A redução nas precipitações configura um cenário de estiagem, especialmente no Centro-Oeste do Estado, onde os danos nas lavouras são mais acentuados. As áreas mais afetadas são aquelas semeadas no início de novembro, que apresentam floração abaixo do esperado, queda de folhas e flores, resultando em perdas significativas de estruturas reprodutivas e potencial decréscimo na produtividade. Nas lavouras implantadas em dezembro, a ausência de fechamento das entrelinhas intensifica a perda de umidade do solo devido à maior exposição ao vento e à radiação solar, além de favorecer a reinfestação de plantas daninhas.
Em regiões mais críticas, em razão do longo período sem precipitações ou da presença de solos rasos e arenosos, observa-se mortalidade de plantas jovens por enraizamento inadequado, folhas comprometidas e desenvolvimento vegetativo abaixo do esperado. No entanto, a condição de estiagem não é uniforme no Estado. Nas lavouras mais a Leste do território estadual, o estresse hídrico diminuiu significativamente, aproximando-se de condições climáticas normais. Especialmente nas regiões mais elevadas do Planalto e nos Campos de Cima da Serra, os volumes de chuva mais regulares têm contribuído para manter o potencial produtivo das lavouras mais próximo do projetado.
O plantio avançou de forma limitada, ocorrendo em áreas onde os índices pluviométricos proporcionaram um aumento significativo da umidade do solo. Porém, ainda não foi possível atingir a totalidade da área projetada para a safra.
Em termos de manejo, os produtores estão realizando tratamentos fitossanitários preventivos contra ferrugem-asiática, vaquinha-verde-amarela, tripes, ácaro e percevejos, controle esse que tem sido favorecido pelo clima seco. As aplicações são feitas nas horas amenas ou à noite.
Na região administrativa da Emater/RS-Ascar de Bagé, na Fronteira Oeste, a persistência da estiagem e as chuvas escassas e mal distribuídas agravaram as perdas, especialmente nas lavouras em fase reprodutiva. Em Itacurubi, as perdas estabilizaram em 20%, e as chuvas localizadas aliviaram o estresse hídrico. Em Santana do Livramento e Santa Margarida do Sul, as precipitações têm sido muito irregulares, e as perdas alcançam 40%. Em Maçambará, a situação continua crítica, especialmente em solos arenosos no leste do município, onde a falta de chuvas expressivas por mais de 40 dias resultou na morte de plantas. As áreas de resteva de milho com irrigação estão sendo semeadas, apresentando adequado estande de plantas.
Em Manoel Viana, a precipitação de até 100 mm, em algumas localidades, interrompeu as perdas, mas o município acumula quebra média de 35% no potencial produtivo. Em São Gabriel, as perdas alcançam 25% em áreas onde não chove, há mais de três semanas. Os sistemas de irrigação enfrentam limitações devido à baixa disponibilidade hídrica, mas as chuvas recentes beneficiaram as lavouras em estágio vegetativo, viabilizando plantios e replantios dentro do Zoneamento Agrícola, que encerra em 31/12. Predominam no município cultivares de ciclo médio e tardio com hábito de crescimento indeterminado, que possuem maior possibilidade de recuperação após períodos de estresse hídrico, mitigando parcialmente as perdas pela floração escalonada.
Na região da Campanha, em Dom Pedrito, o plantio foi concluído em 165 mil hectares, um aumento de 3,13% em relação à previsão inicial. Nas lavouras em que se aplicou bioinsumos e conceitos, como o Soil Food Web, que procura promover maior resistência às plantas a partir da interação entre os organismos presentes no solo, observa-se menos sintomas de estresse hídrico em relação às demais áreas afetadas pela estiagem. Em Caçapava do Sul, as perdas alcançam 50% nas áreas precoces, implantadas entre outubro e novembro. Cerca de 20% das lavouras estão em floração e, em algumas áreas, aguardam-se condições adequadas para o plantio.
Na de Caxias do Sul, a cultura foi beneficiada pelas precipitações ocorridas na noite de 19/01, que contribuíram para a reposição da umidade do solo e para a recuperação ou manutenção da turgescência das plantas, especialmente neste momento em que aumenta o número de plantas em fases fenológicas de florescimento e enchimento de grãos. A cultura não apresenta problemas significativos de fitossanidade.
Na de Erechim, 20% das lavouras encontram-se no estágio vegetativo, 50% em floração, e 30% em início de formação de vagens. No período, começaram a ocorrer algumas perdas devido à irregularidade ou ao baixo volume de precipitações desde 01/01.
Na de Frederico Westphalen, 30% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo e 70% em fase de florescimento. As recentes precipitações aliviaram parcialmente o déficit hídrico em diversos pontos da região. Entretanto, o cenário permanece preocupante, especialmente para áreas em estádios reprodutivos mais avançados, como o início da formação de vagens, que não foram beneficiados por volumes significativos de chuva. A cultura apresenta bom estado fitossanitário, sem registros relevantes de danos causados por pragas ou doenças. As atividades concentram-se na aplicação preventiva de fungicidas para o controle de doenças.
Na de Ijuí, a cultura, inicialmente favorecida pelas condições climáticas durante a implantação e o início do desenvolvimento, vem sendo impactada pela estiagem, que prejudica seu progresso nos diferentes estágios fenológicos. As chuvas ocorridas no período, embora localizadas, beneficiaram as áreas em floração, que correspondem a 39% da área cultivada. No entanto, em grande parte do território regional, os baixos volumes registrados geram preocupação, como no caso de Salto do Jacuí, onde não há chuvas significativas há aproximadamente 30 dias. As atividades no campo concentraram-se no manejo de pragas e de doenças, especialmente nas áreas que receberam maiores volumes de precipitação.
Na de Passo Fundo, 10% das áreas estão em desenvolvimento vegetativo, 60% em florescimento e 30% em formação dos legumes. Não há registro de perdas expressivas. Os produtores prosseguem no monitoramento de pragas e doenças, em especial de ferrugemasiática e oídio.
Na de Pelotas, 84% das lavouras encontram-se em desenvolvimento vegetativo, 14% em florescimento e 2% em enchimento de grãos. Até o momento, 96% da área inicialmente prevista foi semeada. Não há perdas de produção, pois a frequência de chuvas manteve-se próxima à normalidade.
Na de Santa Maria, a maior parte da cultura encontra-se no estágio vegetativo, e apresenta dificuldades no fechamento das linhas, baixo desenvolvimento fisiológico e estatura comprometida. Cerca de 30% das lavouras estão em estágio reprodutivo e enfrentam maiores riscos devido à escassez hídrica, que causa perdas consideráveis e irreversíveis em áreas onde as precipitações foram limitadas.
Na de Santa Rosa, 59% das lavouras estão em estágio vegetativo, 35% em floração, e 5% em enchimento de grãos. O estresse hídrico é evidente, manifestando-se pelo murchamento intenso das folhas ao amanhecer. Em áreas de solos rasos ou com pedras, observa-se uma coloração parda nas folhas, indicando perda da capacidade fotossintética e possível senescência, caso as condições de precipitação não se revertam. A ocorrência de chuvas mais volumosas, embora mal distribuídas no período, possibilitaram a retomada da semeadura em algumas áreas. Também foi possível a retomada do controle de ácaros e tripes, para o qual, devido a sua predominância nas lavouras, recomenda-se o monitoramento para evitar perdas adicionais de água nas folhas danificadas por esses insetos. Em função da estiagem, os sistemas de irrigação estão em operação regular, proporcionando o adequado desenvolvimento das lavouras. Contudo, em razão do aumento da umidade, será necessário monitorar a presença de ferrugem. Uma vez concluída a colheita do milho nas lavouras irrigadas, os produtores estão semeando soja nessas áreas, que já estão em fase de emergência das plantas. As áreas de resteva de milho em sequeiro, por sua vez, aguardam chuvas para a semeadura.
Na de Soledade, no período, o estresse hídrico nas lavouras de soja aumentou. Durante as horas mais quentes, as plantas apresentam folhas murchas, mas com recuperação à noite e pela manhã. Esse mecanismo fisiológico visa reduzir a perda de água. Contudo, em áreas onde há limitações físicas de solo, as perdas são irreversíveis e podem aumentar, se não chover. O momento é de definição de produtividade, pois 45% das lavouras estão em florescimento e 10% em enchimento de grãos, o que torna o restabelecimento da umidade extremamente necessário.
O valor médio, de acordo com o levantamento semanal de preços da Emater/RS-Ascar no Estado, aumentou 0,05%, quando comparado à semana anterior, passando de R$ 128,45 para R$ 128,52.
Confira o Informativo Conjuntural n° 1851 Emater/RS completo, clicando aqui!
Fonte: Emater RS
Autor:Informativo Conjuntural 1851
Site: EMATER/RS
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