Guilherme de C. Hüller*
A cultura da soja é destaque no agronegócio brasileiro. Com área cultivada superior a 47,3 milhões de hectares e uma produção de 166,21 milhões de toneladas, de acordo com a previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) para a safra 2024/25, a atenção para a sanidade das lavouras é fundamental na busca por seu máximo potencial produtivo. Quando o assunto é doenças da soja, a primeira relação que se faz é com o prejuízo que estas podem causar.
Entre as doenças que afetam significativamente esta cultura, está a antracnose. Com potencial de afetar as vagens e grãos, ela é causada pelos fungos do gênero Colletotricum, principalmente C. truncatum e C. cliviae, e tem acarretado perdas de produtividade que chegam a 50% no Brasil, onde cada 1% de incidência da doença avaliado em campo foi responsável por redução de 90 quilos por hectare (kg/ha) na produtividade, segundo estudos como Impacto da antracnose na produtividade de soja submetida a controle químico na região norte do Brasil e Status da antracnose na soja associada ao Colletotrichum truncatum no Brasil e Argentina (DIAS et al., 2016 e 2019). Segundo o levantamento feito pelos autores, o impacto negativo é notado tanto na produtividade quanto na qualidade dos grãos colhidos.
O patógeno ganhou expressividade na oleaginosa por diversos motivos, como sua transmissibilidade por sementes e características saprofíticas, isto é, conseguir sobreviver em restos culturais. Pesquisas identificaram Colletotrichum truncatum na maioria das amostras de folíolos e hastes de soja coletados em campo, mesmo sem sintomas aparentes da doença. Este conhecimento acerca de infecções latentes e o entendimento que a grande parte da colonização do fungo acontece inicialmente na parte inferior das plantas nos estádios iniciais de desenvolvimento, dão uma diretriz importante no que diz respeito ao melhor momento de aplicação de fungicidas para o controle desta doença: no vegetativo.
Neste cenário de ameaça à produtividade, outra doença que merece grande atenção é a ferrugem asiática, causada pelo fungo Phakopsora pachyrhizi, e que pode causar danos que chegam a 90%, de acordo com estudo Epidemias de ferrugem da soja no Brasil e Paraguai de 2001 a 2003, conduzido pelo fitopatologista José Tadashi Yorinori (e outros). Para efetivo manejo de doenças da soja, várias medidas como o vazio sanitário, a escolha da cultivar considerando ciclo e suscetibilidade a doenças e rotação de culturas são rotina nas tomadas de decisão. Além destas estratégias, cientes do risco que as doenças representam à rentabilidade, a escolha do fungicida a ser empregado faz toda a diferença para o sucesso da lavoura.
Apesar de a performance ser fundamental, há ainda um fator determinante na escolha de um fungicida: sua seletividade à cultura – uma vez que buscamos controlar doenças justamente para que a planta permaneça sadia e em plenas condições de expressar seu máximo potencial produtivo, não esperando, portanto, que o fungicida lhe cause quaisquer danos.
Estudos realizados pelos times de Pesquisa e Agronomia da Corteva Agriscience demonstram que um fungicida composto pelos princípios-ativos picoxystrobin e benzovindiflupyr, além de alta sistemicidade e efeito translaminar, quando aplicado aos 25 dias após a emergência da cultura (DAE), reduz significativamente a incidência de antracnose (controle superior a 70%), resultando em incrementos na produtividade de até 22,5 sacas por hectare (sc/ha) (Figuras 1 e 2).
No caso da ferrugem asiática, estudos realizados pela Cooperativa Central Gaúcha Ltda (CCGL) mostram que o fungicida picoxystrobin + benzovindiflupyr vem entregando resultados consistentes ao longo dos anos, tanto em associação com multisítio (princípio de manejo de resistência) como associado a triazóis e morfolinas – combinando diferentes Mecanismos de Ação (MoA) para maiores chances de sucesso no controle da ferrugem, como observamos na Figura 3.
Nem sempre as condições climáticas são favoráveis para uso de todo e qualquer tipo de fungicida, alguns em especial os triazóis, podem causar injúrias na cultura sob condições de estiagem e temperaturas elevadas, por exemplo. Para este cenário, picoxystrobin + benzovindiflupyr permanece como uma das melhores opções para ser incluído no manejo de doenças da soja, com até 92% de controle da doença, em associação com outros princípios-ativos, como clorotalonil e tebuconazol, por exemplo (Figura 3).
Para melhorar a efetividade no controle das doenças da soja em busca de maiores produtividades, é necessária a aplicação correta do fungicida em momentos críticos da cultura (aos 25 dias após a emergência da cultura para controle da antracnose e entre os estádios R1 ou R1+14 para o controle de ferrugem), atentando para o Manejo Integrado de Doenças e aliando ferramentas, para Manejo de Resistência. Estas boas práticas agrícolas são fundamentais para o produtor que busca uma lavoura produtiva e com elevados níveis de controle para as doenças da soja.
Guilherme de C. Hüller é cientista de campo e responsável pelos projetos de fungicidas na Corteva Agriscience para o Brasil e Paraguai.
Fonte: Assessoria de Imprensa Corteca Agriscience
Post Views: 3
A Bolsa de Mercadorias de Chicago (CBOT) para o trigo encerrou com preços acentuadamente mais…
Atualmente, 60% da produção de carne de frango nacional está concentrada na Região Sul, liderada,…
Levantamentos do Cepea mostram que as cotações domésticas do algodão em pluma têm caído, acompanhando…
Com novas quedas, o Indicador do arroz em casca CEPEA/IRGA (58% de grãos inteiros, com…
Com novas quedas, o indicador do arroz em casca CEPEA/IRGA (58% de grãos inteiros, com…
Por T&F Agroeconômica, comentários referentes à 20/05/2025 FECHAMENTOS DO DIA O contrato de soja para…