Categories: Tech

Medidas artificiais não vão reduzir preços dos alimentos, diz ex-ministro da Agricultura

O governo federal tem aventado possibilidades para frear a alta dos alimentos, como a redução da taxa de importação, reuniões com o setor de supermercados e investimento em infraestrutura logística.

Uma ala do PT, inclusive, defende o aumento de taxas de exportação na tentativa de reter produtos no mercado interno, ideia criticada pelo agro e que, de acordo com o ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, não tem chances de prosperar.

Para o ex-ministro da Agricultura Francisco Turra, que ficou no cargo por 15 meses durante o governo Fernando Henrique Cardoso e encarou uma inflação em níveis inimagináveis hoje em dia, de 3.000% ao ano, não se deve solucionar a alta inflacionária dos alimentos com medidas artificiais.

Para ele, embora aportes em estradas que conectam os grandes centros produtores para melhorar o escoamento sejam vistas com bons olhos, não têm como solucionar o problema no curto-prazo.

“No entanto, outras medidas são inúteis e inócuas, como querer taxar a exportação. Isso nunca deu certo. O Brasil tem que ser competitivo. Não é por acaso que abrimos tantos mercados, ou seja, somos um país competente e competitivo. A Lei Kandir [que isenta do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) a exportação de produtos primários] nos salvou até hoje e tem de continuar”, diz.

Segundo Turra, aliviar impostos sobre importações é outra medida “absurda”. “[Fazendo isso], você vai acabar ajudando produtores de outros países. O produtor se estimula a produzir mais quando ele ganha, quando tem preços bons, então se há nesse ano uma carência de um produto, se esse produto vem a ter um preço melhor, é o melhor estímulo para logo logo equalizar, para ficar efetivamente bom para o produtor e também para o consumidor; é a lei da oferta e da procura”.

Na opinião do ex-ministro, medidas artificiais não vão prosperar e tendem a piorar o cenário de alta dos alimentos tanto para o produtor como para o consumidor.

Segundo ele, incentivar o produtor a produzir mais e não comprometer a rentabilidade dele é a melhor solução. Porém, para isso, o seguro agrícola é essencial, visto que muitos produtores afetados por eventos climáticos catastróficos, como as enchentes do Rio Grande do Sul, não voltaram a produzir porque não se sentem resguardados.

agromt

Share
Published by
agromt

Recent Posts

Mato Grosso reduz desmatamento em 43%, mas segue entre os que mais derrubam florestas no país

Levantamento aponta que quatro municípios mato-grossenses estão entre os 50 que mais desmataram no Brasil…

8 horas ago

Soja/RS: Área colhida no estado alcança 98% – MAIS SOJA

O predomínio de tempo seco acelerou a colheita na primeira metade da semana, já que…

8 horas ago

Milho/RS: Colheita prosseguiu em ritmo lento, atingindo 94% – MAIS SOJA

A colheita de milho prosseguiu em ritmo lento, chegando a 94%. As chuvas comprometeram a…

8 horas ago

Arroz/RS: Colheita avançou lentamente, estima-se que área colhida se aproxima de 99% – MAIS SOJA

A colheita avançou lentamente no período devido à paralisação temporária provocada pelas chuvas entre 08…

9 horas ago

Agricultura regenerativa trabalha mais em harmonia com a natureza, diz consultor

O Brasil conta com mais de nove milhões de hectares destinados à agricultura regenerativa somente…

9 horas ago

Oportunidades e deveres em solo chinês

A missão brasileira à China, liderada pelo governo brasileiro e acompanhada por inúmeros empresários do…

9 horas ago