Por Argemiro Luís Brum
As cotações do milho, em Chicago, iniciaram a semana com leve viés de baixa, pressionadas pelos números vindos do relatório de oferta e demanda do USDA, anunciado no dia 12/05. Porém, o fechamento da quinta-feira (15) ficou melhor, atingindo a US$ 4,48/bushel, contra US$ 4,39 uma semana antes.
O relatório foi relativamente baixista para as cotações, na medida em que, para o novo ano comercial 2025/26, apontou os seguintes números para o milho:
1) A área que vem sendo semeada nos EUA, com o cereal, neste novo ano comercial, deverá crescer 5,2% em relação ao ano anterior;
2) Com isso, a produção estadunidense de milho está projetada em 401,8 milhões de toneladas neste novo ano, o que representará um aumento de 6,4% sobre o ano anterior;
3) Os estoques finais estadunidenses subirão para 45,7 milhões de toneladas, contra 36 milhões um ano antes;
4) Assim, o preço médio ao produtor estadunidense de milho, para 2025/26, ficaria em US$ 4,20/bushel, contra US$ 4,35 no ano anterior;
5) Já a produção mundial de milho está projetada em 1,265 bilhão de toneladas, sendo 3,6% maior do que o colhido no ano anterior;
6) Por sua vez, os estoques finais mundiais do cereal subiriam para 277,8 milhões de toneladas, contra 251,3 milhões em 2024/25;
7) A produção brasileira de milho ficaria em 131 milhões de toneladas e a da Argentina chegaria a 53 milhões;
8) As exportações brasileiras alcançariam 43 milhões de toneladas no novo ano comercial.
Dito isso, o plantio da nova safra 2025/26, nos EUA, até o dia 11/05, atingia a 62% da área esperada para o cereal, contra 56% na média histórica. Da área semeada, 28% haviam germinado.
Por outro lado, a colheita do milho na Argentina também vem produzindo rendimentos melhores do que o esperado, fato que permite esperar uma colheita final de 49 milhões de toneladas, contra menos de 48 milhões indicados na estimativa anterior. Lembrando que, no momento do plantio, a expectativa era de 52 a 53 milhões de toneladas. Os produtores argentinos, até o final da semana anterior já haviam colhido 34,9% da área, lembrando que o vizinho país é o terceiro exportador mundial de milho.
Ainda no front externo, os exportadores de milho dos EUA tendem a enfrentar mais concorrência do Brasil em 2025/26. Isso, obviamente, dependerá do volume final que os dois países irão produzir neste novo ano comercial. Neste sentido, pelas projeções de produção estadunidense, qualquer problema climático em suas lavouras de verão pode apertar a oferta local de milho e gerar elevações das cotações do cereal no final do corrente ano.
E no Brasil, os preços do cereal se mantiveram com viés de baixa, na medida em que se aproxima o período de colheita da safrinha nacional. As principais praças gaúchas sinalizaram R$ 62,00/saco. Nas demais regiões do país os preços oscilaram entre R$ 59,00 e R$ 70,00/saco.
Além da proximidade da colheita da safrinha, a colheita de verão se aproxima do fim, igualmente pressionando os preços internos. Diante disso, os compradores esperam, na expectativa de preços ainda mais baixos logo adiante. Segundo o Cepea/Esalq as desvalorizações do preço externo do milho e a valorização do Real no Brasil favorecem importações e ajudam a pressionar para baixo os preços internos.
Em paralelo, a produção brasileira de milho, segundo a Abramilho, deverá ficar em 125 milhões de toneladas em 2024/25. Há indicativos de que o consumo de milho, pela indústria nacional de etanol, pode mais do que dobrar logo adiante. Isso será uma pressão para preços mais altos do cereal, especialmente se a produção continuar girando nos atuais níveis. Hoje, o etanol de milho já estaria consumindo ao redor de 20 milhões de toneladas do grão, por ano. Para 2032 a previsão é de que a produção de etanol de milho, no Brasil, atinja a 16 bilhões de litros, contra os 9,5 bilhões previstos para 2024/25. O Brasil teria planos para aumentar a mistura de etanol à gasolina, de 27% para 30%, nos próximos anos. Algumas das usinas existentes estariam preparadas para utilizar também o sorgo como fonte de etanol. Ainda neste ano uma planta industrial utilizando o sorgo deverá começar a operar no Mato Grosso do Sul.
Fonte: Informativo CEEMA UNIJUÍ, do prof. Dr. Argemiro Luís Brum¹
1 – Professor Titular do PPGDR da UNIJUÍ, doutor em Economia Internacional pela EHESS de Paris-França, coordenador, pesquisador e analista de mercado da CEEMA (FIDENE/UNIJUÍ).
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