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Monitoramento e controle de corós no trigo – MAIS SOJA


No sistema de produção de grãos, em especial no Sul do Brasil, algumas pragas do trigo prejudicam o estabelecimento da lavoura, reduzindo a densidade populacional das plantas e afetando negativamente a produtividade da cultura. Dentre essas pragas, os corós, se destacam por se tratar de pragas de solo e pelos danos características na cultura.

Dentre as principais espécies de coros que acometem o trigo, destacam-se o coró-das-pastagens (Diloboderus abderus) e o coró-do-trigo (Phyllophaga triticophaga) (Coleoptera: Melononthidae).

O coró-das-pastagens ocorre principalmente em solos não revolvidos e com disponibilidade de restos culturais (palha), que larvas jovens utilizam como alimento. As larvas (corós) passam por três instares e podem ser encontradas dentro de galerias, a profundidades variáveis de 10 a 20 cm, de fevereiro a novembro. A partir de outubro, as larvas paralisam a alimentação e empupam (Salvadori & Pereira, 2006).

Já com relação ao coró-do-trigo, a praga afeta tanto áreas de plantio convencional quanto de plantio direto, com um ciclo geralmente de dois anos. No campo, os ovos são encontrados entre novembro e dezembro do primeiro ano, quando também surgem pequenas larvas (1º instar). As larvas ativas, que estão se alimentando, podem ser observadas até outubro e novembro do ano seguinte (segundo ano), momento em que param de se alimentar e começam a se preparar para a fase de pupa (Salvadori & Pereira, 2006).

Até janeiro e fevereiro do terceiro ano, ainda é possível encontrar larvas inativas. As pupas se desenvolvem de janeiro a abril do terceiro ano, e os adultos, que emergem a partir de março, permanecem no solo até outubro e novembro desse ano, quando sobem à superfície para acasalamento, dispersão e oviposição (Salvadori & Pereira, 2006).

Figura 1. Ciclo de vida e atividade de Diloboderus abderus (coró-das-pastagens) e Phyllophaga triticophaga (coró-do-trigo) e relação com o ciclo das culturas de trigo, soja e milho no Rio Grande do Sul.
Fonte: Salvadori & Pereira (2006)
Monitoramento

O monitoramento dos corós ocorre de forma manual, por meio da coleta e analise do solo. Para tanto, recomenda-se abrir trincheiras no solo com dimensões de 20 a 25 cm de largura, 50 a 100 cm de comprimento e 20 a 25 cm de profundidade (Pereira, 2021). Utilizando uma peneira grossa (de arame), deve-se desagregar o solo coletado na trincheira para identificar e quantificar os corós. Solos mais argilosos podem requerer o uso de peneiras mais grossas.

O número de amostras varia em função da área de cultivo. Para uma coleta mais representativa, deve-se realizar o caminhamento da área em zigue-zague. Para áreas de 1 a 9 ha, deve-se coletar 6 pontos amostrais, já para áreas variando de 10 a 29 ha deve-se coletar 8 pontos.  Para áreas de 30 a 99 hectares 10 pontos devem ser coletados, já para áreas superiores a 100 ha, deve-se subdividir a área em talhões (± 100 ha) e seguir o procedimento adotado com base no tamanho do talhão, conforme descrito anteriormente (SENAR, 2018).
Figura 2. Amostragem de corós em áreas agrícolas.
Fonte: SENAR (2018)

É importante que o monitoramento dos corós seja realizado no período entressafra que sucede a cultura do trigo para identificar a densidade populacional das pragas a fim de determinar estratégias de controle, quando necessário.

De acordo com Almeida (2024), tanto para o coró-das-pastagens quanto para o coró-do-trigo o nível de controle pré-estabelecido é de 5 corós/m².

Controle

O controle químico dos corós baseia-se no tratamento de sementes com inseticidas registrados para a cultura do trigo. Vale destacar que por se tratar de pragas de solo, é extremamente difícil atingir o alvo com precisão nos casos de pulverização. Ainda que medidas alternativas possam ser adotadas para reduzir as populações dos corós, o tratamento de sementes com inseticidas constitui a medida mais racional para o controle da praga em áreas infestadas.

Tabela 1. Inseticidas para o controle de corós em trigo (via tratamento de sementes): coró-das-pastagens Diloboderus abderus e coró-do-trigo Phyllophaga triticophaga. Ingrediente ativo, grupo químico, marca comercial, formulação, concentração do ingrediente ativo e inseto-alvo.
Fonte: Almeida (2024)
Tabela 1. Continuação…
Fonte: Almeida (2024)

Veja mais: Benefícios das micorrizas em culturas agrícolas


Referências:

ALMEIDA, J. L. INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE: SAFRAS 2024 & 2025. Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale, Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária, 2024. Disponível em: < https://static.conferenceplay.com.br/conteudo/arquivo/infotecnitrigotriticalesafras20242025livrodigitalfinal-1721832775.pdf >, acesso em: 08/04/2025.

PEREIRA, P. R. V. S. MANEJO DE CORÓS. Triticale, Embrapa, 2021. Disponível em: < https://www.embrapa.br/en/agencia-de-informacao-tecnologica/cultivos/triticale/producao/pragas-e-doencas/insetos/coros/manejo-de-coros >, acesso em: 08/04/2025.

SALVADORI, J. R.; PEREIRA, P. R. V. S. MANEJO INTEGRADO DE CORÓS EM TRIGO E CULTURAS ASSOCIADAS. Comunicado técnico 203, Embrapa. Passo Fundo – RS, 2006. Disponível em: < http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/co/p_co203.pdf >, acesso em: 08/04/2025.

SENAR. GRÃOS: MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS (MIP) EM SOJA, MILHO E SORGO. Coleção SENAR, n. 181, 2018. Disponível em: < https://www.cnabrasil.org.br/assets/arquivos/181-GR%C3%83OS.pdf >, acesso em: 08/04/2025.


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