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Análise Ceema: Soja fechou a quinta-feira em Chicago em US$10,51/bushel – MAIS SOJA


Por Argemiro Luís Brum

O primeiro mês cotado, em Chicago, após atingir a US$ 10,67/bushel durante a semana, acabou recuando. O primeiro mês cotado fechou a quinta-feira (15) em US$ 10,51/bushel, contra US$ 10,36 uma semana antes. Lembrando que a partir deste dia 15, o primeiro mês cotado passou a ser julho.

Três motivos estiveram ligados a este movimento: o anúncio de um acordo comercial entre EUA e China, o qual reduziu consideravelmente as tarifas comerciais entre os dois países; a disparada nas cotações do óleo de soja (chegou a 51,62 centavos de dólar por libra-peso no dia 14/05, a mais alta cotação desde o dia 30/11/2023, para depois recuar a 49,32 centavos de dólar no dia 15/05); e a confirmação de uma safra apertada nos EUA, pela redução de área semeada, anunciada no relatório do dia 12/05.

No que diz respeito a este relatório de oferta e demanda, as primeiras projeções para o ano comercial 2025/26 indicaram o seguinte: 1) Redução de 4,1% na área a ser semeada com soja nos EUA em relação ao ano anterior; 2) Preço médio aos produtores estadunidenses de soja no novo ano comercial em US$ 10,25/bushel, contra US$ 9,95 em 2024/25; 3) Produção dos EUA projetada em 118,1 milhões de toneladas, contra 118,8 milhões na parcialmente frustrada safra anterior; 4) Estoques finais estadunidenses em 8,03 milhões de toneladas, contra 9,53 milhões um ano antes; 5) Produção mundial de soja em 426,8 milhões de toneladas, após 420,9 milhões em 2024/25; 6) Estoques finais mundiais em 124,3 milhões, contra 123,2 milhões de toneladas um ano antes; 7) Produção brasileira projetada em 175 milhões de toneladas para 2025/26, enquanto a argentina ficaria em 48,5 milhões e o Paraguai em 11 milhões de toneladas; 8) Exportações brasileiras em 112 milhões de toneladas; 9) Importações da China projetadas igualmente em 112 milhões de toneladas.

Dito isso, o clima transcorre muito bem nos EUA a ponto de o plantio chegar, no dia 11/05, a 48% da área esperada, contra 37% na média histórica dos últimos cinco anos.

Por sua vez, na Argentina, segundo a Bolsa de Grãos de Buenos Aires, a safra atual será um pouco maior do que o indicado até o momento, devendo atingir a 50 milhões de toneladas devido aos elevados rendimentos das lavouras, mesmo diante dos problemas climáticos ocorridos. Os produtores argentinos já colheram cerca de metade da safra.

E na China, as importações de soja em abril recuaram para os menores níveis em 10 anos. As mesmas atingiram a 6,08 milhões de toneladas, com recuo de 29,1% sobre o mesmo mês do ano passado. Este é o menor volume para o mês de abril desde 2015. Um dos problemas é que, pelas exigências burocráticas locais, as cargas de soja, agora, estão levando entre 20 a 25 dias para serem transportadas dos portos chineses até às indústrias moageiras locais, contra 7 a 10 dias anteriormente. Isso está atrasando o comércio da soja, lembrando que, mesmo com a redução para 10% nas tarifas que os chineses passaram a impor sobre o produto estadunidense, este percentual ainda é bastante elevado. De janeiro a abril, as chegadas de soja na China atingiram a 23,2 milhões de toneladas, ou seja, um recuo de 14,6% sobre o mesmo período do ano passado. Esperam-se novos recuos para os meses de maio e junho (cf. Reuters a partir de dados da Âlfandega chinesa).

Para 2025/26 a China projeta importações menores de soja, devido ao fato de que o governo local vem incentivando o menor uso de farelo de soja nas rações animais. Assim, ao contrário do que prevê o USDA (112 milhões de toneladas), o governo chinês projeta compras externas de 95,8 milhões de toneladas para o novo ano comercial. Para o atual ano comercial, 2024/25, o volume a ser importado pelos chineses igualmente é menor do que o indicado pelo USDA, devendo ficar ao redor de 96 milhões de toneladas, contra 104,8 milhões em 2023/24. Pelo sim ou pelo não, o fato é que está existindo muitas diferenças entre as estatísticas apontadas pelos chineses e as que o mercado internacional informa.

Por sua vez, segundo os agricultores estadunidenses, mesmo com a forte redução, por 90 dias, nas tarifas comerciais entre EUA e China, os 10% que ficaram não são suficientes para eles serem mais competitivos que os produtores brasileiros.

E aqui no Brasil, com um câmbio ao redor de R$ 5,60 a R$ 5,65 por dólar, os preços pouco reagiram devido a melhoria das cotações em Chicago. Isso porque os prêmios também cederam a partir do anúncio do novo acordo comercial entre EUA e China, o qual tende a levar os chineses a aumentarem as importações da oleaginosa dos EUA. Assim, as principais praças gaúchas se mantiveram entre R$ 119,00 a R$ 120,00/saco. Nas demais regiões brasileiras os valores oscilaram entre R$ 103,00 e R$ 120,00.

Em relação aos prêmios, os mesmos chegaram a bater nos níveis mais baixos dos últimos três meses, levando o preço da soja a recuar até cinco reais por saco em algumas regiões do país. Ajudou para isso a redução das margens de esmagamento no Brasil, levando a maiores ofertas para exportações da oleaginosa.

Enfim, a comercialização da atual safra 2024/25 ainda está lenta no Brasil. Até a semana passada a mesma havia chegado a 57% da produção projetada, contra a média histórica de 70,3%.

Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹

1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).



 


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agromt

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