responde por 30% das terras agrícolas mundiais, sendo responsável por grande parte das exportações de produtos como carnes, arroz, soja, trigo e milho. Em 2024, o Brasil exportou US$ 165 bilhões em produtos agropecuários, sendo 41% para os países membros do BRICS.
O grupo também representa 50% da população mundial, cerca de 4 bilhões de pessoas; 30% da pesca extrativa e 70% da produção aquícola; 80% da produção mundial de alimentos por valor, com mais da metade das 550 milhões de propriedades agrícolas familiares do planeta; 25% do PIB global, com uma participação crescente no comércio internacional. Os debates do grupo de trabalho buscaram fortalecer da cooperação agrícola global, promovendo sistemas alimentares resilientes e avançando em soluções sustentáveis que beneficiarão milhões de pessoas, especialmente em países em desenvolvimento.
Objetivos comuns e protagonismo em diversas frentes
Isso se refletiu no conteúdo da Declaração Ministerial, espécie de resumo das intenções e consensos obtidos nos encontros. Ocorrida em abril, reuniu os representantes dos ministérios de agricultura dos países do bloco, entre outras autoridades, encerrando aquela etapa. O objetivo é que o conteúdo do documento seja incorporado ao Plano de Ação 2025-2028, apresentado justamente durante a Cúpula de Líderes do BRICS.
Entre os principais compromissos assumidos na Declaração Ministerial, destacam-se:
– Promover maior participação dos alimentos aquáticos nas dietas, como forma de garantir segurança alimentar e nutricional;
– Priorizar o desenvolvimento econômico e a inclusão de pescadores e aquicultores artesanais e de pequena escala;
– Preservar os modos de vida das comunidades tradicionais, reconhecendo suas práticas como “patrimônio cultural do BRICS”;
– Incentivar o uso de embarcações energeticamente eficientes e acesso a equipamentos produtivos que aumentem a competitividade e segurança no trabalho.
Na esteira do que foi alcançado com o G20 em 2024, e na expectativa da COP 30, passando pelo comando do Mercosul, a cúpula dos BRICS é de suma importância para o Brasil, que vem apostando seu cacife geopolítico no grupo em anos recentes. No caso da agropecuária, é mais uma oportunidade promissora, aproveitando o bom momento do setor, que obteve vitórias estratégicas esse ano: a abertura de novos mercados asiáticos para a proteína animal brasileira (Japão e Vietnã), além da Declaração de País Livre de Febre Aftosa Sem Vacinação, outorgada pela Organização Mundial de Saúde Animal, no mês passado, em Paris.
Com informações dos Ministérios da Agricultura e das Relações Exteriores.
Fonte: SNA
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