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ILPF: a revolução verde que une lavoura, pecuária e floresta – MAIS SOJA


Roberto Guimarães Júnior, Lourival Vilela, Robélio Leandro Marchão, Karina Pulrolnik, Kleberson Worslley Souza e Júlio César Reis – Equipe de ILPF/pesquisadores da Embrapa Cerrados

No dia 29 de abril, celebramos um marco importante para agricultura brasileira: a sanção da Lei nº 12.805, de 2013, que instituiu a Política Nacional de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta – ILPF. Essa tecnologia inovadora vem revolucionando a forma de produzir alimentos, recuperar pastagens e proteger o meio ambiente – tudo ao mesmo tempo. Ao longo das suas cinco décadas de história, completadas neste ano de 2025, a Embrapa Cerrados destaca-se como uma das unidades pioneiras na pesquisa de sistemas integrados de produção.

Por meio de estudos em parceria com produtores rurais, setor privado e outras instituições de pesquisa, foram desenvolvidos modelos de ILPF adaptados a diferentes perfis de produtores rurais e às diversas regiões do Cerrado brasileiro. Hoje, o Brasil é uma referência global nessa área, com mais de 17 milhões de hectares adotando alguma modalidade de sistema integrado – uma área equivalente à soma dos territórios da Áustria, Dinamarca e Suíça.

Mas como a ILPF funciona na prática?

Como o próprio nome diz, essa combinação de componentes associada ao uso de boas práticas agropecuárias integra em uma mesma área a lavoura, a pastagem, os animais e até a floresta. Ela pode acontecer de diversas formas: plantio consorciado (tudo junto ao mesmo tempo), em sucessão (uma atividade após a outra) ou em rotação (alternando as atividades ao longo do tempo).

Como exemplo, planta-se no início da estação chuvosa a soja, logo após a sua colheita, planta-se o milho consorciado com a braquiária e, após a colheita do milho, utiliza-se a área com o pasto para a engorda do gado. Esse ciclo de pecuária pode se repetir por vários anos, ou finalizar antes do início da próxima estação chuvosa, quando a pastagem é dessecada para se realizar o plantio direto na palha (sem revolver o solo) de uma nova cultura anual de verão.

Quais são os benefícios?

* Mais produção: em uma única área, é possível produzir, por exemplo, soja, milho, carne e madeira na mesma safra.

* Maior produtividade: o sinergismo entre a associação dos componentes (lavoura, pecuária e floresta) favorece ganhos contínuos na produtividade, otimizando o aproveitamento dos insumos e dos recursos naturais.

* Conforto animal: a sombra das árvores melhora a ambiência e, consequentemente, o bem-estar dos animais, contribuindo para a maior produtividade e fertilidade.

* Solo protegido: manter o solo cultivado o ano todo favorece a cobertura vegetal, aumenta a matéria orgânica do solo, evita erosão e melhora a fertilidade pela ciclagem de nutrientes.

* Água preservada: as raízes profundas das pastagens e a cobertura do solo favorecem a retenção e a infiltração de água, reduzindo o risco de perdas de produtividade por longos períodos de estiagem e aumentando a recarga do lençol freático (protege os rios).

* Carbono estocado: a biomassa aérea e as raízes das culturas, em especial das pastagens e das árvores, acumulam o carbono capturado da atmosfera-CO₂, contribuindo para mitigação das mudanças climáticas.

* Maior renda: com a diversificação, o produtor lucra com múltiplas atividades, produzindo com menor risco e com maiores produtividades em uma mesma área.

O grande diferencial dessa tecnologia está na sinergia entre os seus componentes, ou seja, a interação entre lavoura, pecuária e floresta gera resultados melhores do que a simples soma das suas partes individuais.

Implementar a ILPF nas suas diferentes combinações vai além de “cultivar diferentes espécies numa mesma área”, mas sim criar um sistema inteligente onde a combinação de cada elemento potencializa o outro, gerando benefícios econômicos e ambientais que se multiplicam. Essa característica permite o aproveitamento máximo dos recursos naturais e dos insumos de forma equilibrada, criando um ciclo virtuoso de produção.

A ILPF é uma estratégia de produção que pode incorporar todas as tecnologias e boas práticas que são continuamente desenvolvidas pela pesquisa, como novas cultivares, raças, insumos e práticas de manejo. Experiências brasileiras em fazendas de referência monitoradas pela Embrapa e parceiros demonstram que em um mesmo ano agrícola é possível colher até quatro safras.

Além disso, os benefícios que a proteção pela cobertura constante do solo e a diversificação de cultivos promovem na conservação do carbono, da água e do solo, proporcionam o que chamamos de uma safra extra (uma quinta safra) – os serviços ambientais prestados por um sistema de produção sustentável! Assim, estamos cultivando não apenas alimentos e produtos, mas também um legado de cuidado com o meio ambiente e de responsabilidade com as próximas gerações.

Doze anos depois da sanção dessa lei, a ILPF continua evoluindo, ganhando espaço e provando a cada dia que, no Brasil, o futuro da agricultura é sustentável!

Fonte: Assessoria de Imprensa Embrapa



 


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