Ainda é difícil mensurar o impacto da estiagem sobre a safra de verão do Rio Grande do Sul. Em entrevista exclusiva à Safras News, o presidente da Emater/RS, Luciano Schwerz, disse que a situação é mais drástica para a soja, ainda que o milho deva ter perdas confirmadas.
O engenheiro agrônomo tem realizado visitas a algumas regiões do estado e observa que, de maneira geral, a das Missões é a mais castigada pelo clima adverso. Fronteira Oeste, Região Central e parte da Campanha também apresentam lavouras com estresse hídrico. Na quarta-feira, ele viaja a Erechim, no norte do Rio Grande do Sul, para avaliar as condições da safra.
“Vemos lavouras bastante comprometidas, principalmente as plantadas no final de outubro e no começo de novembro. É difícil de mensurar o impacto pois são várias realidades distintas. Em alguns municípios da região das Missões, já há perdas de 17%, de 20%. É preciso ver o tamanho da área plantada para fazer a média”, disse.
A Emater/RS deve trazer um panorama mais preciso no seu boletim conjuntural do próximo dia 23. O que é certo é que já há perdas na produtividade. A empresa de assistência técnica e extensão rural elabora laudos para treze municípios gaúchos que pretendem decretar estado de emergência. Conforme Schwerz, três promulgaram o decreto. “É um momento difícil“, lamentou.
Conforme a Rural Clima, as chuvas devem seguir irregulares no sul do Brasil até a próxima sexta-feira (24), quando começam a tornar-se mais generalizadas. A última semana de janeiro e o mês de fevereiro como um todo devem ter a volta de chuvas melhores no Rio Grande do Sul.
O presidente da Emater/RS observa que as precipitações não devem recuperar o potencial produtivo de muitas lavouras, as que já passaram do estágio de floração. “O melhor que vai conseguir é manter o potencial que está posto. Isso, se as chuvas tiverem bons volumes e boa distribuição”, salientou. Até a semana passada, conforme o boletim conjuntural, 64% das lavouras estavam em germinação ou desenvolvimento vegetativo, 30% em floração e 6% em enchimento de grãos.
O engenheiro agrônomo lembra que a média das últimas cinco safras, que baseia a expectativa inicial para a produtividade, é baixa, considerando que foram impactadas por três estiagens e uma enchente. “Temos produtores que plantam esperando rendimentos altíssimos e já tem uma quebra significativa em relação a isso, mas as estatísticas não apontam isso. Uma coisa é a expetativa do produtor, outra é a média estadual”, explicou.
A estimativa inicial da Emater/RS para a safra de soja 2024/25 é de 21,654 milhões de toneladas, o que representa uma produtividade de 3.179 quilos por hectare ao longo de 6,811 milhões de hectares.
Para o milho, a estimativa é de 7.116 quilos por hectare. A produção era esperada inicialmente em 5,326 milhões de toneladas ao longo de 748,511 mil hectares.
Na próxima terça-feira (28), o presidente da Emater/RS concederá entrevista à Safras TV.
Fonte: Gabriel Nascimento – Safras News
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