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Cenário e as perspectivas do mercado do milho e da soja são destaques em webinar da Faesc – MAIS SOJA


O cenário de oferta e demanda global e as perspectivas para o mercado de milho e soja foram o foco do webinar promovido pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), em parceria com a consultoria Safras & Mercado. O evento teve como palestrante o consultor-chefe da Safras & Mercado, Paulo Molinari, um dos maiores especialistas brasileiros em análise do mercado de grãos. Com vasta experiência e reconhecida trajetória no setor, Molinari apresentou uma leitura estratégica dos fatores globais que influenciam os preços, a produção e o consumo de milho e soja. Durante sua apresentação, Molinari abordou riscos para as culturas de milho e soja em 2025, aspectos climáticos, cambiais, com foco nas taxas de juros dos Estados Unidos e mudanças no Banco Central do Brasil, além de projeções para a safra na América do Sul e nos Estados Unidos. 

Sobre os preços, Molinari destacou que a soja permanece entre US$ 9,50 e US$ 10,50, desde 2024. “Quem participa das nossas reuniões desde o ano passado viu que esse era o spread que projetávamos para a soja, e ela não consegue sair desse intervalo em Chicago. Para romper esse patamar — para cima ou para baixo — é preciso um fator mais forte”, observou. 

Já o milho está no spread US$ 4,30 a US$ 5,00 e também não consegue sair desse patamar. “Isso porque esse grão não é afetado pelas tarifas porque ninguém revidou os Estados Unidos no milho. Somente a China e ela não compra milho americano há quatro anos. A China está se tornando quase autossuficiente e, quando precisa comprar, recorre à Ucrânia, Brasil e, mais recentemente, à Argentina”. 

Por que as tarifas não afetam o milho da mesma forma que a soja? “Porque a China tributou o milho americano, mas esse tributo na verdade vale zero porque se o país não compra milho americano, tanto faz. Diretamente a tarifa chinesa para o milho não vale nada e os Estados Unidos continuam exportando muito”. 

Apesar das barreiras comerciais, os Estados Unidos seguem com forte desempenho nas exportações de milho. “As exportações americanas já alcançaram 56 milhões de toneladas, bem acima do registrado no ano passado. A meta do USDA para o ano comercial é de 65 milhões, ou seja, faltam apenas 9 milhões até encerrar o ano comercial, no dia 30 de agosto”, afirmou Molinari. 

Com média de vendas semanais de um milhão de toneladas, os EUA podem ultrapassar a meta do USDA e isso tem contribuído para evitar uma queda acentuada nos preços em Chicago. 

“Se mantiver esse ritmo, o país pode atingir 74 milhões de toneladas exportadas. “Não se surpreendam, se nos próximos relatórios, o USDA aumentar novamente a projeção de exportação americana e cortar o estoque final. E os mais desavisados pensarão que tem algo de errado. Não há nada errado! Mas não é só China que compra milho e sim o mundo inteiro. E essa queda de estoque americana da safra atual vai ajudando a segurar o estoque da safra nova”, enfatizou Molinari. 

O palestrante também chamou atenção para duas datas-chave no calendário do mercado: 12 de maio, quando devem ser divulgados novos relatórios com estimativas de safra e exportação e 30 de junho, com atualizações que podem influenciar o comportamento de preços e expectativas para a nova temporada. 

Ele também destacou oportunidades no mercado interno. O preço para agosto/setembro já oferece até R$ 10 a mais em comparação com o valor atual. Quem puder segurar parte da produção até julho ou agosto pode ter retorno mais interessante. 

Para a safra da soja, a projeção atual no porto está em R$ 131 por saca, mas o mercado já está começando a trabalhar com prêmio negativo para o ano que vem. “O produtor brasileiro está de olho nos movimentos internacionais e pode migrar parte da área de milho de verão para a soja, caso os preços permaneçam atrativos. Farelo e óleo também devem registrar queda com a entrada da colheita argentina”. 

O especialista recomendou atenção à colheita da Argentina em maio, ao clima nos EUA até setembro e ao comportamento do mercado global. A tradicional volatilidade climática gerará oportunidades de venda. O cenário internacional ainda envolve incertezas com a guerra entre Rússia e Ucrânia, risco de recessão na China, variações cambiais na Argentina e China e a inflação global. 

A estimativa da safra brasileira de milho é de 135,1 milhões de toneladas, sendo 96 milhões da safrinha. “Houve corte nas produções de São Paulo, Minas Gerais e parte de Goiás devido à seca de março. Ainda assim, é uma boa safrinha”, afirmou. 

O especialista alertou para possíveis geadas em maio no Paraná e Paraguai, que poderiam afetar o rendimento, mas que, no momento, não estão no radar. Sobre o sorgo, também houve redução na produção em Goiás e Minas Gerais, mas a safra é considerada razoável. 

Segundo Molinari, o quadro do milho é relativamente tranquilo para o segundo semestre. “O que não podemos ter é a quebra na safra americana. Por isso, independentemente do tamanho é preciso olhar para a safra americana. Isso porque precisamos exportar 42 milhões de toneladas este ano. Quem forma o preço do milho a partir de julho chama-se exportador. Se o exportador pagar R$ 75 no porto, esse será o valor referência, menos o frete. O produtor que quiser segurar a soja, terá que vender o milho, o que pressiona os preços entre julho e setembro — a famosa ‘barrigada’ do mercado”.  

Fonte: MB Comunicação, disponível em Fecoagro



 

FONTE

Autor:MB Comunicação, disponível em Fecoagro

Site: FECOAGRO


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