O índice de área foliar (IAF) é uma medida que relaciona a área foliar da planta com a área de solo ocupada por ela. Ele indica a eficiência do dossel em interceptar a radiação solar e convertê-la em matéria seca por meio da fotossíntese, sendo um dos principais fatores que determinam o potencial produtivo da lavoura. Além disso, o IAF auxilia na análise do crescimento da cultura e na avaliação da eficiência fotossintética.
A área foliar de um trifólio (AF) pode ser medida através da fórmula:
Onde C é o maior comprimento do folíolo central e L é a maior largura do folíolo central.
Com o somatório da área das folhas de uma planta, pode-se estimar a área foliar da respectiva planta (AFP), e posteriormente, saber a área média que cada planta ocupa (AP), estimada pela relação entre população de plantas por metro linear e o espaçamento entre linhas. Dessa forma, pode-se estimar o índice de área foliar através da fórmula:
O desenvolvimento do IAF ocorre ao longo do ciclo da cultura e é influenciado pela interação entre genética, condições ambientais e práticas de manejo. Na soja, a emissão de ramificações começa entre os estágios V4 e V6, contribuindo com aproximadamente 16% do IAF total (Figura 1). Entretanto, a contribuição das ramificações pode variar de acordo com três fatores principais: i) cultivar: diferentes capacidades de emitir ramificações; ii) densidade de plantas: cultivares com alta capacidade de ramificação quando estão com redução de densidade, aumentam o número de ramificações; iii) época de semeadura: semeaduras tardias tendem a reduzir a formação de ramificações.
Para compreender a relação entre o IAF e a produtividade, é importante considerar dois conceitos básicos: o IAF crítico e o IAF ótimo. O IAF crítico é o valor necessário para que 95% da radiação solar seja interceptada, geralmente atingido quando as plantas fecham as entrelinhas. Já o IAF ótimo é o ponto em que o aumento da área foliar deixa de trazer ganhos significativos na fotossíntese líquida. O IAF ótimo será sempre maior que o crítico, pois considera o potencial máximo de conversão da radiação em energia para a planta.
Estudos da Equipe FieldCrops indicam que, para alcançar altas produtividades, o manejo do IAF deve ser ajustado com base nos grupos de maturidade relativa (GMR) das cultivares (Figura 2):
Valores de IAF superiores a 8,0 podem ser prejudiciais, pois o excesso de área foliar favorece o sombreamento entre plantas, reduz a radiação no terço inferior do dossel, aumenta o gasto energético no crescimento vegetativo e cria um ambiente propício para pragas e doenças, elevando os custos de manejo.
Em áreas com alto potencial produtivo, onde o solo é bem corrigido, os nutrientes estão equilibrados, não há deficiência hídrica e o controle de pragas é eficiente, o objetivo deve ser atingir um IAF máximo próximo a 6,0 durante o enchimento de grãos, o que possibilita alcançar produtividades de até 6,0 toneladas por hectare. Já em áreas com menor potencial produtivo, é necessário identificar e corrigir os fatores limitantes antes de buscar valores mais altos de IAF, sendo que índices entre 3,5 e 4,0 ainda são recomendados para essas condições.
O manejo adequado do índice de área foliar (IAF) é uma ferramenta estratégica para otimizar a produtividade da soja, pois reflete diretamente a eficiência da planta em aproveitar a radiação solar e convertê-la em matéria seca. Para alcançar resultados consistentes, é essencial selecionar cultivares adequadas, ajustar a densidade de plantas conforme a capacidade de ramificação e planejar a época de semeadura com base no zoneamento agrícola de risco climático (ZARC).
Tagliapietra, Eduardo L. et al. Ecofisiologia da soja: visando altas produtividades. 2. ed. Santa Maria, 2022.
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