A giberela (Gibberella zeae/Fusarium graminearum), é uma das principais e mais preocupantes doenças que acometem a cultura do trigo. Os danos em função da incidência da giberela podem variar de acordo com a suscetibilidade da cultivar e intensidade da infecção, podendo chegar a perdas de produtividade de até 50% em condições mais severas (Santana et al., 2016). Além das perdas de produtividade, a giberela afeta a qualidade dos grãos, resultando em grãos mal formados, com acúmulo de micotoxinas.
Levando em consideração o impacto da giberela no trigo, o manejo e controle eficiente dessa doença é crucial para a manutenção do potencial produtivo da cultura, e da qualidade dos grãos e/ou sementes produzidas. Sobretudo, alguns critérios devem ser levados em consideração para um manejo eficiente da giberela em trigo, tais como condições favoráveis ao desenvolvimento da doença e o período de pré-disposição da planta ao fungo.
O desenvolvimento da giberela é favorecido por condições de elevada umidade e temperaturas amenas. Para que ocorra a infecção, é necessário a ocorrência de precipitações durante 38 a 72h, presença de inóculo no período de suscetibilidade da planta e temperatura . A faixa ideal de temperatura para a infecção está entre 20 e 25°C (Santana, 2012).
De acordo com Del Ponte et al. (2004), a extrusão das anteras é o período mais suscetível do trigo ao desenvolvimento da giberela, essa é a fase mais sensível da cultura a infecção do patógeno, e portanto a fase de maior cautela para o manejo da doença.
A tomada de decisão para a aplicação de fungicidas deve levar em consideração as condições climáticas, ambientais e o período de predisposição do trigo a doença. Segundo Cunha & Caierão (2023), esse período estende-se do início da floração (presença de anteras soltas e presas) até estádio de grão leitoso (presença de anteras presas), ou seja, do estádio 60 ao 75 de Zadoks et al. (1974).
O período de predisposição do trigo a giberela, compreendido a partir da extrusão das anteras é considerado o período mais sensível do trigo a doença. Considerando que esse é o período do pico de suscetibilidade do trigo à giberela, esse é o momento ideal para práticas de controle da doença.
De acordo com Almeida et al. (2024), a primeira aplicação de fungicidas para o manejo da giberela deve ocorrer quando houver, durante o período de predisposição, ambiente favorável à infecção. Nesse sentido, a aplicação deve ser feita antes da ocorrência de chuvas previstas no período de predisposição. Quando ocorrer a chuva, as espigas já devem estar protegidas.
Já pensando em uma segunda aplicação, deve-se considerar um período de proteção das espigas de, no máximo, 7 dias. Portanto, se houver nova previsão de chuvas durante o período de suscetibilidade, reaplicar. Para pulverização, deve-se utilizar pontas cujos jatos direcionem a calda para as laterais das espigas (exemplos: duplo-leque e Defy 3D), e para o alvo da deposição (Almeida et al., 2024).
Os fungicidas registrados para o controle químico da giberela em trigo estão apresentados na tabela 1.
Resultados dos ensaios realizados pela Embrapa na safra 2023 demonstram que, realizando três aplicações sequenciais dos fungicidas nos períodos da floração e de enchimento de grãos, sendo a primeira no início da floração (25% a 50%), e as demais em intervalos de 7 a 12 dias; a utilização de fungicidas à base de metominostrobina + tebuconazol e tiofanato-metílico (T6 – Fusão + Cercobin), com três aplicações sequenciais, demonstrou ser um dos tratamentos mais eficientes para o controle da giberela em trigo, contudo, todos os tratamentos com fungicidas apresentaram severidade inferior ao controle negativo.
Vale destacar que, visando um controle efetivo da giberela no trigo e o manejo da resistência do fungo a fungicidas, é essencial rotacionar os princípios ativos dos produtos no programa de fungicidas. Além do adequado posicionamento dos fungicidas, pensando em um manejo eficiente da giberela, deve-se atentar para as condições climáticas e o período de pré-disposição do trigo a infecção, sendo portanto, fundamental realizar o monitoramento periódico das lavouras.
ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRAS 2024 & 2025. Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 27/05/2025.
CUNHA, G. R.; CAIERÃO, E. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRA 2023. Embrapa, 2023. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/doc/1153536/1/InformacoesTecnicasTrigoTriticale-Safra2023.pdf >, acesso em: 27/05/2025.
DEL PONTE, E. M. et al. GIBERELA DO TRIGO – ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS E MODELOS DE PREVISÃO. Fitopatol. bras. 29(6), 2004. Disponível em: < https://www.scielo.br/j/fb/a/WHmhpn6NbZJDn49RvBqjQ7D/abstract/?lang=pt >, acesso em: 27/05/2025.
FERREIRA, A. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE GIBERELA DO TRIGO: REDE DE ENSAIOS COOPERATIVOS, SAFRA 2023. Embrapa Trigo, Boletim de Pesquisa e Desenvolvimento, n. 116, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1166408/1/BPD-116-online.pdf >, acesso em: 27/05/2025.
SANTANA, F. M. et al. EFICIÊNCIA DE FUNGICIDAS PARA CONTROLE DE Gibberella zeae EM TRIGO: RESULTADOS DOS ENSAIOS COOPERATIVOS – SAFRA 2013. Embrapa, 2016. Disponível em: < https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/151662/1/ID43846-2016CTO362.pdf >, acesso em: 27/05/2025.
SANTANA, F. M. et al. MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO DE DOENÇAS DE TRIGO. Embrapa, Documentos, n. 108, 2012. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/busca-de-publicacoes/-/publicacao/990828/manual-de-identificacao-de-doencas-de-trigo >, acesso em: 27/05/2025.
Foto de capa: Diogo Zanata
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