O mês de abril de 2025 foi marcado por irregularidades climáticas no Rio Grande do Sul, segundo o Comunicado Agrometeorológico nº 85, divulgado pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (DDPA/Seapi). A combinação de menos chuva e temperaturas abaixo da média impactou algumas culturas agrícolas no Estado.
A precipitação ficou abaixo da média histórica dos últimos 30 anos na maior parte do território gaúcho. Regiões como a Fronteira Oeste registraram os maiores déficits, com desvios negativos entre 100 e 150 milímetros. Em contrapartida, áreas do Litoral e do extremo Sul apresentaram acumulados acima da média, como em Tramandaí, que somou 238,4 mm no mês.
A distribuição das chuvas ao longo de abril também foi irregular. Os primeiros 10 dias concentraram os maiores volumes — com destaque para Mostardas, que registrou 182,8 mm. Já nas semanas seguintes, a escassez predominou, com diversas regiões passando vários dias sem precipitação. Esse padrão climático interferiu no cronograma agrícola, agravado pelas temperaturas mínimas persistentemente baixas.
“As temperaturas mais baixas reduzem o crescimento das pastagens, fundamentais para a alimentação animal no início do inverno”, explica a pesquisadora Loana Cardoso, uma das autoras do levantamento.
Apesar do bom crescimento das pastagens de verão, os primeiros sinais do chamado “vazio forrageiro” já são perceptíveis. O plantio das forrageiras de inverno está em andamento e apresenta bom desenvolvimento inicial. Na pecuária de corte, os rebanhos mantêm bom estado corporal. Já na bovinocultura leiteira, a necessidade de suplementação alimentar foi maior, embora a produção tenha se mantido estável.
Loana destaca que o déficit hídrico e as oscilações de temperatura representam desafios relevantes ao setor produtivo. “É preciso atenção redobrada às categorias mais exigentes, como os bovinos de leite”, alerta.
Diante do cenário, a pesquisadora reforça a importância do monitoramento climático contínuo e da adoção de práticas agrícolas adaptativas. “A variabilidade meteorológica, com chuvas concentradas e variações térmicas acentuadas, continua sendo um fator determinante para o desempenho da agropecuária gaúcha”, resume.
Situação das principais culturas no Estado
Nas lavouras de soja, abril encerrou com 88% da área colhida e apenas 1% ainda em fase de enchimento de grãos. A colheita avançou 38% no mês, favorecida pela menor ocorrência de chuvas na segunda quinzena. No caso do milho, 90% da área já foi colhida, com destaque para o nordeste do Estado. Os plantios tardios apresentaram bom potencial produtivo, beneficiados pelas chuvas em momentos críticos do ciclo.
O arroz também avançou significativamente, com a área colhida saltando de 68% para 91%. Contudo, a grande amplitude térmica — com máximas acima de 30°C e mínimas inferiores a 10°C — elevou o risco de quebra dos grãos, afetando a qualidade comercial. Segundo o Instituto Rio Grandense do Arroz (IRGA), dos 970 mil hectares plantados, mais de 888 mil já foram colhidos, com a Fronteira Oeste e a Planície Costeira Externa liderando em percentual.
Na fruticultura, culturas de clima temperado, como maçã, pêssego e uva, entraram em fase de senescência. A colheita do caqui foi acelerada pelas temperaturas elevadas no início do mês. Para o kiwi, a falta de chuva exigiu irrigação localizada. Já os citros enfrentaram rachaduras nos frutos devido à alternância entre estiagem e precipitações, comprometendo a produção — especialmente da laranja-de-umbigo.
O Comunicado Agrometeorológico é uma publicação mensal do grupo de pesquisa do Laboratório de Agrometeorologia e Climatologia Agrícola do DDPA/Seapi, que compila os principais dados meteorológicos e as relações com as principais culturas agrícolas do Estado. O estudo está disponível em: www.agricultura.rs.gov.br/agrometeorologia.
Fonte: Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação
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