Atualmente, a ocorrência de nematoides fitopatogênicos é um dos principais problemas vivenciados em áreas agrícolas. Nas áreas de produção de soja no Brasil, o nematoide de cistos (NCS), Heterodera glycines, os nematoides de galhas, Meloidogyne spp., o nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus, o nematoide-reniforme, Rotylenchulyus reniformis e o nematoide da haste verde, Aphelenchoides besseyi, são os causadores dos maiores danos à cultura e, consequentemente, prejudicam a produção das lavouras, resultando em prejuízos econômicos (Castro; Meyer; Seixas, 2024).
A intensidade dos danos e dos sintomas provocados pelos fitonematoides pode variar conforme a espécie da praga, densidade populacional e suscetibilidade da cultivar. Contudo, de modo geral, quanto maior a densidade populacional, e maior a suscetibilidade da cultiva, maior tende a ser a redução da produtividade da cultura. Os danos estão concentrados principalmente no sistema radicular das plantas, interferindo na absorção de água e nutrientes e, em casos mais severos, comprometendo de forma significativa o funcionamento das raízes.
Por se tratar de microrganismos fitopatogênicos de solo, o controle via pulverização de nematicidas químicos nem sempre é eficiente, uma vez que há dificuldade em atingir o alvo, o que torna necessário adotar medidas integradas de manejo para a redução significativa das populações dos fitonematoides. Dentre as estratégias para isso, destaca-se o controle biológico de nematoides, por meio de microrganismos de biocontrole, como algumas espécies de fungos entomopatogênicos.
Dentre as principais espécies de fungos utilizadas para o controle de fitonematoides, destacam-se aqueles classificados como quitinolíticos, que inclui as espécies Purpureocillium lilacinum (syn. Paecilomyces lilacinus) e Pochonia chlamydosporia, e os produtores de metabólitos tóxicos e indutores de resistência, como Trichoderma spp. (Dias-Arieira et al., 2022).
Conforme destacado por Dias-Arieira et al. (2022), a eficiência desses fungos no manejo de nematoides pode ser superior a 70%, principalmente quando se trata de espécies sedentárias, como Meloidogyne spp. Tais resultados devem-se, especialmente, à atividade quitinolítica, visto que a casca dos ovos dos nematoides é composta principalmente por quitina (Dias-Arieira et al., 2022).
Sobretudo, além de definir os microrganismos que irão compor o manejo biológico dos fitonematoides, é necessário posiciona-los de forma adequada, visando os melhores resultados em termos de eficácia de controle. Avaliando o potencial do biocontrole de produtos comerciais à base de fungos sob diferentes formas de aplicação no manejo de Meloidogyne javanica na cultura da soja, Santos et al. (2025) observaram que a forma de aplicação dos agentes biológicos no controle dos fitonematoides influencia na eficiência do controle. Os autores analisaram o biocontrole de nematoides utilizando Beauveria bassiana, Trichoderma harzianum, Metarhizium anisopliae e Paecilomyces lilacinus, além dos tratamentos com nematicida e testemunha, sob diferentes formas de aplicação (via sementes, sementes + sulco, suco e cobertura).
Os resultados observados por Santos et al. (2025) demonstram que, para o número de juvenis na raiz e no solo (tabela 1), os agentes biológicos podem ser empregados como alternativa no manejo de nematoides, tornando-se mais viável economicamente e com menores danos ao ambiente, possibilitando a redução substancial do número de juvenis na raiz e no solo, dependendo do fungo entomopatogênico e da forma de aplicação.
De forma similar, o controle biológico de Meloidogyne javanica contribuiu para a redução do número de galhas, demonstrando níveis satisfatórios na redução do parasitismo, não diferindo estatisticamente do nematicida, porém, diferindo da testemunha. Já com relação aos modos de aplicação dos fungos entomopatogênicos, verificou-se que a aplicação via semente promoveu redução de 79,47%, 74,64%, 54,74% e 50,82% para os fungos M. anisopliae, T. harzianum, P. Lilacinus e B. bassiana respectivamente. Enquanto, nas demais formas de aplicação não se observou diferença entre os tratamentos adicional (nematicida e testemunha) e os tratamentos biológicos, demonstrando a eficiência dos agentes fúngicos aplicados via semente para o controle dos fitonematoides, corroborando a preferência dos produtores por essa técnica (Santos et al., 2025).
Sendo assim, com base nos aspectos observados, pode-se dizer que o empego de agentes biológicos apresenta potencial para o manejo de fitonematoides, especialmente quando posicionados via sementes, contribuindo para a redução das populações dos fdematoides e danos em soja.
Confira o estudo completo desenvolvido por Santos e colaboradores (2025) clicando aqui!
CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa, Circular Técnica, n. 202, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 11/06/2025.
CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa Soja, Circular Técnica. n. 202, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 11/06/2025.
DIAS-ARIEIRA, C. R. et al. MANEJO BIOLÓGICO DE NEMATOIDES. BIOINSUMOS NA CULTURA DA SOJA. Cap. 20, Embrapa Soja, 2022. Disponível em: < https://www.embrapa.br/soja/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1143066/bioinsumos-na-cultura-da-soja >, acesso em: 11/06/2025.
SANTOS, A. R. B. et al. MANEJO BIOLÓGICO DE Meloidogyne javanica NA CULTURA DA SOJA. Revista DELOS, 2025. Disponível em: < https://ojs.revistadelos.com/ojs/index.php/delos/article/view/5105/2847 >, acesso em: 11/06/2025.
Foto de capa: Cristiano Bellé
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