O cururu-palmeri (Amaranthus palmeri), é uma das principais e mais preocupantes plantas daninhas em culturas anuais nos Estados Unidos da América. No brasil, essa planta daninha foi identificada no estado de Mato Grosso na safra 2014/15, em áreas de cultivo de algodoeiro, soja e milho (Andrade Junior; Cavenaghi; Guimarães, 2017).
Essa planta daninha se destaca por sua habilidade competitiva, capacidade de crescimento, elevada produção de sementes e dificuldade de controle, características essas, que associadas tornam o caruru-palmeri uma complexa planta daninha, de difícil controle.
Os danos variam em função da densidade populacional da planta daninha e período de competição com a cultura, sendo que, resultados de pesquisas demonstram que o caruru-palmeri pode ocasionar perdas de produtividade no milho superiores a 91%, 79% na soja e 77% em algodão. A espécie apresenta alta adaptabilidade e rápido crescimento, podendo crescer de 4 cm a 6 cm por dia. Além disso, o caruru-palmeri apresenta alta capacidade de produzir sementes. Uma planta bem desenvolvida pode produzir de 80.000 a 250.000, embora produções iguais ou superiores a 1 milhão de sementes por planta já tenham sido relatadas (Gazziero & Silva, 2017).
O formato arredondado das sementes e seu pequeno tamanho dificultam a dispersão pelo vendo, no entanto, maquinas e equipamento agrícolas, bem como canais de irrigação, aves e bovinos, contribuem para a disseminação das sementes de caruru. Em virtude da pequena dimensão das sementes, e da elevada quantidade delas, o fluxo de emergência é maximizado quando elas permanecem na camada superficial do solo (Gazziero & Silva, 2017), sendo comum observar vários fluxos de emergência do caruru ao longo do desenvolvimento da soja, o que dificulta ainda mais o controle dessa planta daninha na pós-emergência da cultura.
Atrelado as características fisiológicas da planta, há relatos de casos de resistência do caruru-palmeri a herbicidas no Brasil. De acordo com Heap (2025), até então foram relatados casos de resistência simples do caruru-palmeri ao herbicida glifosato (EPSPs), e resistência múltipla aos herbicidas clorimuron-etil, cloransulam-metil, glifosato e imazetapir (ALS, EPSPs).
O Amaranthus palmeri difere das outras espécies por algumas características que contribuem para sua identificação no campo. Além de possuir grande porte, são características que diferem o Amaranthus palmeri das outras espécies: a ocorrência de plantas dióicas, ou seja, plantas somente com flores femininas (planta fêmea) (Figura 2 – A) ou somente flores masculinas (planta macho) (Figura 2 – B); folhas com pecíolos maiores ou iguais ao comprimento do limbo folhar (Figura 3) e folhas distribuídas simetricamente em torno do caule quando a planta é vista de cima; às vezes podem ocorrer manchas esbranquiçadas nas folhas em forma de “V” (Andrade Junior et al., 2015).
Dentre as principais estratégias de manejo para o controle do caruru-palmeri, destacam-se a eliminação de plantas voluntárias durante os períodos de safra e entressafra, a rotação de culturas, o emprego de herbicidas pré-emergentes, a limpeza de máquinas e equipamentos agrícolas ao mudar de área/talhão, a quarentena de animais oriundos de outras áreas e o monitoramento frequente das áreas de cultivo.
Embora o controle químico com herbicidas pós-emergentes seja uma alternativa com opções limitadas, principalmente em áreas com caruru resistente ao glifosato, quando necessário realizar o controle pós-emergente dessa planta daninha é crucial dar atenção para o momento de controle, dando preferência para o controle do caruru quando a planta daninha apresentar 2-4 folhas. De acordo com Nicolai et al. (2021), a eficácia dos herbicidas é reduzida com o desenvolvimento das plantas, sendo que, aplicações realizadas em plantas maiores que 8 cm resultam em nível de controle insatisfatório.
ANDRADE JUNIOR, E. R. et al. PRIMEIRO RELATO DE Amaranthus palmeri NO BRASIL EM ÁREAS AGRÍCOLAS NO ESTADO DE MATO GROSSO. IMA MT, Circular Técnica, n. 19, 2015. Disponível em: < https://imamt.org.br/wp-content/uploads/2019/03/circular_tecnica_edicao19_bx_ok.pdf >, acesso em: 20/02/2025.
ANDRADE JUNIOR, E. R.; CAVENAGHI, A. L.; GUIMARÃES, S. C. Amaranthus palmeri EM MATO GROSSO: CARACTERÍSTICAS DA ESPÉCIE, SITUAÇÃO ATUAL E CONTROLE. IMA MT, Circular Técnica n. 30, 2017. Disponível em: < https://upherb.com.br/ebook/circular_tecnica%20IMA%2030.pdf >, acesso em: 20/02/2025.
GAZZIERO, D. L. P.; SILVA, A. F. CARACTERIZAÇAÕ E MANEJO DE Amaranthus palmeri. Embrapa Soja, Documentos, n. 384, 2017. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1069527/1/Doc384OL.pdf >, acesso em: 20/02/2025.
HEAP, I. THE INTERNATIONAL HERBICIDE-RESISTANT WEED DATABASE, 2025. Disponível em: < https://weedscience.org/Pages/Species.aspx >, acesso em: 20/02/2025.
NICOLAI, M. et al. IDENTIFICAÇÃO E CONTROLE DE Amaranthus palmeri E Amaranthus hybridus. HRAC-BR, 2012. Disponível em: < https://drive.google.com/file/d/1WTIjh60bkeAv-JBUX-6KJrYwKwdH54OL/view >, acesso em: 20/02/2025.
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