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Frente à flutuação populacional da praga, produtor deve manter monitoramento e cuidados com a lavoura – MAIS SOJA


Vinculado à cooperativa gaúcha CCGL, uma das maiores do setor no país, com mais de 130 mil produtores associados, o pesquisador Glauber Renato Stürmer estuda há vários anos o comportamento da cigarrinha-do-milho (Dalbulus maidis) nas lavouras do Brasil e da América do Sul. Engenheiro agrônomo, entomologista, mestre e doutor, ele liderou um grupo de pesquisas no desenvolvimento de um sistema de predição, único no país, para identificar com alta precisão níveis populacionais da praga, considerada atualmente a principal da cultura do milho.

“Deixamos de ser reativos, ou de apenas saber como está o quadro da praga no dia de hoje, para antecipar o cenário da semana seguinte”, exemplifica Stürmer. O novo sistema cobre todas as áreas agrícolas do Rio Grande do Sul.

Segundo Stürmer, apesar da representativa redução das populações de Dalbulus maidis observada na última safra de milho na região Sul, conforme mostra o gráfico a seguir, sobretudo em decorrência do clima frio e de geadas, o produtor do cereal não deve sob nenhuma hipótese desmobilizar estratégias de monitoramento e de contenção da praga na safra deste ano.

A partir do modelo de predição da CCGL, Stürmer preconiza que o momento crítico do manejo da praga nas lavouras vai da emergência das plantas até o estágio V10 do milho. “Com 5% de infestação das plantas pela cigarrinha, a entrada com inseticidas já é recomendada”, ele ressalta. O entomologista revela ainda, por sinal, já ter constatado anteriormente, em lavouras gaúchas, perdas da ordem de 95% na produção de milho face à ação incontida da Dalbulus maidis.

Resistência a baixas temperaturas e ‘ninfas’

Conforme o pesquisador, os estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina tendem a ‘sofrer’ mais do que outras áreas do país em relação a desdobramentos da ação da cigarrinha, basicamente pelo fato de o módulo rural dessas regiões manter milho no campo 365 dias ao ano, com a sobreposição do milho ‘safrinha’.

“Nessa condição, populações da cigarrinha buscam fontes de proteção, água e alimentos nas vegetações verdes ambientadas no frio. Tais populações são extremamente nocivas, porque já apresentam infecção por bactérias e vírus. Elas migram depois para o milho safra e o contaminam na fase mais sensível, nos primeiros estágios de desenvolvimento”, esclarece Stürmer. De acordo com o pesquisador, a cigarrinha também tolera baixas temperaturas – “não morre por conta disso”.

Para Stürmer, outras decisões do produtor, como a redução da ‘ponte verde’ dentro da propriedade e a característica de híbridos semeados, também pesarão decisivamente para ocorrer maior ou menor potencial de danos associados à cigarrinha-do-milho.

“O produtor geralmente quer ciclo curto, teto produtivo alto e acaba semeando milhos menos tolerantes. Este ano, com a perspectiva de novo aumento das áreas, haverá mais oferta de alimento para a praga. Se errar no manejo, portanto, ele pode voltar a perder com a cigarrinha nesta safra.”

Segundo o pesquisador, a ‘chave’ do sucesso na mitigação do potencial de danos da cigarrinha reside no monitoramento dos cultivos, sobretudo através do emprego de ‘armadilhas’. Já ante a identificação de populações potencialmente danosas presentes nas lavouras, a recomendação consiste no manejo da praga por meio de inseticidas ‘adulticidas’, na primeira e segunda aplicações, integrados a soluções do gênero que tenham ação efetiva sobre todas as fases do inseto.

“Da segunda para a terceira aplicação de inseticida, dentro de um cronograma, um ponto importante é o produtor olhar para o controle das ninfas”, reforça Stürmer. A recomendação consiste no manejo da praga por meio de inseticidas ‘adulticidas’ e ‘ninficidas’, que também tenham ação sobre a fertilidade e a fecundidade da praga. “O aumento populacional das fases jovens dessa praga potencializa danos, pois elas ficam na parte de baixo da folha, se alimentando e fazendo a reposição da população de adultos. Então, quebrar o ciclo da praga constitui uma estratégia das mais eficazes no controle da cigarrinha-do-milho”, conclui.

Fonte: Assessoria de Imprensa CCGL



 

agro.mt

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