Atualmente, a participação dos fitonematoides (nematoides fitopatogênicos) em áreas agrícolas bem como o impacto deles, têm evidenciado a importância de adotar estratégias de manejo integradas para assegurar a redução populacional dos fitonematoides, assim como os danos a produção das lavouras brasileiras.
Nas áreas de produção de soja no Brasil, o nematoide de cistos, Heterodera glycines, os nematoides de galhas, Meloidogyne spp., o nematoide das lesões radiculares, Pratylenchus brachyurus, o nematoide-reniforme, Rotylenchulyus reniformis e o nematoide da haste verde, Aphelenchoides besseyi, são os causadores dos maiores danos à cultura e, consequentemente, prejudicam a produção das lavouras (Castro; Meyer; Seixas, 2024).
Os danos variam de acordo com a espécie, densidade populacional dos fitonematoides, patogenicidade e virulência ou agressividade das espécies, sendo que, algumas culturas tendem a apresentar maior resistência a determinados fitonematoides (tabela 1).
Embora o controle químico com o emprego de nematicidas seja uma opção prática em escala comercial, por se tratar de patógenos de solo, o contato entre o defensivo e o alvo normalmente é limitado, dificultando um controle efetivo dos fitonematoides, o que torna necessário adotar estratégias integradas para a redução das populações dos fitonematoides em áreas agrícolas.
Além do posicionamento de cultivares mais resistentes, uma das alternativas de manejo consiste no controle biológico dos fitonematoides, através do uso de fungos benefícios. Dentre os fungos adotados para o controle de fitonematoides, estão aqueles classificados como quitinolíticos, que inclui as espécies Purpureocillium lilacinum (syn. Paecilomyces lilacinus) e Pochonia chlamydosporia, e os produtores de metabólitos tóxicos e indutores de resistência, como Trichoderma spp. (Dias-Arieira et al., 2022).
Um estudo realizado por Santos et al. (2019) analisou o uso de diferentes espécies de fungos no controle de Pratylenchus brachyurus em soja, demonstrando um efeito significativo do controle biológico na redução das populações de nematoides juvenis e ovos, tanto no solo quanto nas raízes da cultura.
Outra importante estratégia no manejo integrados dos fitonematoides, é o controle de plantas daninhas. De acordo com Kuhnem (2022), diversas plantas daninhas, dentre elas, as mais comuns em áreas agrícolas, são suscetíveis a pelo menos uma espécie de fitonematoide, contribuindo para a sobrevivência e reprodução das populações desses fitonematoides em áreas agrícolas. Nesse sentido, controlar planta daninhas reduz indiretamente as populações de fitonematoides.
Não menos importante, a diversificação de espécies na rotação de culturas é essencial para reduzir as populações de fitonematoides. Além de algumas espécies não atuarem como hospedeiras, há também plantas de cobertura que contribuem para a supressão dos nematoides, seja por apresentarem baixo fator de reprodução, seja por produzirem compostos nematicidas. Dentre as espécies mais comuns com esse intuito, destacam-se as braquiárias, as crotalárias, o milho, o girassol e o sorgo (tabela 4 ).
Vale destacar que algumas espécies além de possibilitar o controle dos fitonematoides, contribuem para a redução das infestações de plantas daninhas e aumento da cobertura do solo (tabela 5).
Contudo, vale destacar que ao posicionar culturas de cobertura no sistema de produção, alguns cuidados necessitam ser tomados para evitar a inserção de fitonematoides nas áreas. As sementes das plantas de cobertura podem ser via de disseminação de patógenos, pragas ou plantas daninhas. Dependendo do sistema de produção, as podem levar consigo terra infestada de fitonematoides (Ferreira et al., 2016). Nesse sentido, o uso de sementes de qualidade é outra estratégia para reduzir as infestações de fitonematoides em áreas agrícolas.
Considerando os aspectos observados, pode-se dizer que medidas integradas de manejo são determinantes para a redução das populações dos fitonematoides, reduzindo assim o impacto deles nas culturas agrícolas, sendo indispensável, o controle de plantas daninhas, a rotação de culturas, o posicionamento de cultivares e também o controle biológico dos fitonematoides.
ASMUS, G. L.; INOMOTO, M. M. NEMATOIDES EM CULTIVOS INTEGRADOS. Embrapa, Consórcio Milho-Braquiária, 2013. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/982597/1/LVCONSORCIOMB.pdf >, acesso em: 14/02/2025.
CASTRO, J. M. C.; MEYER, M. C.; SEIXAS, C. D. S. PRINCIPAIS NEMATOIDES EM ÁREAS PRODUTORAS DE SOJA NO BRASIL. Embrapa Soja, Circular Técnica. n. 202, 2024. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1164703/1/Circ-Tec-202.pdf >, acesso em: 14/02/2025.
DIAS-ARIEIRA, C. R. et al. MANEJO BIOLÓGICO DE NEMATOIDES. Embrapa, Bioinsumos na cultura da soja, cap. 20, 2022. Disponível em: < https://www.alice.cnptia.embrapa.br/alice/handle/doc/1143066 >, acesso em: 14/02/2025.
FERREIRA, A. C. B. et al. SISTEMAS DE CULTIVO DE PLANTAS DE COBERTURA PARA A SEMEADURA DIRETA DO ALGODOEIRO. Embrapa, Comunicado Técnico, n. 377, 2016. Disponível em: < https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/1066067/1/Sistemasdecultivodeplantasdecobertura.pdf >, acesso em: 14/02/2025.
INOMOTO, M. M.; ASMUS, G. L. CULTURAS DE COBERTURA E DE ROTAÇÃO DEVEM SER PLANTAS NÃO HOSPEDEIRAS DE NAMATOIDES. Visão Agrícola, n. 9, 2009. Disponível em: < https://www.esalq.usp.br/visaoagricola/sites/default/files/VA9-Protecao04.pdf >, acesso em: 14/02/2025.
KUHNEM, P. TRIGO: UM ALIADO NO MANEJO INTEGRADO DE NEMATOIDES DA SOJA. Biotrigo Genética, 2022. Disponível em: < https://biotrigo.com.br/trigo-um-aliado-no-manejo-integrado-de-nematoides-da-soja/ >, acesso em: 14/02/2025.
SANTOS, A. R. B. et al. BIOCONTROLE NO MANEJO DE Pratylenchus brachyurus NA SOJA. Revista de Ciências Agrárias, 2019. Disponível em: < https://revistas.rcaap.pt/rca/article/download/17201/14457/64117#:~:text=O%20nematoide%20das%20les%C3%B5es%20radiculares,fungos%20no%20manejo%20de%20P. >, acesso em: 14/02/2025.
Foto de capa: Cristiano Bellé
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