A safra 2024/25 brasileira se iniciou em meio a temores por conta do baixo volume de chuvas, mas o clima favorável nos meses seguintes deve garantir produção de soja recorde.
Do lado da demanda, políticas nacionais estimulando maior mistura de biodiesel ao óleo diesel deve favorecer a procura pelo grão para processamento interno. No front externo, a forte valorização do dólar frente ao Real deixa a soja brasileira mais atrativa a compradores internacionais, o que tende a favorecer as exportações.
Quanto aos preços, as negociações em dólar para embarques nos portos brasileiros no primeiro semestre de 2025 são realizadas a valores bem abaixo dos registrados há um ano, e as cotações externas também operam em menores patamares.
De modo geral, além do dólar, o mercado também deve estar atento às ações que devem ser tomadas pelo novo governo norte-americano, especialmente as que se referem a tarifas de importações, que podem gerar reações de outros países e deslocar demandantes à América do Sul. Na Argentina, o governo oficializou a redução das “retenciones” sobre a soja em grão, de 33% para 26%, e o farelo e óleo de soja, de 31% para 24,50%, o que pode incentivar as exportações do país e elevar a concorrência com o Brasil no caso do farelo, por exemplo.
De acordo com o USDA (Departamento de Agricultura dos EUA), a área mundial de soja cresceu pela quinta temporada consecutiva, estimada em 146,34 milhões de hectares na 2024/25, com destaque para o Brasil, que vem registrando consecutivos aumentos de área desde 2007/08. A produção global é calculada em 424,26 milhões de toneladas, 7,4% acima da safra passada.
A produção brasileira é projetada pelo USDA em volume recorde de 169 milhões de toneladas (39,8% da safra mundial) e pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) em 166,3 milhões de toneladas. A Argentina deve colher 52 milhões de toneladas na temporada 2024/25, de acordo com o USDA, a maior quantidade desde 2018/19; e o Paraguai, 11,2 milhões de toneladas, um recorde. Vale lembrar que os Estados Unidos colheram 118,8 milhões de toneladas na safra 2024/25, 4,9% acima da temporada passada.
O USDA aponta que o Brasil deve abastecer o mercado global com 105,5 milhões de toneladas de soja na safra 2024/25 (+1,3% frente à passada); os Estados Unidos, com 49,67 milhões de toneladas (+7,7%); o Paraguai deve exportar 7,3 milhões de toneladas (-9,88%); e a Argentina, 4,5 milhões de toneladas (-12%).
As importações da China são estimadas pelo USDA em quantidade recorde de 109 milhões de toneladas na safra 2024/25, 2,7% a menos que na temporada anterior. A União Europeia deve importar 14,6 milhões de toneladas de soja, aumento de 8,5% frente à safra anterior e o maior volume desde 2020/21. O USDA estima que os estoques mundiais devem crescer, uma vez que o aumento da oferta tende a ser superior ao da demanda. A relação estoque final/processamento mundial deve ficar em 31,7%, a maior desde 2018/19.
Na CME Group (Bolsa de Chicago), em dezembro, os contratos com vencimentos em 2025 oscilaram de US$ 9,80/bushel a US$ 10,00/bushel, o menor patamar nominal desde 2019. Em janeiro/25, os futuros subiram ligeiramente, mas ainda operando na casa de US$ 10,00/bushel.
Para o Brasil, as negociações com base no porto de Paranaguá (PR) apontam preços FOB entre US$ 22,00/sc e US$ 24,50/sc de 60 kg de fevereiro a julho de2025, abaixo dos US$ 28,00 e US$ 29,30/sc de 60 kg em dezembro/23 para o ano de 2024.
Porém, com base no dólar futuro negociado na B3, que está acima de R$ 5,80,a paridade de exportação da soja é calculada pelo Cepea em R$ 134,90/sc de60 kg para fevereiro/25; em R$ 132,57/sc para março/25; em R$ 135,43/sc para abril/25 e acima de R$ 140,00/sc de 60 kg para maio/25 e para junho/25.Ressalta-se que, de janeiro a abril de 2024, os preços da soja foram negociados abaixo dos R$ 130,00/sc de 60 kg, alcançando R$ 140,00 somente em meados de setembro/24, em termos reais.
O esmagamento global de soja é projetado pelo USDA em volume recorde de 349,29 milhões de toneladas na temporada 2024/25, com crescimento de 5,4% sobre a anterior. Deste processamento, são esperadas274,11 milhões de toneladas de farelo e 66,25 milhões de toneladas de óleo. Para o Brasil, o USDA estima ligeiro crescimento de 0,55% no esmagamento, para 55 milhões de toneladas. A Abiove indica incremento maior do esmagamento nacional, para 57,1 milhões de toneladas em 2025.
Vale ressaltar que o consumo doméstico de óleo de soja no Brasil é projetado em volume recorde, de 9,72 milhões de toneladas, sendo 5,5 milhões de toneladas para uso industrial e 4,23 milhões de toneladas para alimentação. Nos Estados Unidos, o consumo do óleo de soja é estimado em 12,5 milhões de toneladas, sendo 50% para uso industrial e 50% para uso alimentício – vale ressaltar que é a primeira vez que a demanda por óleo de soja para a indústria alcança o volume de óleo demandado para alimentação nos EUA.
Quanto ao farelo de soja, o consumo mundial é estimado em 267,9 milhões de toneladas. No Brasil, 21 milhões de toneladas do derivado devem ser consumidas internamente (+5%) e 21 milhões de toneladas, embarcadas (-7,5%), segundo o USDA. A Argentina segue liderando as exportações de farelo, com 28 milhões de toneladas, 12,5% a mais que o volume escoado na temporada anterior e o maior desde 2020/21.
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Fonte: Cepea
Autor:AGROMENSAIS JANEIRO/2025
Site: CEPEA
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